Cartaz do MES – Lisboa, Ano: 1975, Arquivo: BN
Nas vésperas do 25 de Novembro de 1975. Os últimos estertores da deriva leninista do MES – curta mas pungente – foram, ainda assim, sempre acompanhados pelo símbolo que assinalou o acto fundador do Movimento.
Lembro-me muito bem do pano de fundo do I Congresso, realizado em Dezembro de 1974, na Aula Magna da Cidade Universitária de Lisboa [desse é que precisava de uma fotografia!], a bola vermelha, a estrela de cinco pontas e a sigla. A mancha de fundo foi desenhada com os pés – literalmente – e visto de longe o símbolo ostentava aquele jeito de ter sido esculpido pelos nossos corpos que seríamos capazes de sacrificar por uma causa nobre. (Seríamos?)
Não tenho qualquer receio em dar público testemunho desse tempo e das circunstâncias que o envolveram mostrando mesmo – se for o caso – as entranhas de um processo que foi marcado por muitas situações típicas dos “amanhãs que cantam”.
Ainda agora o “Didas” me enviou uma crónica, “em memória do Zé Trigo que faria 50 anos este ano”, e que morreu a 27 de Novembro de 1981, na qual descreve com bastante detalhe o percurso, ideológico e vivencial, dessa geração a que ele pertence – a do “Todo o Poder aos Cursos” – que seria um dos esteios da própria criação do MES.
Mas o que eu queria dizer verdadeiramente, aqui e agora, é que – mesmo hoje – me espanta a qualidade gráfica e a perenidade do símbolo, resistente a todas as derivas, marca de uma alternativa política utópica que é conhecida, por toda a parte, pela designação de “esquerda socialista” (conhecem?).