terça-feira, julho 20

Desistência

A notícia da desistência de um falso candidato a alguma coisa só é notícia quando a mentira é erigida em valor apreciado no mercado da comunicação. Hoje foi notícia de destaque que um falso candidato a secretário geral do PS, José Lamego, desistiu.

Um dia escrevi, porque alguém me pediu, um texto para um livro de testemunhos de homenagem a Lamego. Um dia trágico, muitos anos atrás, na minha universidade, Ribeiro Santos foi assassinado pela PIDE. Lamego estava próximo e foi ferido. Eu tenho a minha parte nessa história mas fica para mim. Esta odisseia deu-lhe o estatuto de resistente à ditadura.

Acabou a fazer uma "comissão de serviço" no Iraque, a convite do seu amigo José Barroso, ao serviço da política do Sr. Bush. Desculpem a palavra, pouco diplomática, mas "odiei". Escreveu, semanas a fio, umas crónicas no Expresso das quais não li uma linha. É o género de político "biombo": só existe para esconder a realidade. É uma pena mas é assim mesmo que penso.

E não julguem que sou um anti- americano primário. Vejam o que sublinhei no livro de memórias de Jean Monnet (leitura de férias) acerca dos americanos na primeira guerra mundial: "Doravante, o transporte das tropas americanas tornava-se absolutamente prioritário. É certo que os Estados Unidos tinham declarado guerra à Alemanha a 6 de Abril de 1917, mas, no final de Março de 1918, os seus efectivos presentes na Europa não ultrapassavam trezentos e cinquenta mil homens. Ora, no dia do Armistício, estavam em França mais de dois milhões."

Eu conheço e reconheço o papel do povo norte americano na luta pela paz, pela democracia e liberdade. Mas nem sempre a gesta heróica dos homens e das nações, no passado, justificam os seus actos no presente. É o caso do lamentável Sr. Lamego

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