terça-feira, agosto 10

Conversas

Já basta de jogos de palavras. O Director da PJ demitiu-se. O seu comunicado de imprensa é uma pérola da nossa literatura política/administrativa. As gravações de conversas de um jornalista do CM, ao que tudo indica, com intervenientes no caso Casa Pia, caíram no "domínio público".

As conversas existiram ou não existiram? Foram gravadas ou não foram gravadas? Se não existiram não podem ter sido gravadas. Ponto final. Se existiram e não foram gravadas o seu teor fica com os próprios. Se existiram e foram gravadas das duas uma: ou foram gravadas com autorização dos entrevistados ou sem autorização. Neste último caso trata-se de falta de ética profissional ou mesmo de um ilícito.

Se foram gravadas com autorização trata-se de uma situação normal na relação da comunicação social com as chamadas fontes. Mas resta a questão crucial do interesse público. Atendendo às movimentações políticas em curso as conversas, está bem de ver, existiram, foram gravadas e têm mesmo interesse público.

Caso contrário como explicar o envolvimento do Primeiro-ministro? E a reunião do mesmo com o Procurador-geral da República? E o noticiado seguimento do assunto pelo PR? E a pergunta que todos fazemos é porque razão as conversas gravadas, sendo de manifesto interesse público, não são dadas a conhecer aos portugueses? Quem são os entrevistados? O que disseram ao jornalista?

O que está em causa é demasiado importante para que o corporativismo de magistrados, jornalistas (e não só) ganhe a batalha da verdade.

Sem comentários: