Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, agosto 16
O IRAQUE, SEMPRE?
El Pais
Las víctimas mortales por la cadena de atentados suicidas sincronizados al norte de Irak ascienden a 500, según informan medios locales que citan fuentes oficiales y hospitalarias. La página web de la CNN se hace eco del aumento de las víctimas, citando fuentes locales. (…) Se trata del ataque más sangriento desde la caída de Sadam Husein.
Bush está a pouco mais de um ano do fim. Alguém vai ter de “fechar a porta”: uma herança terrível para a futura administração americana! Onde estão os arautos da invasão do Iraque? Será que o pior já passou?
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quarta-feira, agosto 15
HUGO CHÁVEZ
Fotografia Daqui
Chávez presenta al Parlamento su propuesta de reelección indefinida
Ora aqui está um caso de estudo para todos aqueles que se preocupam com as questões da liberdade, da democracia, das formas de regime político e da sua evolução. Mais do que um caso de estudo este é um fenómeno preocupante que deveria levar a que se levantassem as vozes dos intelectuais e publicistas que todos os dias escrevem e se indignam com a “qualidade da democracia”. Não será a primeira vez, nem a última, na história, em que um “caudillo”, eleito democraticamente, se transformará num ditador. Eis uma boa causa, para que os democratas, de todas as horas, possam levantar a sua voz em defesa da liberdade.
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terça-feira, agosto 14
segunda-feira, agosto 13
A FESTA DO FUTEBOL
Fotografia de A Defesa de Faro
Está de regresso a festa do futebol. Vezes demais estragada com jogos de bastidores, polémicas e paixões irracionais. Assinalo a efeméride porque o futebol, apesar do descrédito, me diverte e dá prazer. É um daqueles espectáculos que nunca me cansam. São tantas as variantes que ocorrem num jogo que a novidade sempre se sobrepõe à rotina. Paixão antiga que não se apagará jamais. Que havemos de fazer!
(A fotografia é de um jogo Farense (este ano na disputa da 1ª Divisão Regional do Algarve) com o Sporting, certamente nos inícios dos anos 70, disputado no Estádio de Alvalade, na qual se reconhecem, à primeira, Hilário (o nº3 do Sporting), Mirobaldo e Sério (do Farense) e julgo que Damas e Laranjeira do Sporting que já estava a ganhar por 2-0.)
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"ESTÁ CERTISSIMO! HILARIO, MIROBALDO,SÉRIO,DAMAS E LARANJEIRA. PARABÉNS! Carlos Sério " . O Carlos Sério, num comentário no A Defesa de Faro, confirma a identificação dos protagonistas. Retirei as interrogações. Só falta confirmar em que Estádio decorreu o jogo.
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Um comentário do Luis Filipe aponta a solução da última dúvida. Acho que ele tem razão: Parece-me que o campo era o do já demolido Estádio José Alvalade, antes da construção da Bancada Nova. A foto tem como 'pano de fundo' a chamada zona do peão. Quanto à data, só poderá ser uma de duas : 1971/72 (SCP-SCF = 2-0) ou 1972/73 (SCP-SCF = 4-0). Inclino-me mais para a 2ª data, por puro instinto ...Oxalá o Farense recupere depressa a sua antiga posição desportiva. [Acho que foi na época de 71/72. Na época seguinte o Hilário só jogou 2 jogos no campeonato.]
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O Carlos Maria, em comentário, confirma Alvalade mas apresenta legítimas dúvidas: Só mais uma achega para identificação do estádio. Parece, de facto, o velho peão do Estádio de Alvalade. Julgo entrever, de alguma forma, a velha pista de atletismo, de cinza. Mas não se vê a pista de ciclismo que, nessa altura, ainda existia. Estaria "invadida" por espectadores, como algumas vezes vi, em grandes jogos? Ou o ângulo da fotografia não é propício? A verdade é que, sem qualquer desprimor para o Farense, não me parece que o estádio estivesse assim tão cheio que justificasse "invasão". E daí, quem sabe? Vi isso contra o Porto, por exemplo e creio que contra uma grande equipa da Académica, por exemplo. Aqui entre nós, pergunto a mim próprio o que ia eu fazer a Alvalade, sem o Benfica ...?Em suma: não creio que seja o Estádio de S. Luís, que não tinha pistas. Mas será mesmo Alvalade? [Talvez o Carlos Sério posso esclarecer a coisa!]
