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Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
sexta-feira, junho 20
UNIÃO EUROPEIA LEVANTA EMBARGO A CUBA
Thomas Dworzak - CUBA. Havana. March 2006. Ripped off government propaganda.
Uma transição pacífica para a democracia política em Cuba – que, pelo menos, aparentemente parece estar longe – não poderia sequer ser equacionada com a continuidade da política de sanções quer por parte da UE, quer dos Estados Unidos.
É mais fácil começar pela UE, com a Espanha na alinha da frente, mas Obama, caso seja eleito, também pode vir a influenciar, fortemente, a quebra do isolamento político de Cuba.
O regime cubano já deu mostras de estar disponível para encetar uma política de reformas pressionado pela situação de descontentamento, cada vez mais alargada, em sectores diversificados da sociedade cubana.
Para que essas reformas avancem e se aprofundem, nos planos económico e político, os embargos, sanções e medidas de isolamento, por parte de países ou blocos de países, não ajudam nada.
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Estados Unidos, Europa y los Derechos Humanos - Fidel desdenha da abertura política anunciada pela UE face a Cuba. Quererá Fidel que o mundo se renda às virtudes do seu regime? Advogue a aprovação de uma lei da liberdade de imprensa em Cuba ou uma amnistia para os presos políticos. Essas medidas básicas e elementares em qualquer abertura democrática. Não o faz e mesmo assim desdenha da abertura política anunciada pela UE!
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quinta-feira, junho 19
PORTUGAL 2 - ALEMANHA 3
Acabou a participação da selecção portuguesa no Europeu de Futebol. Neste jogo com a Alemanha parece ter faltado à selecção portuguesa algo mais do que o talento individual da maioria dos seus jogadores. Segue-se o Mundial de Futebol, na África do Sul, em 2010. Vamos continuar a ser fortes de bola mas a era Scolari acabou. Mais tarde será possível fazer todas as comparações. Neste momento poupo-me à ingratidão!
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VICTOR WENGOROVIUS
Um texto que escrevi em memória de Victor Wengorovius retomado pela Joana Lopes nos Caminhos da Memória.
A propósito de uma homenagem familiar que se realiza hoje e que a sua filha Marta apresenta assim:
Na rua
Vimos convidar para participar num encontro de registo de memórias e empatias de Victor Wengorovius. O encontro será realizado no Jardim do Príncipe Real, mais precisamente junto ao quiosque do Oliveira.
Escolhi um encontro para o meu pai ao ar livre por razões que a todos os que o conheceram devem fazer sorrir: na verdade procurava uma esquina, e uma esquina porque há uma estória de que gosto muito: conta a Sofia que um dia encontrou o pai numa esquina dentro do centro comercial das amoreiras, o centro estava cheio de gente e o pai estava tranquilamente numa esquina a ler um livro de poesia… (porque o pai sempre referiu este seu tão doce e forte mistério: sou nervoso por fora e calmo muito calmo por dentro - frase que repetiu até ao fim da sua vida)
Também a rua porque era natural, ao passear com meu o pai, encontrar pessoas na rua que o gostavam de ver e trocar estórias…Victor mudaste a minha vida é uma das frases que me lembro. Essa acção cívica penso que era parte da acção politica do meu pai.
Para não falar da estória da bomba de gasolina em que o senhor da bomba perguntava ” Dr. é para atestar ou para encostar? e dormitar…
Na rua para que o pai reparasse em tudo o que estava à sua roda sobretudo: as pessoas mas também as flores, os cães…
Com esse reparo, com essa atenção construiu ao longo de toda a vida um testemunho por contar que está dentro de cada um de nós.
O meu pai escrevia muito bem e com uma letra bonita, mas isso significava um uso do tempo que lhe roubaria tempo de vida visível, aquela que era feita de interacção e da qual ele não prescindia.
Através dessa vida visível, dessa vida acontecida ao vivo fez também o seu percurso político, e também este está por contar ou sobretudo por reunir e entender porque mais uma vez foi urgente viver a politica, faze-la acontecer mais do que escreve-la.
Penso que há também algumas originalidades nesse estar politico que com muito gosto quero registar neste encontro. Secalhar, assim como o pai não prescindia desse lado de acção (deixando a contemplação para ao seus tempos a sós onde fotografava velozmente em sequencias quase fílmicas tudo o que lhe despertava empatia, saboreava a vida, reflectia atenciosamente, lia, fazia sumos de laranja e apanhava todos os papelinhos que encontrava no chão, dobrava a roupa cuidadosamente como a Rita um dia me chamou atenção ao ver as fotografias tiradas pelo pai verifica-se e visualizasse esta atenção) também eu proponho como registo um registo visível e oral e em festa em detrimento de esperar anos pelo texto que não faremos tão cedo….
Assim peço que neste dia (onde o meu pai faria 71 anos) me passem para a câmara esta sequência, nunca organizada, de alguma dessas estórias que correspondem para mim à vida visível, activa do meu pai.
O meu pai deixou para todos nós esta ideia de um registo posterior, uma tarefa de realizar um puzzle (a sua vida politica como a de afectos foi vivida em peças) onde o fio à meada terá que ser descoberto por nós. E todos nós sabemos que a vida do meu pai nesse sentido está por contar… (de novo sobretudo por juntar) e que esse quase jogo implica um convívio entre nós, umas trocas de impressões (!) e que este faria todo o sentido ser a sua proposta a todos nós.
(1) Escreve o pai no seu livro de curso
A propósito de uma homenagem familiar que se realiza hoje e que a sua filha Marta apresenta assim:
Na rua
Vimos convidar para participar num encontro de registo de memórias e empatias de Victor Wengorovius. O encontro será realizado no Jardim do Príncipe Real, mais precisamente junto ao quiosque do Oliveira.
Escolhi um encontro para o meu pai ao ar livre por razões que a todos os que o conheceram devem fazer sorrir: na verdade procurava uma esquina, e uma esquina porque há uma estória de que gosto muito: conta a Sofia que um dia encontrou o pai numa esquina dentro do centro comercial das amoreiras, o centro estava cheio de gente e o pai estava tranquilamente numa esquina a ler um livro de poesia… (porque o pai sempre referiu este seu tão doce e forte mistério: sou nervoso por fora e calmo muito calmo por dentro - frase que repetiu até ao fim da sua vida)
Também a rua porque era natural, ao passear com meu o pai, encontrar pessoas na rua que o gostavam de ver e trocar estórias…Victor mudaste a minha vida é uma das frases que me lembro. Essa acção cívica penso que era parte da acção politica do meu pai.
Para não falar da estória da bomba de gasolina em que o senhor da bomba perguntava ” Dr. é para atestar ou para encostar? e dormitar…
Na rua para que o pai reparasse em tudo o que estava à sua roda sobretudo: as pessoas mas também as flores, os cães…
Com esse reparo, com essa atenção construiu ao longo de toda a vida um testemunho por contar que está dentro de cada um de nós.
O meu pai escrevia muito bem e com uma letra bonita, mas isso significava um uso do tempo que lhe roubaria tempo de vida visível, aquela que era feita de interacção e da qual ele não prescindia.
Através dessa vida visível, dessa vida acontecida ao vivo fez também o seu percurso político, e também este está por contar ou sobretudo por reunir e entender porque mais uma vez foi urgente viver a politica, faze-la acontecer mais do que escreve-la.
