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Vi dois operários dignos revestidos em gangas puídas. Operários dos antigos. Os seus passos ressoam em meus ouvidos. A cadência antiga: peça a peça, rosca a rosca, brasa a brasa. Operários envergonhados entre colarinhos brancos. A fuligem assumida contra a pose esvaziada. Os dois operários carregavam nas mãos os sinais do cansaço. Caminhavam por entre paredes de vidro. Subiam aos andaimes. Sinalizavam as medidas. Cortavam o silêncio. Falavam a língua dos gestos sem palavras. Multicolores. Onde estão os operários que erguiam punhos? Transportavam dignidade nos braços ao longo do corpo. Caminhavam entre as futuras ruínas.
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