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sábado, agosto 11
CUBA - FINAL DE VISITA
Memorial Che Guevara
Visitei Cuba, em família, na qualidade de turista. Ninguém pode negar que Cuba exerce um enorme fascínio sobre o chamado “povo de esquerda”, mesmo entre aqueles que já não acreditam, ou nunca acreditaram, nos ideais da “sociedade sem classes”.
Pela minha parte acredito que a liberdade política, a democracia, como regime da livre escolha dos governos pelos cidadãos, como dizia Churchill, “é a pior forma de governo imaginável à excepção de todas as outras”. Desculpem a aparente banalidade desta referência mas, por vezes, parece que alguns dos nossos mais próximos interlocutores perderam a noção do valor inestimável da liberdade relativizando essa conquista das sociedades onde nos acomodamos (mas isso é outro assunto!) valor que, do meu ponto de vista, é dos poucos que continuam a merecer uma boa luta.
Atravessando uma larga região de Cuba, de autocarro, para visitar, em Santa Clara, o memorial erguido ao Comandante Ernerto Che Guevara, um dos objectivos mais estimulantes da nossa visita, observo os campos e os camponeses que, ora, solitários, capinam as bermas da estrada, ora arroteiam a terra, com juntas de bois, ora se aglomeram na busca de transporte, ora se transportam a cavalo, ora carregam às costas cargas pesados; vejo os putos que oferecem aos passantes os frutos da terra, rebanhos incontroláveis caminhando na estrada e aquele casal, de boleia, que balouça, de pé, na caixa aberta da carrinha…
Dizem-me que há camponeses que ganham acima da média, através da venda das suas produções e que, no campo, a habitação é de melhor qualidade, mas o que os meus olhos observam é uma paisagem, quase sempre limpa e cuidada, na qual se entrecruzam processos de cultivo ancestrais com culturas intensivas, resultantes de parcerias com empresas privadas de outros países, como por exemplo, um extenso laranjal que abrange mais de 50 hectares envolvendo capitais chilenos.
Se o bloqueio, económico e político, dos USA é uma realidade que continua presente e que, historicamente, tem sido altamente constrangedora para o desenvolvimento económico e social de Cuba, não é menos verdade que o bloqueio é, hoje, somente parcial pois não existe, por exemplo, por parte da China, do Canadá, de Espanha e de outros países, que têm vindo a investir em Cuba em diversas áreas como na agricultura, na exploração do petróleo e do níquel ou no turismo.
O que quero dizer é que não existe, a meu ver, uma relação directa entre o bloqueio dos USA e a ausência de liberdade económica e política pois, além do mais, o bloqueio já não é o que era há umas décadas atrás. Nada me leva a acreditar que seja possível, ao regime vigente em Cuba, sobreviver económica e politicamente, sem uma abertura que tanto pode levar a uma ruptura, de consequências imprevisíveis, como a uma política de reformas que suavize os custos da mudança. Tudo depende, a meu ver, da visão dos mais jovens dirigentes políticos cubanos (que os há) e da futura administração americana que, espero, sendo democrata, encete um diálogo construtivo com o governo cubano. O povo cubano e o povo americano não são, na verdade, protagonistas desta “guerra-fria”, que persiste, mas, tão-somente, os seus dirigentes políticos.
Fiquei com a convicção profunda que o povo cubano deseja mudanças pacíficas e que vive na expectativa de que elas possam ocorrer. Gostei muito de visitar Cuba, de novo, e de me confrontar com os sorrisos e as vozes quentes do seu povo que merece que o destino lhe não seja adverso. Por fim visitamos o Memorial de Che Guevara. É uma obra digna que honra a memória de um visionário e aventureiro que morreu, de forma trágica, na defesa dos seus ideais. Nada pouco nos dias que correm ...
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MIGUEL TORGA
Miguel Torga
S. Martinho de Anta (12.08.1907) – Coimbra (17.01.1995)
Antecipando, por um dia, o centenário do seu nascimento, a minha singela homenagem com a publicação do poema Bucólica, no Caderno de Poesia.