Penso que há também algumas originalidades nesse estar politico que com muito gosto quero registar neste encontro. Secalhar, assim como o pai não prescindia desse lado de acção (deixando a contemplação para ao seus tempos a sós onde fotografava velozmente em sequencias quase fílmicas tudo o que lhe despertava empatia, saboreava a vida, reflectia atenciosamente, lia, fazia sumos de laranja e apanhava todos os papelinhos que encontrava no chão, dobrava a roupa cuidadosamente como a Rita um dia me chamou atenção ao ver as fotografias tiradas pelo pai verifica-se e visualizasse esta atenção) também eu proponho como registo um registo visível e oral e em festa em detrimento de esperar anos pelo texto que não faremos tão cedo….
Assim peço que neste dia (onde o meu pai faria 71 anos) me passem para a câmara esta sequência, nunca organizada, de alguma dessas estórias que correspondem para mim à vida visível, activa do meu pai.
O meu pai deixou para todos nós esta ideia de um registo posterior, uma tarefa de realizar um puzzle (a sua vida politica como a de afectos foi vivida em peças) onde o fio à meada terá que ser descoberto por nós. E todos nós sabemos que a vida do meu pai nesse sentido está por contar… (de novo sobretudo por juntar) e que esse quase jogo implica um convívio entre nós, umas trocas de impressões (!) e que este faria todo o sentido ser a sua proposta a todos nós.
(1) Escreve o pai no seu livro de curso
quarta-feira, junho 18
"CUBA ME DÓI"
O Mauro Malin publicou no Museu da Pessoa uma entrevista que Yoani Sánchez lhe concedeu, via telefone. Traduziu-a para português e colocou-a à disposição de todos, com voz áudio. Tendo o Mauro descoberto que me interesso pela realidade de Cuba, e pela sua entrevistada, teve a amabilidade de me enviar uma mensagem de alerta. Obrigada. Vale a pena ler e/ou ouvir pois é uma bela reflexão acerca da vida e da política. Que viva!
Assim fala Yoani Sánchez: “No bairro muito humilde chamado Centro Havana, com uma mistura de marginalidade e gente do povo, onde nasci, cresci até os 15 anos. Tive uma adolescência feliz, tranqüila. Mas o fundamental de minha adolescência foram as aflições materiais, produto da crise econômica cubana.
A faculdade foi um período ao mesmo tempo difícil e lindo. Conheci meu marido, Reinaldo Escobar, e nasceu meu filho, Teo.
Em 2002, a asfixia econômica em Cuba e também a sensação de asfixia pela falta de liberdade me levaram a emigrar para a Suíça. Lá vivi dois anos. Para voltar a morar em Cuba, em 2004, tive que entrar como turista e destruir meu passaporte.
Na minha vida não tenho muitos paradigmas de pessoas importantes ou gente famosa. Ao contrário, sou permanentemente influenciada pelas pequenas pessoas – meus amigos, alguém que compõe uma canção, alguém que me conta algo na rua. E tenho também algumas premissas na vida. Uma delas é cada dia avançar um pouco mais na tolerância. A sociedade cubana necessita que os indivíduos aprendam a tolerar a diferença, as opiniões que não são similares às suas.
Não me agradam os apáticos. Meu país me dói. Se nada me importasse, se eu me alienasse de minha realidade, não escreveria as coisas que escrevo.
Em Cuba, respiramos política, comemos política. Eu me considero uma pessoa que é da sociedade civil, tratando de descrever como vive e de conectar-se com outras pessoas da sociedade civil. Claro, para o governo isso é oposição. Mas eu mesma não me defino como uma opositora.
A questão da comida é, no momento, uma preocupação geral dos cubanos. A maioria dos alimentos necessários para sobreviver não tem um preço correspondente aos salários.
Quase a cada minuto temos que transpor a linha entre a legalidade e a ilegalidade. Em Cuba, o mercado negro é muito importante para sobreviver.
Eu prefiro o anonimato, que nos permite criar com mais tranqüilidade, observar com mais objetividade. E penso que, se os políticos tivessem a intenção de ser mais anônimos, menos espetaculares, os problemas que temos se resolveriam melhor.
Tenho sonhos de viver numa Cuba plural, inclusiva, onde caibamos todos. Quero que meu filho encontre um espaço nesta Cuba onde hoje tantos jovens emigram, que ele não tenha que emigrar para ter uma profissão, para poder ter um teto próprio, manter sua família. Sonho que a sociedade civil cubana desperte, que não se deixe guiar por ideologia nem por líderes carismáticos, e que sinta que o país pertence à sociedade civil, que somos nós os responsáveis pelo que aqui se passa.”
Fiz por telefone uma entrevista de 40 minutos com Yoani Sánchez, no dia 13, depois de ler todos os tópicos de seu blogue. A conversa foi gravada, com autorização dela, e está reproduzida em seguida, dividida em treze partes, para facilitar a audição. Uma tradução para o português acompanha cada parte da gravação.
O segredo do blogue de Yoani Sánchez é que ela tem muito tempo para pensar e pouco tempo para colocar na internet o que escreve. Ou seja, muito tempo para pensar no que publica. Resultado: escreve pouco e bem.
Depois que se ouve essa jovem dizer que tem como premissa avançar a cada dia um pouco mais no caminho da tolerância, não será temerário prever que, seja qual for o desenlace da etapa castrista, Yoani Sánchez terá um papel relevante na sociedade cubana. Boa sorte.
Assim fala Yoani Sánchez: “No bairro muito humilde chamado Centro Havana, com uma mistura de marginalidade e gente do povo, onde nasci, cresci até os 15 anos. Tive uma adolescência feliz, tranqüila. Mas o fundamental de minha adolescência foram as aflições materiais, produto da crise econômica cubana.
A faculdade foi um período ao mesmo tempo difícil e lindo. Conheci meu marido, Reinaldo Escobar, e nasceu meu filho, Teo.
Em 2002, a asfixia econômica em Cuba e também a sensação de asfixia pela falta de liberdade me levaram a emigrar para a Suíça. Lá vivi dois anos. Para voltar a morar em Cuba, em 2004, tive que entrar como turista e destruir meu passaporte.
Na minha vida não tenho muitos paradigmas de pessoas importantes ou gente famosa. Ao contrário, sou permanentemente influenciada pelas pequenas pessoas – meus amigos, alguém que compõe uma canção, alguém que me conta algo na rua. E tenho também algumas premissas na vida. Uma delas é cada dia avançar um pouco mais na tolerância. A sociedade cubana necessita que os indivíduos aprendam a tolerar a diferença, as opiniões que não são similares às suas.
Não me agradam os apáticos. Meu país me dói. Se nada me importasse, se eu me alienasse de minha realidade, não escreveria as coisas que escrevo.
Em Cuba, respiramos política, comemos política. Eu me considero uma pessoa que é da sociedade civil, tratando de descrever como vive e de conectar-se com outras pessoas da sociedade civil. Claro, para o governo isso é oposição. Mas eu mesma não me defino como uma opositora.
A questão da comida é, no momento, uma preocupação geral dos cubanos. A maioria dos alimentos necessários para sobreviver não tem um preço correspondente aos salários.
Quase a cada minuto temos que transpor a linha entre a legalidade e a ilegalidade. Em Cuba, o mercado negro é muito importante para sobreviver.
Eu prefiro o anonimato, que nos permite criar com mais tranqüilidade, observar com mais objetividade. E penso que, se os políticos tivessem a intenção de ser mais anônimos, menos espetaculares, os problemas que temos se resolveriam melhor.
