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LISBOA - Fotografia de Angèle
José António Saraiva, no “Expresso on line” prossegue a sua campanha pró Cavaco. O modelo da sua intervenção parece bastante ingénuo mas é eficaz.
Saraiva faz 3 perguntas e dá três respostas muito pouco surpreendentes. De seguida eu dou, às mesmas perguntas, três respostas, mas de sentido oposto. As minhas respostas são apresentadas a azul.
"As próximas eleições presidenciais, tudo somado, suscitam três perguntas.
Primeira pergunta: Cavaco Silva vai ganhar à primeira volta?
Resposta: sim, bastando-lhe para isso não cometer muitos erros. Em condições normais, conseguirá, no primeiro escrutínio, entre 55 e 60 por cento dos votos. E isto porque grande parte do eleitorado central, aquele que decide eleições, inclinar-se-á para o candidato que hoje surge claramente como mais forte.
Resposta: não, pois, de certeza, cometerá bastantes erros. Em condições normais, no primeiro escrutínio, atendendo ao histórico de todas as eleições presidenciais, em democracia, não conseguirá ultrapassar a barreira dos 50%. E isto, também, porque o eleitorado central distribuirá, à primeira volta, o seu voto por todos os candidatos, guardando para o segundo escrutínio a decisão final.
Segunda pergunta: Manuel Alegre pode ficar à frente de Mário Soares?
Resposta: sim, se fizer uma campanha emotiva dirigida ao coração da esquerda e se se confirmar a reduzida capacidade actual de Mário Soares para mobilizar apoios e criar entusiasmo. Alegre tem hoje mais condições do que Soares para fazer vibrar a esquerda.
Resposta: não, porque mesmo que faça uma campanha emotiva a chamar ao coração da esquerda, se confrontará com a imbatível capacidade de Soares nos debates e na relação directa com as pessoas. Além do mais Alegre não conta com o apoio do PS que mesmo nas suas piores votações de sempre nunca desceu abaixo dos 25% tendo os candidatos por si apoiados ganho todas as eleições presidenciais.
Terceira pergunta: Francisco Louçã pode bater Jerónimo de Sousa?
Resposta: sim, porque tem um perfil mais recortado. O BE perderá sempre com o PCP nas autárquicas, bater-se-á de igual para igual com o PCP nas legislativas e o seu candidato tem hipóteses de vencer o candidato do PCP nas presidenciais.
Resposta: não, porque o perfil de Jerónimo de Sousa é mais forte e consistente do que o de Louçã e a fidelidade do eleitorado do PCP ao seu mais forte candidato de sempre, na hora da verdade, falará mais alto.
(Os argumentos expendidos não se aplicam, naturalmente, às eleições presidenciais nas quais se recandidataram candidatos eleitos nas eleições imediatamente anteriores).