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quinta-feira, agosto 9
CUBA - SEMPRE PRESENTES
Tria Giovan – US, b.1961
Um dos aspectos mais surpreendentes, mesmo para um visitante avisado, é a presença, densa e obsessiva, das imagens dos ícones da Revolução Cubana. A imagem de Che está em todo o lado, tornando-se difícil entender qual a relação afectiva dos cubanos com a imagem que o regime pretende oferecer dos seus heróis. (Continua).
Um dos aspectos mais surpreendentes, mesmo para um visitante avisado, é a presença, densa e obsessiva, das imagens dos ícones da Revolução Cubana. A imagem de Che está em todo o lado, tornando-se difícil entender qual a relação afectiva dos cubanos com a imagem que o regime pretende oferecer dos seus heróis. (Continua).
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CUBA - Uma manga cara mas saborosa
Fotografia daqui
Havana. Sento-me numa esplanada buscando uma sombra que me defenda do calor. A meu lado um casal bebe cerveja. O homem, já entrado, em tudo, cordial, logo me pergunta de onde venho: Portugal! À minha revelação responde com prontidão: estive em Angola dois anos como médico. Fiquei maluco. Passei dois meses em Lisboa. Uma beleza de cidade. Os passeios com aquelas pedras miudinhas...
A companheira de mesa, muito mais jovem, não dizia palavra. Seria filha? Ingenuidade minha. Era, segundo ele, enfermeira no hospital onde ambos trabalhavam. Ganha-se mal e retirava da maleta, que mantinha ao alcance da mão, mais uma cerveja que sempre me oferecia. Eu recusava. A certa altura pergunto-lhe se tinha alguma nota de três pesos cubanos. Pediu-me que esperasse pois a companheira tinha idos aos ”banhos”.
Quando a jovem regressou segredou-lhe o meu pedido. A nota de três pesos não é nada fácil de encontrar. É aquela que ostenta a esfinge do Che. Em Cuba existem, hoje, na prática, duas moedas: o peso cubano e o “peso convertível”. Um “convertível” vale 24 “pesos cubanos” e foi criado, de facto, para substituir o dólar. Os salários são pagos em pesos cubanos. A partir de 2004 o dólar passou a ser penalizado com uma taxa de 11% face ao “peso convertível” e o euro estava a valer 1,22 “convertíveis”.
Finalmente o médico lá desencantou uma outra nota que não a do Che e ofereceu-ma. Quis pagar-lhe mas, à primeira, não aceitou. Mais tarde, surpresa das surpresas, com a chegada da minha família, retirou da maleta não uma cerveja mas uma manga, que fez questão de nos ofertar. À despedida, discretamente, passei-lhe para a mão cinco “pesos convertíveis”. Aceitou-os como se fosse a contrapartida de um negócio com um fim anunciado.
Mais tarde pudemos certificar-nos que a manga era, na verdade, tão saborosa como a vida é difícil em Cuba! (Continua)
Ler “Viagem a Cuba”, por Luiz Zanin, uma interessante opinião de viagem que subscrevo quase na íntegra.
Havana. Sento-me numa esplanada buscando uma sombra que me defenda do calor. A meu lado um casal bebe cerveja. O homem, já entrado, em tudo, cordial, logo me pergunta de onde venho: Portugal! À minha revelação responde com prontidão: estive em Angola dois anos como médico. Fiquei maluco. Passei dois meses em Lisboa. Uma beleza de cidade. Os passeios com aquelas pedras miudinhas...
A companheira de mesa, muito mais jovem, não dizia palavra. Seria filha? Ingenuidade minha. Era, segundo ele, enfermeira no hospital onde ambos trabalhavam. Ganha-se mal e retirava da maleta, que mantinha ao alcance da mão, mais uma cerveja que sempre me oferecia. Eu recusava. A certa altura pergunto-lhe se tinha alguma nota de três pesos cubanos. Pediu-me que esperasse pois a companheira tinha idos aos ”banhos”.