Tenho sonhos de viver numa Cuba plural, inclusiva, onde caibamos todos. Quero que meu filho encontre um espaço nesta Cuba onde hoje tantos jovens emigram, que ele não tenha que emigrar para ter uma profissão, para poder ter um teto próprio, manter sua família. Sonho que a sociedade civil cubana desperte, que não se deixe guiar por ideologia nem por líderes carismáticos, e que sinta que o país pertence à sociedade civil, que somos nós os responsáveis pelo que aqui se passa.”
Fiz por telefone uma entrevista de 40 minutos com Yoani Sánchez, no dia 13, depois de ler todos os tópicos de seu blogue. A conversa foi gravada, com autorização dela, e está reproduzida em seguida, dividida em treze partes, para facilitar a audição. Uma tradução para o português acompanha cada parte da gravação.
O segredo do blogue de Yoani Sánchez é que ela tem muito tempo para pensar e pouco tempo para colocar na internet o que escreve. Ou seja, muito tempo para pensar no que publica. Resultado: escreve pouco e bem.
Depois que se ouve essa jovem dizer que tem como premissa avançar a cada dia um pouco mais no caminho da tolerância, não será temerário prever que, seja qual for o desenlace da etapa castrista, Yoani Sánchez terá um papel relevante na sociedade cubana. Boa sorte.
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Parece que Fidel Castro, o próprio, já deu pela existência de Yoani Sanchez en Generación Y e esta, com suprema ironia, considera que a resposta ao dignitário é Cosas de hombres. Vai daí passa a palavra ao marido, o jornalista Reinaldo Escobar, que responde a Fidel: Sobre el tejado de vidrio . Isto está a aquecer!
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Cyd Charisse
Há imagens que habitam a nossa cabeça fazendo parte da nossa vida. Vá lá saber-se porquê a imagem da Cyd Charisse é uma daquelas que, desde há um ror de anos, habita a minha. Acho que sei a razão: sempre gostei de dança e de Music hall e Cyd Charisse fez parte da iniciação ao meu gosto pelo género.
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Bem me parecia que tinha o cromo de Cid Charisse (nº97) da "Colecção de 210 fotografias de artistas de cinema" - Cine-Foto - edição da Editorial Ibis. No verso da fotografia, de época, reza assim: "CID CHARISSE, nasceu em Amarillo, Texas, em 8 de Março de 1930. Fez parte da companhia de Ballet Russo, até que Hollywood a contratou para interpretar "Festa Brava". Foi considerada por Gene Kelly como das mais excepcionais bailarinas de todos os tempos."
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terça-feira, junho 17
segunda-feira, junho 16
INFLAÇÃO
Blaine Ellis
Poucos se lembrarão de um lema da propaganda do chamado “Estado Novo” que era qualquer como: “A verdade é só uma, Rádio Moscovo não fala verdade”. Vem isto a propósito do modelo de comunicação que, em todos os domínios, empurra a opinião pública num sentido único.
Está na moda assacar ao governo, e a Sócrates, todos os males do mundo e vai daí mesmo as boas notícias, para o país e para o governo, são embrulhadas no pacote único das más notícias. Veja-se o caso da notícia de hoje acerca da inflação. Qual é a notícia? Zona Euro: Inflação sobe em Maio para novo recorde de 3,7%, Portugal tem uma das menores taxas
É claro que tudo é relativo mas no que respeita à inflação, (Annual inflation (%) in May 2008), Portugal apresenta a 2ª mais baixa taxa de inflação (2,8%) de todos os países da UE. Este é um indicador muito relevante para avaliar a política de qualquer governo. Ou por ser favorável ao governo deixa de ser (muito) relevante?
Poucos se lembrarão de um lema da propaganda do chamado “Estado Novo” que era qualquer como: “A verdade é só uma, Rádio Moscovo não fala verdade”. Vem isto a propósito do modelo de comunicação que, em todos os domínios, empurra a opinião pública num sentido único.
Está na moda assacar ao governo, e a Sócrates, todos os males do mundo e vai daí mesmo as boas notícias, para o país e para o governo, são embrulhadas no pacote único das más notícias. Veja-se o caso da notícia de hoje acerca da inflação. Qual é a notícia? Zona Euro: Inflação sobe em Maio para novo recorde de 3,7%, Portugal tem uma das menores taxas
É claro que tudo é relativo mas no que respeita à inflação, (Annual inflation (%) in May 2008), Portugal apresenta a 2ª mais baixa taxa de inflação (2,8%) de todos os países da UE. Este é um indicador muito relevante para avaliar a política de qualquer governo. Ou por ser favorável ao governo deixa de ser (muito) relevante?
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PORTUGAL 0 - SUIÇA 2
Fotografia daqui
Não posso estar mais de acordo com a opinião de Mourinho. Este jogo com a Suíça não existiu. O República Checa- Turquia é que sim. Scolari, goste-se ou não se goste, não podia fazer outra coisa. Quinta-feira volto ao assunto. Espero que o adversário seja a Alemanha e não a Áustria.
Não posso estar mais de acordo com a opinião de Mourinho. Este jogo com a Suíça não existiu. O República Checa- Turquia é que sim. Scolari, goste-se ou não se goste, não podia fazer outra coisa. Quinta-feira volto ao assunto. Espero que o adversário seja a Alemanha e não a Áustria.
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domingo, junho 15
CAMINHOS DA MEMÓRIA
A partir de hoje foi colocado ao alcance de todos Caminhos da Memória cujo programa está contido, de forma sintética, no post inaugural do qual transcrevo, a seguir, uma parte. Trata-se de um projecto muito interessante com incidência numa área menosprezada e maltratada entre nós: a memória. Os meus agradecimentos pelo convite para colaborar, pontualmente, no projecto, a que acedi com muito gosto, e pelo link.
Caminhos da Memória é um blogue que pretende dar voz a formas de lembrar, de evocar e de interpretar o passado, recorrendo a leituras contemporâneas da história e da memória.
Procurará fazê-lo recorrendo a diferentes formulações que se coadunem com as características específicas da blogosfera e que ajudem a desenhar percursos para redescobrir os legados que recebemos do país e do mundo.
Incluirá também informação sobre documentos, livros, filmes e eventos relacionados com os objectivos que nos propomos perseguir, bem como ligações a instituições, publicações e blogues que privilegiem temas ligados à memória e à história.
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Caminhos da Memória é um blogue que pretende dar voz a formas de lembrar, de evocar e de interpretar o passado, recorrendo a leituras contemporâneas da história e da memória.
Procurará fazê-lo recorrendo a diferentes formulações que se coadunem com as características específicas da blogosfera e que ajudem a desenhar percursos para redescobrir os legados que recebemos do país e do mundo.
Incluirá também informação sobre documentos, livros, filmes e eventos relacionados com os objectivos que nos propomos perseguir, bem como ligações a instituições, publicações e blogues que privilegiem temas ligados à memória e à história.
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OS DONOS DO ALHEIO
Dando como verdadeira a notícia estamos perante uma medida que nenhum cidadão de bom senso entenderá. Por este caminho estamos a chegar ao ponto em que a obrigação de pagar as contas se constituirá como um ónus insuportável para os cidadãos cumpridores. A partir daqui é a lei da selva através da qual os vigaristas, por via das entidades reguladoras, alcançam o paraíso. Ou o governo põe cobro, rapidamente, ao dislate ou, em nome da defesa das grandes companhias, se suicidará politicamente.
