“As concessões de D. Teresa e de Afonso Henriques aos Templários e às instituições que protegiam os peregrinos da Terra Santa colocam o Condado Portucalense na órbita do grande movimento que projecta a Cristandade em direcção a Jerusalém, o que, só por si, desmente o carácter periférico que quase sempre se atribui à história portuguesa. Nos anos seguintes, esta característica, por assim dizer “europeia”, acentuar-se-á ainda mais devido à repetida conjugação da conquista do território com as expedições de cruzados que se lhe seguiram, até ao princípio do século XIII. ”
(…)
A vitória obtida em São Mamede excluiu Fernão Mendes de Trava das funções que desempenhava em Portugal, e retirou o poder a D. Teresa. O conde não tinha outra alternativa senão abandonar o condado.
(…)
Procurando na documentação da época os indícios dos acontecimentos verificamos, em primeiro lugar, que Fernão Peres se retirou, de facto, para a Galiza com a “rainha" D. Teresa, decerto já com as duas filhas que dela teve, Sancha e Teresa Fernandes, sem dúvida ainda pequenas.”
(…)
D. Teresa morre em 1 de Novembro de 1130 e sucedem-se um conjunto de acontecimentos que comprovam a renúncia de Peres de Trava ao Condado Portucalense o que leva José Mattoso a concluir:
“A reconciliação do senhor de Trava com Afonso Henriques foi, portanto, anterior à morte da “rainha”. Estes factos contrariam as especulações de sentido quase freudiano que por vezes se atribuem ao comportamento do nosso primeiro rei para com sua mãe, obviamente fantasistas, embora inspiradas nas fontes narrativas de carácter popular que exploram o conflito entre eles e o interpretam como origem de uma severa maldição.” [sublinhado de minha autoria].
In “D. Afonso Henriques” de José Mattoso, ”5. As relações com a Galiza e o reino de Leão”, pgs. 67/68 (18).
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