Quando a jovem regressou segredou-lhe o meu pedido. A nota de três pesos não é nada fácil de encontrar. É aquela que ostenta a esfinge do Che. Em Cuba existem, hoje, na prática, duas moedas: o peso cubano e o “peso convertível”. Um “convertível” vale 24 “pesos cubanos” e foi criado, de facto, para substituir o dólar. Os salários são pagos em pesos cubanos. A partir de 2004 o dólar passou a ser penalizado com uma taxa de 11% face ao “peso convertível” e o euro estava a valer 1,22 “convertíveis”.
Finalmente o médico lá desencantou uma outra nota que não a do Che e ofereceu-ma. Quis pagar-lhe mas, à primeira, não aceitou. Mais tarde, surpresa das surpresas, com a chegada da minha família, retirou da maleta não uma cerveja mas uma manga, que fez questão de nos ofertar. À despedida, discretamente, passei-lhe para a mão cinco “pesos convertíveis”. Aceitou-os como se fosse a contrapartida de um negócio com um fim anunciado.
Mais tarde pudemos certificar-nos que a manga era, na verdade, tão saborosa como a vida é difícil em Cuba! (Continua)
Ler “Viagem a Cuba”, por Luiz Zanin, uma interessante opinião de viagem que subscrevo quase na íntegra.
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quarta-feira, agosto 8
CUBA - PONTOS FORTES
Fotografia daqui
Enquanto os nossos interlocutores falavam, como guias ou cidadãos, interrogava-me, permanentemente, acerca da autenticidade das suas convicções. Na maioria dos casos revelavam-se profissionais sem mácula, noutros evidenciavam um empenho sempre moderado, e cauteloso, na defesa do regime. As suas palavras, nunca excessivas, correspondiam à realidade em, pelo menos, dois aspectos das políticas sociais do regime.
Não restam dúvidas acerca do elevado grau médio de qualificação, académica e profissional, dos cubanos, na sua esmagadora maioria nascidos após a revolução de 1959, nem sequer da excelência dos cuidados de saúde que o estado assegura à população. Não conheço os detalhes dos respectivos sistemas mas, a crer nas impressões recolhidas, e estas notas não reflectem mais do que impressões, nestas áreas Cuba pede meças a muitos dos países do chamado primeiro mundo.
Julgo que os indicadores, por exemplo, de longevidade, mortalidade infantil e natalidade, conjugados, colocam a Cuba os mesmos problemas e desafios do chamado envelhecimento demográfico com o qual se confrontam as democracias liberais do ocidente. Foi-me dito que o governo cubano prepara medidas para o enfrentar.
Mas é, ao mesmo tempo, facilmente reconhecido, que a economia cubana não poderá escapar, a breve prazo, a mudanças significativas. Veja-se, a título impressivo, que, em Cuba, não existe nem mercado de habitação, nem de meios de transporte, ou seja, ninguém vende nem compra casa, ninguém vende nem compra automóvel. A esmagadora maioria dos meios de produção, equipamentos e serviços são estatais.
Claro que há escassas excepções quase todas elas concentradas nos profissionais – de diversas áreas - que conseguem sair de Cuba, de forma legal, amealhando rendimentos excepcionais, e mesmo estes carecem, para comprar qualquer destes bens de consumo, de um ror de autorizações. Não falo dos altos responsáveis do estado pois acerca desses ninguém se atreve a falar fazendo aquele gesto tradicional de prudente silêncio passando os dedos pelos lábios.
Ao longo da viagem sempre me acompanhou o pensamento do modelo chinês. A China, apesar de não sofrer o embargo dos USA, não é propriamente uma democracia segundo a concepção ocidental. Mas, após a morte de Mao, em 1976, por coincidência o ano da minha primeira visita a Cuba – ainda não havia turismo – Deng Xiaoping propor o chamado “socialismo com características chinesas”, ou seja, uma espécie de capitalismo promovido pelo estado em “zonas económicas especiais”. Os resultados económicos em benefício da China, e do seu povo, estão à vista de todos!
É claro que a China é um continente longínquo e Cuba uma pequena ilha à ilharga dos Estado Unidos. (Continua)
Ver aqui alguns indicadores que, apesar de relativamente antigos, são bastante reveladores da situação económico social de Cuba.
