sexta-feira, outubro 21

CORAGEM


Che Guevara - Fotografia daqui

One of the most famous photographs of the 60's (and maybe of all times). It was taken in Cuba by Alberto Korda and was later the main theme of a documentary by Pedro Chaskel, "A Photo Turns Around The World". Guevara was captured and murdered in Bolivia, on October 1967

Devo avisar que nada me move, a título pessoal, contra o Prof. Cavaco Silva apesar de ter sido, seguramente, o primeiro português que o afrontou, politica e fisicamente, nos longínquos idos de um combate estudantil que fez história. Percebi as suas fraquezas que as rugas não apagaram nem a apresentação da candidatura presidencial, de ontem, esconde.

Ainda para mais Cavaco é meu conterrâneo, o seu perfil físico e humano, seco e hirto, está presente no meu imaginário desde a infância. Muitos homens do campo algarvio, pequenos agricultores, comerciantes, pescadores, trabalhadores, com os quais convivi, ostentavam o mesmo tipo físico, a mesma fisionomia, o mesmo carácter ao qual, na gíria, sempre se apelidou, com bonomia, de manhoso.

Nada que não se encaixe, com perfeição, no perfil da maioria dos portugueses. Somos uma espécie de “chicos espertos” a meio caminho entre o sacana e o sonso. Há-os em todas as famílias políticas e em todos os extractos sociais e profissionais. Não me refiro, em exclusivo, ao dito cujo pois à direita e à esquerda, entre políticos e empresários, gente da alta e da baixa, é uma espécie que está plenamente credenciada.

Por vezes, a espécie a que me refiro, associa a estas características a do puro sacana nacional, tão bem descrito por Sena no seu genial poema “No País dos sacanas”. Ele concentra, no seu ser mais profundo, o medo pânico ao contraditório, um desvelado apego à ordem natural das coisas, o desprezo pela prática da compaixão e um verdadeiro alheamento das coisas do espírito.

Por mais que se contorçam em espasmos de leitura e em aceitação de conselhos sábios estes homens e mulheres podem ser democratas, quando todos são democratas, mas preencheriam o perfil dos tiranos se a nação lhes solicitasse, em desespero, o favor de tomar em mãos os destinos da Pátria em perigo.

Quando se escolhe um Presidente, um pormenor ou um detalhe, absolutamente insignificantes, podem fazer toda a diferença. É uma questão de estilo? De idade? De experiência? De competência? De carácter? De tradição? De política? É de tudo isto um pouco.

Nas presidenciais escolhe-se, acima de tudo, a personalidade. É a escolha política mais pura de todas as escolhas. A minha escolha é a mais politicamente incorrecta do momento. Aquela que, paradoxalmente, está contra a corrente e é disso que eu gosto: Mário Soares. Sabem porquê? Entre muitas outras razões pela CORAGEM que Soares tem e Cavaco, apesar de hirto e seco, não tem.

(As imagens que integram estes posts serão, por vezes, aparentemente dissonantes dos textos mas isso é uma liberdade que me ofereço a mim próprio.)

4 comentários:

Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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Anónimo disse...
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addiragram disse...

Coragem é também mostrar o que se sente e pensa sem "manhas". Parabéns!