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sábado, junho 14
O DR. PORTAS E A IMIGRAÇÃO
O Dr. Portas devia estar a referir-se ao Sr. Scolari quando afirmou que “Portugal só deve acolher aqueles que pode integrar”. Em Portugal a imigração não é, ao contrário de outros países, um problema grave o que é um problema para o Dr. Portas.
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sexta-feira, junho 13
REFLEXÃO DE 6ª FEIRA 13
Basta olhar para as medidas que o governo espanhol acaba de tomar. Os portugueses esperam que o governo tome um conjunto de medidas que constituam uma resposta estruturada à crise económico-social que o aumento do preço dos combustíveis está a acelerar e aprofundar. Não basta um plano de investimentos públicos e privados – que tem efeitos de longo prazo – é necessário a tomada de medidas que atenuem, de forma efectiva e imediata, a perda do rendimento disponível das famílias e da liquidez das empresas.
Por muito que o governo possa argumentar que as medidas fundamentais, em particular no plano social, já foram tomadas ninguém as vislumbrará no meio de uma avalanche de movimentos reivindicativos envolvendo todos os sectores da actividade económica. O governo está a ser confrontado com a economia real, através dos seus agentes, e não já pelas chamadas corporações. Se a postura do governo continuar a ser meramente defensiva, face a uma crise de longa duração, como parece ser o caso, está condenado à derrota.
É preciso que o governo passe à ofensiva desenvolvendo um plano de ataque à crise sustentado em medidas perceptíveis como necessárias e justas: para isso talvez seja necessário um novo olhar sobre as contas públicas, a politica fiscal e o modelo de gestão do orçamento; a salvaguarda dos compromissos assumidos, no âmbito da UE, com o máximo aproveitamento das suas margens de flexibilidade e, quiçá, uma remodelação governamental com vista a restaurar a confiança na capacidade do governo para enfrentar uma situação nova com a aplicação de medidas novas.
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FERNANDO PESSOA
Carta a Adolfo Casais Monteiro
Por ocasião da passagem do 120º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa transcrevo, no Caderno de Poesia, a parte final da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, datada de 14 de Janeiro de 1935. Pode ser lida, na íntegra, no site de poesias coligidas de F E R N A N D O P E S S O A (edição bilingue português/espanhol).
Por ocasião da passagem do 120º aniversário do nascimento de Fernando Pessoa transcrevo, no Caderno de Poesia, a parte final da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, datada de 14 de Janeiro de 1935. Pode ser lida, na íntegra, no site de poesias coligidas de F E R N A N D O P E S S O A (edição bilingue português/espanhol).
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quinta-feira, junho 12
A PAIXÃO PELO FUTEBOL
Tanta pasión bien merece una recompensa. É com esta frase que fecha o artigo do El Pais que, hoje, retrata a paixão dos portugueses pela selecção. Gosto de saber como nos vêem de fora pois sei como nos vemos, a nós próprios, cá dentro. O tempo de exposição mediática da selecção é excessivo? Talvez! Mas esperem pelos incêndios florestais agora que o calor aperta e os camionistas saíram de cena regressando à estrada. Prefiro ver o ecrã cheio com o sorriso de Ronaldo, depois de marcar um golo, às imagens, repetidas dos crimes, agruras e calamidades que, no nosso tempo, a televisão diviniza. A paixão pelo futebol é uma das últimas muralhas que a comunidade, nos “países do futebol”, é capaz de levantar contra o desespero. Tentar suster ou rasurar essa paixão é uma tarefa inglória e todos sabemos como os excessos da paixão são a sua própria essência.
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O FIM DO DIA
Adam Jahiel
Leio nas notícias e vou consultar a fonte: ANTRAM alcança acordo e apela ao retomar da actividade·
A partir deste momento as acções dos piquetes que promovem a paralisação, a terem continuidade, serão um mero caso de ordem pública.
Leio nas notícias e vou consultar a fonte: ANTRAM alcança acordo e apela ao retomar da actividade·
A partir deste momento as acções dos piquetes que promovem a paralisação, a terem continuidade, serão um mero caso de ordem pública.
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quarta-feira, junho 11
GUARDIOLA
No post O jogador de futebol, no Auto-retrato, faz-se referência a Pep Guardiola, que foi um grande jogador e, ao mesmo tempo, ao que parece, um leitor de livros. Talvez valha a pena lembrar que Guardiola acaba de ascender a treinador principal do Barcelona. A propósito reparei que, naquelas reportagens que a SIC dedicou aos jogadores da selecção, Cristiano Ronaldo, ou a produção, fez passar uma sequência em que mostra o seu recente interesse pela leitura de livros…. Aquela pequena sequência vale por todo um programa de promoção da leitura!
CAVALOS À SOLTA
A vida em comunidade nem sempre é um mar de rosas. Certamente que ninguém, em seu perfeito juízo, prefere a guerra à paz, a confrontação à concórdia. Mas a democracia representativa, regime em que vivemos, após décadas de ditadura e duros confrontos, no período pós 25 de Abril, foi uma escolha consciente do povo português através de eleições livres. Nada obsta, no entanto, a que hajam manifestações de divergência e descontentamento, no pleno exercício da liberdade a duras penas conquistada.
Convém, no entanto, que todos os cidadãos, no exercício da liberdade, passado o período de aprendizagem das regras do regime democrático, respeitem a liberdade dos outros. Banal! Acontece que, a propósito do caso da paralisação dos camionistas, em noticiários e debates, através de comentaristas encartados, como é o caso do inefável Luís Delgado, se ouvem as maiores barbaridades.
Os camionistas de que se fala são, em primeiro lugar, os patrões e não os trabalhadores; a paralisação da frota não é, portanto, uma greve mas antes, pelas suas características, um lockout; o lockout é proibido pela constituição da república; as manifestações pró paralisação, a que temos vindo a assistir, são levadas a cabo à revelia da ANTRAM, associação patronal representativa do sector; a paralisação, goste-se dela ou não, tem os seus fundamentos, quais sejam, genericamente, o agravamento das condições de exploração do negócio do transporte rodoviário de mercadorias.
Apesar das variadas razões que assistem aos seus promotores, particularmente originadas no aumento do preço dos combustíveis, esta paralisação enquadra-se na categoria das manifestações “selvagens”, ou seja, realiza-se fora de qualquer enquadramento legal e associativo; trata-se, portanto, de uma paralisação ilegal que visa impedir a livre circulação de pessoas e bens ameaçando, como é público e notório, além do regular funcionamento da economia do país, a liberdade e a integridade física dos próprios promotores e daqueles que não queiram aderir à paralisação.
À direita reina um discreto regozijo, espécie de vingança póstuma face ao chamado buzinão da ponte 25 de Abril, de 1994; à esquerda, no campo do PCP e do BE, balbuciam-se umas vacuidades a meio caminho entre o apoio à paralisação e o receio das consequências futuras desse apoio. (O que pensará Manuel Alegre disto tudo?) Se não for alcançado, rapidamente, um acordo razoável, que ponha fim às manifestações “selvagens”, não pondo os contribuintes a pagar a ineficiência da maior parte da indústria de transporte de mercadorias, vamos ter um problema complexo, nos planos político e logístico. E, provavelmente, pancada da grossa.