Enquanto os nossos interlocutores falavam, como guias ou cidadãos, interrogava-me, permanentemente, acerca da autenticidade das suas convicções. Na maioria dos casos revelavam-se profissionais sem mácula, noutros evidenciavam um empenho sempre moderado, e cauteloso, na defesa do regime. As suas palavras, nunca excessivas, correspondiam à realidade em, pelo menos, dois aspectos das políticas sociais do regime.
Não restam dúvidas acerca do elevado grau médio de qualificação, académica e profissional, dos cubanos, na sua esmagadora maioria nascidos após a revolução de 1959, nem sequer da excelência dos cuidados de saúde que o estado assegura à população. Não conheço os detalhes dos respectivos sistemas mas, a crer nas impressões recolhidas, e estas notas não reflectem mais do que impressões, nestas áreas Cuba pede meças a muitos dos países do chamado primeiro mundo.
Julgo que os indicadores, por exemplo, de longevidade, mortalidade infantil e natalidade, conjugados, colocam a Cuba os mesmos problemas e desafios do chamado envelhecimento demográfico com o qual se confrontam as democracias liberais do ocidente. Foi-me dito que o governo cubano prepara medidas para o enfrentar.
Mas é, ao mesmo tempo, facilmente reconhecido, que a economia cubana não poderá escapar, a breve prazo, a mudanças significativas. Veja-se, a título impressivo, que, em Cuba, não existe nem mercado de habitação, nem de meios de transporte, ou seja, ninguém vende nem compra casa, ninguém vende nem compra automóvel. A esmagadora maioria dos meios de produção, equipamentos e serviços são estatais.
Claro que há escassas excepções quase todas elas concentradas nos profissionais – de diversas áreas - que conseguem sair de Cuba, de forma legal, amealhando rendimentos excepcionais, e mesmo estes carecem, para comprar qualquer destes bens de consumo, de um ror de autorizações. Não falo dos altos responsáveis do estado pois acerca desses ninguém se atreve a falar fazendo aquele gesto tradicional de prudente silêncio passando os dedos pelos lábios.
Ao longo da viagem sempre me acompanhou o pensamento do modelo chinês. A China, apesar de não sofrer o embargo dos USA, não é propriamente uma democracia segundo a concepção ocidental. Mas, após a morte de Mao, em 1976, por coincidência o ano da minha primeira visita a Cuba – ainda não havia turismo – Deng Xiaoping propor o chamado “socialismo com características chinesas”, ou seja, uma espécie de capitalismo promovido pelo estado em “zonas económicas especiais”. Os resultados económicos em benefício da China, e do seu povo, estão à vista de todos!
É claro que a China é um continente longínquo e Cuba uma pequena ilha à ilharga dos Estado Unidos. (Continua)
Ver aqui alguns indicadores que, apesar de relativamente antigos, são bastante reveladores da situação económico social de Cuba.
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terça-feira, agosto 7
BCP
Fotografia daqui
Alguns accionistas do BCP consideram que uma «sabotagem» pode ter estado na origem da falha do sistema informático de contagem de votos, que provocou o adiamento da assembleia-geral do banco. Segundo o jornal «Público», o Conselho Geral e de Supervisão analisou a questão.
Ora aqui está um caso extraordinário que se passou numa das mais importantes empresas privadas portuguesas. Se não desse para chorar dava para rir. Imaginem o que teria acontecido se tal desaforo se tivesse passado em qualquer órgão da administração pública! O que seria feito do governo! Dois comentários simples: 1) por que razão não chama a administração do BCP a autoridade pública encarregada da investigação criminal para esclarecer a estranha falha informática; 2) talvez o regresso do excelso ex-director geral dos impostos – Paulo Macedo – à casa mãe possa dar uma ajuda no combate à crise que acometeu o maior banco privado português. Pode ser que a sua experiência na administração pública possa ser útil ...
Alguns accionistas do BCP consideram que uma «sabotagem» pode ter estado na origem da falha do sistema informático de contagem de votos, que provocou o adiamento da assembleia-geral do banco. Segundo o jornal «Público», o Conselho Geral e de Supervisão analisou a questão.
