quinta-feira, agosto 5

Fagmentos de leitura

Volto ao título original para assinalar a actualidade deste texto antigo. Aquele que tentar associar política e moral fica com mais de duzentos anos de idade. Alguns casos recentes na nossa política doméstica são uma ilustração deste pensamento estúpido.

"Político/Moral

Toda a minha vida me tenho ralado, políticamente. Induzo a partir daqui que o único Pai que conheci (que ofereci a mim mesmo) foi o Pai político.

É um pensamente simples, que regressa muitas vezes mas nunca vejo ser formulado (talvez seja um pensamento estúpido) : não existirá sempre ética no político? Aquilo que fundamenta o político, ordem do real, ciência pura do real social, não será o Valor? Em nome de quê decidirá um militante...militar? Não será a prática política, que se desliga precisamente de qualquer moral e de qualquer psicologia, uma origem...psicológica e moral?

(Isto é um pensamento verdadeiramente atrasado, uma vez que ao acoplarmos a Moral e a Política ficamos com duzentos anos de idade, passamos a ser de 1795, ano em que a Convenção criou a Academia das ciências morais e políticas: categorias velhas, lanternas velhas. - Mas, em que é isto falso? - Nem sequer é falso; já não se usa; as moedas antigas também não são falsas: são objectos de museu retidos por um consumo peculiar, o consumo do que é velho. - Mas não será possível extrair dessas moedas um pouco de metal útil? - O que se torna útil nesse pensamento estúpido é ver-se nele o afrontamento intratável de duas epistemologia: o marxismo e o freudismo.)"

Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 22
(pag. 10, 2 de 3)

Edição portuguesa - Edições 70

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