Se foste corola ou barco,
mas quando?
minha irmã,
minha leve amante, minha árvore,
que o mundo levantava
na inocência absoluta
do instante.
Alta estavas no amplo e recolhida
como uma lâmpada,
alta estavas na varanda branca.
Se acaso ainda podes ser aroma
dos meus olhos,
corpo no corpo,
retiro e substância, linha alta
da delícia,
nada te pedirei na minha ânsia
de puro espaço,
de azul imediato,
de luz para o olvido e o deserto.
António Ramos Rosa
No dia do seu aniversário. Poeta maior
da língua portuguesa e da minha cidade
de Faro, por lembrança
de Pura Coincidência da qual “roubo” a
fotografia e mudo o poema,
In “Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa”
de Eugénio de Andrade. “Campo das Letras".
3 comentários:
Agradeço a referência e a homenagem em uníssono. Pudessem todos os poetas ser regularmente lembrados. E os maus também, já agora, na medida em que querer ser poeta é, em si, poético (excepto nos casos, não muito raros, da mediocridade arrogante).
Como digo na nota ao poema de Sena que postei hoje - e que não encontrei reproduzido em qualquer sítio na net - para que serviria um sítio destes senão para dar a conhecer o que não se pode obter nos telejornais ou nas bancas dos jornais. Um dia ouvi um recital de poesia de uma consagrada atriz (Céu Guerra) e fiquei perplexo com o número de poetas e poemas para mim desconhecidos que ela disse tão bem e tão bons. E esses eram poemas de poetas publicados. E os outros não publicados porque em Portugal se não publica poesia -nada de nada - fora de um círculo restrito de meia dúzia de amigos e conhecidos, poetas/críticos e críticos/poetas que se auto promovem, salvo, claro está, a meia dúzia de consagrados que da lei do esquecimento se libertaram e alguns foram morrer longe, como o Sena, que, para vergonha nacional, porventura, não mais voltará. Mas mesmo dalguns desses é muito interessante conhecer o começo repleto de negas, reservas e cuspidelas. Vou continuar.
This is very interesting site... »
Enviar um comentário