Ora aqui está um caso extraordinário que se passou numa das mais importantes empresas privadas portuguesas. Se não desse para chorar dava para rir. Imaginem o que teria acontecido se tal desaforo se tivesse passado em qualquer órgão da administração pública! O que seria feito do governo! Dois comentários simples: 1) por que razão não chama a administração do BCP a autoridade pública encarregada da investigação criminal para esclarecer a estranha falha informática; 2) talvez o regresso do excelso ex-director geral dos impostos – Paulo Macedo – à casa mãe possa dar uma ajuda no combate à crise que acometeu o maior banco privado português. Pode ser que a sua experiência na administração pública possa ser útil ...
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HAVANA VELHA - O ENDEREÇO
Fotografia daqui
Passeio pelo centro - “Havana Velha”. Duas sociedades que convivem: a dos turistas e a do povo cubano. O turismo é uma realidade, ao contrário do que muitos possam pensar, muito recente. O turismo, como actividade económica e social relevante, só emergiu após “a queda do muro”, nos anos 90.
Opulência e pobreza. Mesmo se a simpatia se exibe, com naturalidade, a pobreza não se esconde por detrás dos sorrisos. Está à vista de todos, nos rostos altivos, nas frases desencantadas, nas artimanhas para receber a “propina”, na semi arruinada cidade herdada pela revolução.
Mas “Havana Velha” vive e respira, trabalha e cria, nada tem a esconder, nem carências nem virtudes, nem tristezas nem alegrias, a pobreza não é uma superfície lisa, notam-se diferenças, estatutos e regalias, indecifráveis ao olhar do turista, sendo certo que o estado, que providencia tudo, também não permite a fome.
Dirão, os mais cépticos, se valerá a pena mudar de regime para que a pobreza continue mudando, embora, de qualidade. E a pergunta que me ocorre é: como vencer a pobreza sem mudar de regime? O povo aspira à mudança. É uma evidência. Mas que se desiludam aqueles que pensam como inevitável uma mudança drástica de regime após a morte política (e física) de Fidel.
No entanto impressionou-me a resposta de uma jovem quando lhe pedimos o endereço para lhe enviar uma fotografia: “correio electrónico: não temos!”. Só lhe estávamos a pedir, no entanto, a morada de correio tradicional. E perguntei-me a mim próprio: por quanto tempo será possível a uma sociedade manter os cidadãos afastados do correio electrónico? (Continua).
Passeio pelo centro - “Havana Velha”. Duas sociedades que convivem: a dos turistas e a do povo cubano. O turismo é uma realidade, ao contrário do que muitos possam pensar, muito recente. O turismo, como actividade económica e social relevante, só emergiu após “a queda do muro”, nos anos 90.
Opulência e pobreza. Mesmo se a simpatia se exibe, com naturalidade, a pobreza não se esconde por detrás dos sorrisos. Está à vista de todos, nos rostos altivos, nas frases desencantadas, nas artimanhas para receber a “propina”, na semi arruinada cidade herdada pela revolução.
Mas “Havana Velha” vive e respira, trabalha e cria, nada tem a esconder, nem carências nem virtudes, nem tristezas nem alegrias, a pobreza não é uma superfície lisa, notam-se diferenças, estatutos e regalias, indecifráveis ao olhar do turista, sendo certo que o estado, que providencia tudo, também não permite a fome.
Dirão, os mais cépticos, se valerá a pena mudar de regime para que a pobreza continue mudando, embora, de qualidade. E a pergunta que me ocorre é: como vencer a pobreza sem mudar de regime? O povo aspira à mudança. É uma evidência. Mas que se desiludam aqueles que pensam como inevitável uma mudança drástica de regime após a morte política (e física) de Fidel.
No entanto impressionou-me a resposta de uma jovem quando lhe pedimos o endereço para lhe enviar uma fotografia: “correio electrónico: não temos!”. Só lhe estávamos a pedir, no entanto, a morada de correio tradicional. E perguntei-me a mim próprio: por quanto tempo será possível a uma sociedade manter os cidadãos afastados do correio electrónico? (Continua).