Aí os que, hoje, clamam contra a passividade do governo face aos desordeiros, contra a incapacidade de Sócrates, (afinal um fraco!) para impor o cumprimento das leis do estado democrático de direito, vão virar-se contra ele apelidando-o de autoritário, quiçá, uma vez mais, de fascista. Se o que estiver em causa forem mesmo, comprovadamente, as liberdades públicas ao governo não restará outra alternativa senão tratar de as repor. Mas, neste conflito, como em todos os outros, mais vale um mau acordo do que uma boa demanda. É o que se deseja que aconteça, com razoabilidade, nas próximas 48 horas!
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terça-feira, junho 10
DIA DE PORTUGAL
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Luís de Camões
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;
O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
Luís de Camões
Sonetos da Edição de D. António Álvares da Cunha, de 1668
In Lírica – Terceiro Volume das Obras Completas - Círculo de Leitores
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segunda-feira, junho 9
"A RAÇA"
“A raça”! Estes pequenos sinais são para levar a sério? Pareceu-me que o Presidente da Republica mostrou uma sua característica particular: lida mal com a pressão. Quando os jornalistas lhe quiseram arrancar um comentário – e insistiram – acerca da paralisação dos patrões camionistas saiu-lhe uma palavra (“raça”) seguida de uma frase, (“o dia da raça”) fora do contexto, infeliz e despropositada. Sobreveio uma memória mais antiga! Bom assunto para os psicanalistas. Ora, para os mais distraídos, o “dia da raça” era a designação do “dia de Portugal” nos tempos da outra senhora, da ditadura que, no nosso país, bondosamente, costumamos chamar por “estado novo”! Somos muito dados a estas bondades perante os inimigos da liberdade! E muitos (novos e velhos) ainda por aí passeiam impunes! Felizmente que a democracia é, pela sua natureza, tolerante mesmo para com as gafes do mais alto magistrado da nação que devia zelar, acima de todos, por ela. Neste caso não zelou e deve levar uma repreensão registada. Pelo menos aqui. Não vale grande coisa mas sempre me permite cumprir com um dever de cidadania activa. Desta vez de acordo com o BE. Se fosse o primeiro-ministro Sócrates o autor da gafe caía o Carmo e a Trindade (a Trindade?). E os patrões camionistas, se a paralisação chegar até 4ª feira, o que vão fazer quando chegar a hora do jogo Portugal-República Checa para o europeu? Acho que o acordo vai ser anunciado um tempinho antes do jogo. Mera curiosidade!
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FUTEBOL- "FLUXO" E RESISTÊNCIA (de novo)
Peter Marlow – Hélder Postiga
Publiquei, em Outubro de 2007, Sob o título FUTEBOL – “FLUXO” E RESISTÊNCIA, um artigo de opinião que vem muito a propósito da presente época na qual o futebol surge no lugar cimeiro de todas as notícias.
O futebol é uma paixão antiga que vem dos tempos da minha meninice, sendo, ao mesmo tempo, um fenómeno que suscita debate, e reflexão, permitindo abordagens que vão bastante além do terreno linear do “pega ou larga”, da cega paixão ou da diabólica recusa.
Transcrevo o artigo, em referência, na sua versão original:
"Tout ce que je sais de plus sûr à propos de la moralité et des obligations des hommes, c'est au football que je le dois.” - Albert Camus
Scolari e Mourinho, treinadores de futebol, representam, no imaginário popular, o desejo de lideranças fortes, mobilizando ódios e paixões, criando expectativas de vitórias que redimam a honra de comunidades, povos e nações.
Nenhum outro fenómeno, senão o futebol, na maior parte dos países, regiões e continentes, mobiliza o interesse de tanta gente, sem distinção de idades, raças, credos, estatutos sociais ou económicos.
É um fenómeno paradigmático em que o jogo – actividade de lazer – se transformou num espectáculo de massas que, não deixando de criar a ilusão do jogo, deu origem, nas sociedades contemporâneas, a um “fluxo futebolístico” no qual o que se consome é o próprio fluxo.
O futebol como fenómeno de massas, mediatizado, suscitando rivalidades e lutas de claques fanáticas, mobilizando meios financeiros vultuosos, alimentando ilusões de vitórias e alentando nacionalismos serôdios, é um fluxo que combina o “fluxo do ter”, ”da informação”, “do ver”, ”do “ soletrar”, do “viajar”.
Os sujeitos do espectáculo, do “fluxo futebolístico”, os jogadores mas também os treinadores/seleccionadores, deixaram de ser os senhores da sua vontade, entregues às regras de um mercado com leis próprias; os mediadores da informação deixaram de se compadecer com a “notabilidade” dos factos e preocupam-se em estimular a capacidade de efabulação das massas; as vitórias e as derrotas deixaram de ser o “resultado do jogo” mas o acontecimento mais ou menos forjado destinado a alimentar o fluxo.
Não que tenha deixado de existir o jogo autêntico – presente no futebol amador e noutras modalidades – mas este passou à categoria de resíduo social, lugar de resistência, só, plena e pontualmente reconhecido, no plano do fluxo, quando é, ao mesmo tempo, o lugar da tragédia... a queda de uma baliza esmagando o jovem,... ou o sacrifício exultante dos amadores de uma selecção de “rugby” enfrentando uma luta desigual na qual ocuparam, no palco mediático global, o papel de resistentes.
O fluxo subjuga o jogo, que se transforma no próprio fluxo, mas não elimina as manifestações de resistência em que o jogo autêntico persiste.
Desde a “Ilha da Culatra”, no meu Algarve, às mais pequenas ilhas dos Açores, desde as pequenas colectividades recreativas às grandes empresas, desde as escolas às ruas, o “fluxo futebolístico” encontra a sua réplica em milhares de resistentes que, apagados da ribalta mediática, são o outro lado de uma realidade humana que persiste em não se deixar apagar.
Scolari e Mourinho deixarão, um dia, de ser actualidade, mas o “fluxo futebolístico” vai persistir, e o seu outro lado, o jogo autêntico, resistirá em todo o mundo, bastando para tal que hajam jogadores e um objecto simples, mais ou menos arredondado, no qual se possam dar pontapés.
O tema do futebol é fascinante, além do mais, porque nos faz ir em busca de explicações para uma paixão que, avant la lettre, Camus intuía, a partir da sua própria experiência, exercer uma influência mobilizadora das grandes massas, lugar de “alienação” mas, ao mesmo tempo, de resistência cuja influência social a pura razão dificilmente apreende.
Publiquei, em Outubro de 2007, Sob o título FUTEBOL – “FLUXO” E RESISTÊNCIA, um artigo de opinião que vem muito a propósito da presente época na qual o futebol surge no lugar cimeiro de todas as notícias.
O futebol é uma paixão antiga que vem dos tempos da minha meninice, sendo, ao mesmo tempo, um fenómeno que suscita debate, e reflexão, permitindo abordagens que vão bastante além do terreno linear do “pega ou larga”, da cega paixão ou da diabólica recusa.
Transcrevo o artigo, em referência, na sua versão original:
"Tout ce que je sais de plus sûr à propos de la moralité et des obligations des hommes, c'est au football que je le dois.” - Albert Camus
Scolari e Mourinho, treinadores de futebol, representam, no imaginário popular, o desejo de lideranças fortes, mobilizando ódios e paixões, criando expectativas de vitórias que redimam a honra de comunidades, povos e nações.
