sexta-feira, julho 13

VOTO NO COSTA (II)

Volto a uma questão que já anteriormente abordei no início desta campanha eleitoral para a Câmara Municipal de Lisboa.

Trata-se da ideia, expendida por Vasco Pulido Valente, citada pelo Da Literatura, da derrota inexorável de António Costa e, por arrastamento, de Sócrates e do PS. E o que diz VPV, entre considerações próprias da vulgata populista anti partidos:

“A campanha para a câmara também é um aviso para o PS e o PSD. Por mal que se pense de Helena Roseta, o facto subsiste que ela revelou uma incomodidade básica do eleitorado socialista com o governo de Sócrates. Se o resto da esquerda aguentar o voto, o resultado provável de António Costa é uma derrota de consequência: e não exclusivamente para ele.”

A resposta a esta ideia, luminosa, de que o vencedor mais do que provável é o perdedor inevitável, pode resumir-se à consulta do histórico das eleições autárquicas em Lisboa no decurso da III República.

O PS só ganhou, concorrendo a solo, a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, nas primeiras eleições autárquicas, em 1976, elegendo Aquilino Ribeiro Machado. Nunca, em qualquer outra eleição, para a Câmara Municipal de Lisboa, no pós 25 de Abril, o PS ganhou a Presidência concorrendo sozinho.

Quer Jorge Sampaio, quer João Soares, foram eleitos presidentes da CML apoiados por coligações de esquerda, congregando o eleitorado do PS e do PCP, o que permite retirar a conclusão, simples e directa, que, caso António Costa, como todas as sondagens indicam, obtenha a maioria, simples ou absoluta, nestas eleições, será a segunda vez, que um candidato socialista é eleito presidente da CML apoiado, a solo, pelo PS.

Não enxergo onde se pode vislumbrar a derrota na vitória seja de quem for e muito menos em eleições democráticas que, caso sejam limpas, permitem ser declarado um vencedor nem que seja pela diferença de um voto. Ora, neste caso, o que é notável, quer pela história quer pela conjuntura política, é a unanimidade das sondagens apontando para uma vitória folgada de António Costa.

Onde está o problema? Vão proclamar a vitória da abstenção? Vão proclamar a vitória dos derrotados através da adição dos seus votos? O melhor é votar e esperar pelo resultado!
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2 comentários:

Unknown disse...

Não tem que ver com este teu post. mas é só para te dizer que hoje, por mero acaso "descobri" o Convento dos Meninos Orfãos, propriedade (entre outros) do Inatel e que, por sorte o Senhor Ramires (salvo erro) que dele trata nos deixou vistar partes hoje fechadas.Tu já lá estiveste (na tua altura de Presidente), disse-me ele

lorenzetti disse...

Continua o incompreensível direito de voto exclusivo em Lisboa dos residentes em Lisboa.

Sendo que residir em Lisboa é cada vez mais raro, como se sabe, relativamente ao número de pessoas que aí vivem todo o dia, porque aí trabalham, estudam, ou porque passam aí quase todo o seu tempo.

Todos aqueles que penam no IC19 ou na autoestrada Cascais-Lisboa ou na Ponte 25 de Abril, Vasco da Gama e afins passam o seu dia em Lisboa.

Muitas vezes mal conhecem o sítio onde vivem, desde os vizinhos a quem é o presidente da Câmara, para não falar no -- nunca soube quem é, nem de que partido é -- presidente da 'junta'.

No entanto, não votam em Lisboa.

A mesma Lisboa onde fazem tudo, onde gastam e ganham dinheiro, que conhecem melhor que o concelho onde vão dormir.

O que leva L. a pensar se os resultados eleitorais em Lisboa não serão injustos, errados e inúteis.

Pelo menos enquanto os universitários e restantes estudantes, e todos os que 'dormem' fora de Lisboa, que trabalham em Lisboa, aqueles cujo BI não diz Lisboa em 'residência', não votarem em Lisboa.

Porque vendo bem, são eles que vivem -- e que são -- a Capital.