Nenhum outro fenómeno, senão o futebol, na maior parte dos países, regiões e continentes, mobiliza o interesse de tanta gente, sem distinção de idades, raças, credos, estatutos sociais ou económicos.
É um fenómeno paradigmático em que o jogo – actividade de lazer – se transformou num espectáculo de massas que, não deixando de criar a ilusão do jogo, deu origem, nas sociedades contemporâneas, a um “fluxo futebolístico” no qual o que se consome é o próprio fluxo.
O futebol como fenómeno de massas, mediatizado, suscitando rivalidades e lutas de claques fanáticas, mobilizando meios financeiros vultuosos, alimentando ilusões de vitórias e alentando nacionalismos serôdios, é um fluxo que combina o “fluxo do ter”, ”da informação”, “do ver”, ”do “ soletrar”, do “viajar”.
Os sujeitos do espectáculo, do “fluxo futebolístico”, os jogadores mas também os treinadores/seleccionadores, deixaram de ser os senhores da sua vontade, entregues às regras de um mercado com leis próprias; os mediadores da informação deixaram de se compadecer com a “notabilidade” dos factos e preocupam-se em estimular a capacidade de efabulação das massas; as vitórias e as derrotas deixaram de ser o “resultado do jogo” mas o acontecimento mais ou menos forjado destinado a alimentar o fluxo.
Não que tenha deixado de existir o jogo autêntico – presente no futebol amador e noutras modalidades – mas este passou à categoria de resíduo social, lugar de resistência, só, plena e pontualmente reconhecido, no plano do fluxo, quando é, ao mesmo tempo, o lugar da tragédia... a queda de uma baliza esmagando o jovem,... ou o sacrifício exultante dos amadores de uma selecção de “rugby” enfrentando uma luta desigual na qual ocuparam, no palco mediático global, o papel de resistentes.
O fluxo subjuga o jogo, que se transforma no próprio fluxo, mas não elimina as manifestações de resistência em que o jogo autêntico persiste.
Desde a “Ilha da Culatra”, no meu Algarve, às mais pequenas ilhas dos Açores, desde as pequenas colectividades recreativas às grandes empresas, desde as escolas às ruas, o “fluxo futebolístico” encontra a sua réplica em milhares de resistentes que, apagados da ribalta mediática, são o outro lado de uma realidade humana que persiste em não se deixar apagar.
Scolari e Mourinho deixarão, um dia, de ser actualidade, mas o “fluxo futebolístico” vai persistir, e o seu outro lado, o jogo autêntico, resistirá em todo o mundo, bastando para tal que hajam jogadores e um objecto simples, mais ou menos arredondado, no qual se possam dar pontapés.
O tema do futebol é fascinante, além do mais, porque nos faz ir em busca de explicações para uma paixão que, avant la lettre, Camus intuía, a partir da sua própria experiência, exercer uma influência mobilizadora das grandes massas, lugar de “alienação” mas, ao mesmo tempo, de resistência cuja influência social a pura razão dificilmente apreende.
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MOUTINHO
Portugal es Moutinho
Gosto de percorrer os media internacionais para conhecer alguma coisa do mundo. No caminho também se aprende como os outros nos vêem a nós, no caso, acerca do talento individual ao serviço do colectivo. Vale para tudo, na vida dos indivíduos e das colectividades, para quem quiser entender a força do futebol como fenómeno de massas.
Gosto de percorrer os media internacionais para conhecer alguma coisa do mundo. No caminho também se aprende como os outros nos vêem a nós, no caso, acerca do talento individual ao serviço do colectivo. Vale para tudo, na vida dos indivíduos e das colectividades, para quem quiser entender a força do futebol como fenómeno de massas.
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domingo, junho 8
HUMBERTO DELGADO (VII)
As eleições presidenciais de 1958 disputaram-se no domingo, dia 8 de Junho, passam hoje exactamente 50 anos. A campanha eleitoral da candidatura presidencial de Humberto Delgado encerrou a 4 de Junho, de forma apoteótica, em Beja mas ao contrário do que sempre tinha acontecido, em anteriores eleições presidenciais, em ditadura, Humberto Delgado, fez questão de levar a sua candidatura até às urnas. E assim foi.
Delgado queria mostrar ao país, e ao mundo, que as eleições em Portugal eram uma farsa e, mais do que isso, estava determinado a criar um movimento que abrisse portas à implantação de uma democracia em Portugal.
“Nos três dias que faltavam até ao acto eleitoral de domingo, circulou de mão em mão uma proclamação final de Humberto Delgado aos portugueses, encorajando-os a votar: “Apesar dos assaltos e das prisões; apesar da violência e das agressões; apesar de violarem e encerrarem as nossas sedes; apesar das intimidações, dos insultos, e prepotências de que, sempre e redobradamente nos últimos dias, temos sido passivos; apesar da censura e das injustiças; apesar de se preparar uma burla eleitoral de que somos vitimas, eu – por tudo e por isso mesmo – vos convido a seguir comigo o nosso destino comum. Às urnas, amigos! Lutemos de forma a desmascarar os traidores e os cobardes, aqueles que cometeram e vão cometer ilegalidades constitucionais, aqueles que são inimigos do Povo e dos princípios cristãos! Às urnas, cidadãos!”
No próprio dia da votação, 8 de Junho de 1958, o penúltimo acto da farsa eleitoral salazarista foi a publicação de um decreto governamental que proibia a fiscalização das assembleias de voto por elementos da oposição. (…)
Ao deslocar-se com Maria Iva ao Liceu Camões, para votar, Humberto Delgado foi alvo de uma derradeira apoteose popular. À saída, foi levado em ombros como em plena campanha eleitoral e envolvido em gritos de “Humberto! Humberto! Humberto!”. A cena foi filmada – e essas são raríssimas imagens em movimento das eleições de 1958.”
[Transcrições, a bold, de “Humberto Delgado – Biografia do General Sem Medo”. Omiti as notas que remetem para as fontes. Continua.]
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sábado, junho 7
PORTUGAL 2 - TURQUIA 0
Num país que parece mais fadado para chorar as desgraças do que para apreciar o trabalho dos seus melhores aqui ficam as crónicas do espanhol El Pais e do sítio da UEFA acerca do Portugal 2 - Turquia 0. Foi só uma vitória mas de uma selecção de luxo que contribui para colocar Portugal nas bocas do mundo por boas razões. Foi acima de tudo uma equipa cheia de surpresas agradáveis. Uma esperança e uma alegria!
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A BANDEIRA E O HINO
O fenómeno futebolístico, desprezado por uns, idolatrado por outros, permitiu que os símbolos nacionais sejam do conhecimento geral. A bandeira e o hino de Portugal entraram no quotidiano dos portugueses, nos últimos anos, através do desempenho internacional da selecção nacional de futebol. É essa realidade que dentro de momentos vai ter mais uma representação em Genebra. Boa sorte!
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sexta-feira, junho 6
Le salut par un Noir
Jean Daniel - Le Nouvel Observateur
(…)
Ce qui empêche toute spéculation pessimiste sur les Etats-Unis, c'est que l'affrontement aux élections primaires d'une femme et d'un Noir a montré au monde que les Etats-Unis peuvent rester le pays du changement. Selon le titre d'un livre célèbre, il y a même chez les Américains une «tradition du changement». L'avenir, pour eux, ce n'est pas conserver, c'est adapter ou innover. Quand bien même, d'ailleurs, changeraient-ils de mentalité, les Américains ne sont plus maîtres d'une certaine évolution, notamment démographique. La population américaine a changé. Le nombre de Blancs d'origine européenne décline au fur et à mesure que celui des Hispaniques et des Asiatiques augmente. La seule chose qui pourrait dans l'avenir les rattacher à l'ancien monde, c'est la prédiction de Samuel Huntington dans son «Choc des civilisations», à savoir que le plus grand danger sera constitué par une alliance islamo-confucéenne entre les Chinois et les musulmans contre l'Occident. Mais Barack Obama a déclaré que c'était précisément contre une si funeste éventualité qu'il se battrait.
(…)
Ce qui empêche toute spéculation pessimiste sur les Etats-Unis, c'est que l'affrontement aux élections primaires d'une femme et d'un Noir a montré au monde que les Etats-Unis peuvent rester le pays du changement. Selon le titre d'un livre célèbre, il y a même chez les Américains une «tradition du changement». L'avenir, pour eux, ce n'est pas conserver, c'est adapter ou innover. Quand bien même, d'ailleurs, changeraient-ils de mentalité, les Américains ne sont plus maîtres d'une certaine évolution, notamment démographique. La population américaine a changé. Le nombre de Blancs d'origine européenne décline au fur et à mesure que celui des Hispaniques et des Asiatiques augmente. La seule chose qui pourrait dans l'avenir les rattacher à l'ancien monde, c'est la prédiction de Samuel Huntington dans son «Choc des civilisations», à savoir que le plus grand danger sera constitué par une alliance islamo-confucéenne entre les Chinois et les musulmans contre l'Occident. Mais Barack Obama a déclaré que c'était précisément contre une si funeste éventualité qu'il se battrait.
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A CADEIRA DO PODER
Charlize Theron
A história das divisões na esquerda é antiga, repleta de disputas fratricidas, mal entendidos, alianças e cisões, inimizades e rompimentos, ódios e ressentimentos. Basta puxar um pouquinho pela memória e logo nos lembraremos de inenarráveis acontecimentos nos quais está presente toda esta panóplia de fenómenos do “mal-estar” no interior da própria esquerda os quais resultam, em boa medida, da sua difícil relação com o exercício do poder. Fora do governo a esquerda parece que se reencontra consigo própria. É o que deixa passar a mensagem de Alegre. O governo assenta bem à direita e a oposição assenta bem à esquerda. Mas para que servirá a esquerda, em democracia, se não for capaz de assumir as dificuldades de governar. Se não for capaz de resistir aos apelos do imaginário da esquerda tradicional que a coloca sempre no lugar da resistência?
A história das divisões na esquerda é antiga, repleta de disputas fratricidas, mal entendidos, alianças e cisões, inimizades e rompimentos, ódios e ressentimentos. Basta puxar um pouquinho pela memória e logo nos lembraremos de inenarráveis acontecimentos nos quais está presente toda esta panóplia de fenómenos do “mal-estar” no interior da própria esquerda os quais resultam, em boa medida, da sua difícil relação com o exercício do poder. Fora do governo a esquerda parece que se reencontra consigo própria. É o que deixa passar a mensagem de Alegre. O governo assenta bem à direita e a oposição assenta bem à esquerda. Mas para que servirá a esquerda, em democracia, se não for capaz de assumir as dificuldades de governar. Se não for capaz de resistir aos apelos do imaginário da esquerda tradicional que a coloca sempre no lugar da resistência?
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quinta-feira, junho 5
UM DIA ...
O perigo de entregar o poder a fanáticos, seja qual for a sua ideologia, ou religião, é que de um dia para o outro o mundo pode desabar sobre as nossas cabeças. E esta notícia mostra-nos, certamente, só a ponta do iceberg.
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ALEGRE (II)
Fotografia daqui
Devo esclarecer que nada me move contra Manuel Alegre que foi, aliás, para mim, como para tantos portugueses da minha geração, uma referência forte na resistência ao estado novo. Mas quando os artistas, de qualquer disciplina, se metem nos caminhos da política activa ponho-me em guarda!
A recente arrancada de Manuel Alegre em confronto com a direcção do PS, e do Governo por ele suportado, não é inocente. Ele lá sabe as linhas com que se coze. Mas achei-o demasiado azedo para os primórdios de uma campanha presidencial “à la longue” e demasiado polémico para uma manobra de força tendo em vista a repartição interna de poderes “à la carte”.
Pura ostentação de um esquerdismo tardio? Antecipação de oposição a um governo de “bloco central”, pós legislativas de 2008? Em qualquer caso, contra as minhas expectativas, depois da sessão do Trindade, a dissidência de Alegre parece irreversível!
Tenho a convicção que hoje, à vista da evolução do mundo e, em particular, da Europa, talvez seja preferível um PS de centro/esquerda a um outro PS qualquer que, não sei com quem, de forma séria, se teria de arranjar para formar governo. Pois é do exercício do poder que estamos a falar e não da organização de saraus culturais.
Acho que o PCP é a única força política da esquerda com sabedoria, histórica e prática, para entender isso. Não é por acaso que se não envolveu na aventura do Trindade. O PCP só se envolve em aventuras se caído em desespero, no fim do caminho, ou arrastado por acontecimentos imprevisíveis, deixando, mesmo assim, sempre uma porta aberta para retroceder em boa ordem. É uma tradição que vem de longe.
Manuel Alegre faz-me lembrar Humberto Delgado sem as estrelas do jovem general e sem a ditadura de Salazar do outro lado! Sem ditadura do outro lado, e sem tropas do seu, o “general” Alegre corre o risco de bivacar no campo do “bloco de esquerda”, ou seja, numa futura “terra de ninguém”.
Devo esclarecer que nada me move contra Manuel Alegre que foi, aliás, para mim, como para tantos portugueses da minha geração, uma referência forte na resistência ao estado novo. Mas quando os artistas, de qualquer disciplina, se metem nos caminhos da política activa ponho-me em guarda!
A recente arrancada de Manuel Alegre em confronto com a direcção do PS, e do Governo por ele suportado, não é inocente. Ele lá sabe as linhas com que se coze. Mas achei-o demasiado azedo para os primórdios de uma campanha presidencial “à la longue” e demasiado polémico para uma manobra de força tendo em vista a repartição interna de poderes “à la carte”.
Pura ostentação de um esquerdismo tardio? Antecipação de oposição a um governo de “bloco central”, pós legislativas de 2008? Em qualquer caso, contra as minhas expectativas, depois da sessão do Trindade, a dissidência de Alegre parece irreversível!
Tenho a convicção que hoje, à vista da evolução do mundo e, em particular, da Europa, talvez seja preferível um PS de centro/esquerda a um outro PS qualquer que, não sei com quem, de forma séria, se teria de arranjar para formar governo. Pois é do exercício do poder que estamos a falar e não da organização de saraus culturais.
Acho que o PCP é a única força política da esquerda com sabedoria, histórica e prática, para entender isso. Não é por acaso que se não envolveu na aventura do Trindade. O PCP só se envolve em aventuras se caído em desespero, no fim do caminho, ou arrastado por acontecimentos imprevisíveis, deixando, mesmo assim, sempre uma porta aberta para retroceder em boa ordem. É uma tradição que vem de longe.
Manuel Alegre faz-me lembrar Humberto Delgado sem as estrelas do jovem general e sem a ditadura de Salazar do outro lado! Sem ditadura do outro lado, e sem tropas do seu, o “general” Alegre corre o risco de bivacar no campo do “bloco de esquerda”, ou seja, numa futura “terra de ninguém”.
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IGUALDADE
Pedro Lomba, no Diário de Notícias, escreve: JÁ QUE FALAM DE IGUALDADE. Mais coisa, menos coisa, poderia escrever o mesmo. À direita, e em certa esquerda, reina um grande equívoco na apreciação das aquisições do estado social, em particular, na Europa.
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quarta-feira, junho 4
ALEGRE
Há uma chamada esquerda do PS que é a esquerda e a direita de si própria. O seu lugar situa-se algures entre o passado o presente e o futuro. O seu passado é republicano laico e socialista, o seu presente é ser “do contra” e o seu futuro é admirar o seu passado. Há uma esquerda do PS que se move em torno de princípios que estão enunciados em tábuas antigas, prossegue lutas em prol das conquistas da história e nutre a crença que há sempre uma porta entreaberta para o futuro. Há uma chamada esquerda do PS que sempre encarnou as dores do parto de uma esquerda nova. Geme, trina, sentencia, pontua, comunica, compunge-se, chora e, na versão popular, acena lenços brancos nas bancadas.
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JORGE DE SENA - pelo 30º aniversário da sua morte
[Lisboa, 2 de Novembro de 1919 - Santa Barbara, Califórnia, 4 de Junho de 1978]
Quisera adormecer
como a criança acorda,
à beira de outro tempo, que é o nosso.
Só quero o que não posso.
8/4/53
Em finais de 1979, não sei precisar a razão, interessei-me por conhecer a obra de Jorge de Sena. Talvez tenha sido a memória, muito viva, que retive do seu empolgante discurso na cerimónia realizada, na Guarda, no dia 10 de Junho de 1977. Talvez tenha sido o resultado da busca de refúgio para as dores de uma ruptura amorosa; talvez tenha sido a necessidade de me reencontrar com a obra de artistas que, tal como Camus, fizeram do culto pela liberdade o seu lema de vida.
Hoje preocupam-me os sinais da ascensão de novas formas de autoritarismo que, inevitavelmente, brigarão com a liberdade. E dou comigo a pensar como é possível que os herdeiros das diversas variantes do estalinismo, no nosso país, ganhem créditos, cívicos e eleitorais, apresentando-se como estrénuos defensores da liberdade que, na verdade, abominam. E de como por essa Europa fora se adensam os sinais da ascensão de um novo (ou velho?) fascismo.
Na roda da história volta à tona a velha contradição entre justiça e liberdade sendo que os defensores do primado da liberdade sempre se vêem isolados em épocas de escassez material, relativa ou absoluta, em favor da popularidade de ideologias igualitárias, sejam de matiz comunista ou fascista.
Quando escasseia o pão, e a vida encarece, ganham fôlego os demagogos, de todas as cores, que aproveitam o descontentamento popular para cavalgar a onda e alcandorar aos píncaros o “discurso social” que o mesmo é dizer a reivindicação do predomínio dos princípios, e das políticas, da igualdade sobre os princípios, e as políticas, da liberdade.
Por mim advogo, correndo todos os riscos, o primado da liberdade. Nem novo estalinismo, nem novo fascismo. Nem a sombra dos tiranos quanto mais os seus rostos. No tempo da sociedade da informação a liberdade está na ponta dos nossos dedos mais do que pensam alguns energúmenos cujo maior prazer é vigiar os passos dos amantes da liberdade.
Meus caros: é por isso que me dou ao trabalho, minoritário e persistente, mas afinal na companhia de tantos outros, de lembrar personagens, que arrostando com o silêncio da nossa cultura oficial, pelo seu exemplo e pela sua obra, nos conclamam à vigilância activa, apesar da flacidez das chamadas democracias consolidadas, na defesa da liberdade.
Eis a razão de fundo porque presto a minha homenagem a Jorge de Sena, morto faz hoje 30 anos, e que jaz sepultado, para vergonha da pátria portuguesa, na última das terras da sua peregrinação – os Estados Unidos da América. Salvé Jorge Cândido de Sena!
Ver aqui e aqui algumas referências e poemas de Jorge de Sena.
Quisera adormecer
como a criança acorda,
à beira de outro tempo, que é o nosso.
Só quero o que não posso.
8/4/53
Em finais de 1979, não sei precisar a razão, interessei-me por conhecer a obra de Jorge de Sena. Talvez tenha sido a memória, muito viva, que retive do seu empolgante discurso na cerimónia realizada, na Guarda, no dia 10 de Junho de 1977. Talvez tenha sido o resultado da busca de refúgio para as dores de uma ruptura amorosa; talvez tenha sido a necessidade de me reencontrar com a obra de artistas que, tal como Camus, fizeram do culto pela liberdade o seu lema de vida.
Hoje preocupam-me os sinais da ascensão de novas formas de autoritarismo que, inevitavelmente, brigarão com a liberdade. E dou comigo a pensar como é possível que os herdeiros das diversas variantes do estalinismo, no nosso país, ganhem créditos, cívicos e eleitorais, apresentando-se como estrénuos defensores da liberdade que, na verdade, abominam. E de como por essa Europa fora se adensam os sinais da ascensão de um novo (ou velho?) fascismo.
Na roda da história volta à tona a velha contradição entre justiça e liberdade sendo que os defensores do primado da liberdade sempre se vêem isolados em épocas de escassez material, relativa ou absoluta, em favor da popularidade de ideologias igualitárias, sejam de matiz comunista ou fascista.
Quando escasseia o pão, e a vida encarece, ganham fôlego os demagogos, de todas as cores, que aproveitam o descontentamento popular para cavalgar a onda e alcandorar aos píncaros o “discurso social” que o mesmo é dizer a reivindicação do predomínio dos princípios, e das políticas, da igualdade sobre os princípios, e as políticas, da liberdade.
Por mim advogo, correndo todos os riscos, o primado da liberdade. Nem novo estalinismo, nem novo fascismo. Nem a sombra dos tiranos quanto mais os seus rostos. No tempo da sociedade da informação a liberdade está na ponta dos nossos dedos mais do que pensam alguns energúmenos cujo maior prazer é vigiar os passos dos amantes da liberdade.
Meus caros: é por isso que me dou ao trabalho, minoritário e persistente, mas afinal na companhia de tantos outros, de lembrar personagens, que arrostando com o silêncio da nossa cultura oficial, pelo seu exemplo e pela sua obra, nos conclamam à vigilância activa, apesar da flacidez das chamadas democracias consolidadas, na defesa da liberdade.
Eis a razão de fundo porque presto a minha homenagem a Jorge de Sena, morto faz hoje 30 anos, e que jaz sepultado, para vergonha da pátria portuguesa, na última das terras da sua peregrinação – os Estados Unidos da América. Salvé Jorge Cândido de Sena!
Ver aqui e aqui algumas referências e poemas de Jorge de Sena.
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Fiz uma pequena alteração no título deste post e, numa primeira leitura da comunicação social, não encontrei uma única referência à efeméride.
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terça-feira, junho 3
RAMMSTEIN
Como manifestação de repúdio em relação às novas exigências das autoridades americanas para a entrada nos Estados Unidos de cidadãos dos países da UE (isso mesmo, da União Europeia!) posto uma música de homenagem à causa palestiniana pela controversa, e popular, banda alemã Rammstein.
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