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segunda-feira, agosto 6
UMA VISITA A CUBA
Fotografia daqui
Passei uns dias de férias em Cuba, cumprindo um desejo pessoal, e familiar, antigo e deu para entender, ao vivo, o que já sabíamos: o povo cubano tem esperanças numa mudança, expressa as suas opiniões, a título individual, com mil cuidados, evita falar em política mas é capaz de preconizar a necessidade de uma abertura económica. Fiquei com a sensação de ter visitado um museu onde se expõem peças de um modelo de sociedade que nunca existiu. Mas existe! Saindo à rua, convivendo, tanto quanto possível, com a realidade, não nos deixam de encantar as pessoas, evidenciando a expectativa de um futuro melhor, hábeis na arte de sobreviver, carentes de bens de consumo que nos são familiares, rostos sentidos e vozes quentes, por vezes, parecendo gente feliz entre ruínas. Será possível antever a transição pacífica, e gradual, de uma ditadura para a democracia? Uma velha pergunta que já obteve, ao longo da história, as mais diversas respostas. (Continua).
Passei uns dias de férias em Cuba, cumprindo um desejo pessoal, e familiar, antigo e deu para entender, ao vivo, o que já sabíamos: o povo cubano tem esperanças numa mudança, expressa as suas opiniões, a título individual, com mil cuidados, evita falar em política mas é capaz de preconizar a necessidade de uma abertura económica. Fiquei com a sensação de ter visitado um museu onde se expõem peças de um modelo de sociedade que nunca existiu. Mas existe! Saindo à rua, convivendo, tanto quanto possível, com a realidade, não nos deixam de encantar as pessoas, evidenciando a expectativa de um futuro melhor, hábeis na arte de sobreviver, carentes de bens de consumo que nos são familiares, rostos sentidos e vozes quentes, por vezes, parecendo gente feliz entre ruínas. Será possível antever a transição pacífica, e gradual, de uma ditadura para a democracia? Uma velha pergunta que já obteve, ao longo da história, as mais diversas respostas. (Continua).
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sábado, agosto 4
BERGMAN
Bergman
Não sabia de nada. Obituário muito menos. Acerca desta morte todas as notícias já foram dadas. Mas há algumas notícias que nos impressionam mais que outras. Um dia, muitos anos atrás, um amigo convidou-me a fazer crítica de cinema. Ele há coisas que nos acodem à lembrança com certas notícias. Não cheguei a iniciar a função. Não me interessei. Se me tivesse interessado poderia ter engrossado a legião dos “fazedores de opinião” e ter-me-ia habilitado a expender notícias provavelmente bem informadas. Não sei se vi todos filmes dele mas vi muitos. Alguns, nos primórdios, ajudaram a construir a sensibilidade de gerações. Não tenho muito boa impressão dos suecos. Mas este sueco era um criador do outro mundo.
Não sabia de nada. Obituário muito menos. Acerca desta morte todas as notícias já foram dadas. Mas há algumas notícias que nos impressionam mais que outras. Um dia, muitos anos atrás, um amigo convidou-me a fazer crítica de cinema. Ele há coisas que nos acodem à lembrança com certas notícias. Não cheguei a iniciar a função. Não me interessei. Se me tivesse interessado poderia ter engrossado a legião dos “fazedores de opinião” e ter-me-ia habilitado a expender notícias provavelmente bem informadas. Não sei se vi todos filmes dele mas vi muitos. Alguns, nos primórdios, ajudaram a construir a sensibilidade de gerações. Não tenho muito boa impressão dos suecos. Mas este sueco era um criador do outro mundo.
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sexta-feira, agosto 3
REFERENDO E TRATADO EUROPEU
Europa (2)
A oposição reclama a realização de um referendo acerca do futuro Tratado da União Europeia enquanto Pacheco Pereira apelida de “pequena glória mundana” a eventual designação do mesmo de “Tratado de Lisboa”. No entanto, nenhuma força política, com excepção de algumas luminárias extremistas, põe em causa a vocação europeia de Portugal e os fundamentos da participação de Portugal na UE. A excentricidade iberista de Saramago nada acrescenta ao caso.
[Artigo publicado na edição de hoje do “Semanário Económico” e que também pode ser lido, na íntegra, no IR AO FUNDO E VOLTAR.]
A oposição reclama a realização de um referendo acerca do futuro Tratado da União Europeia enquanto Pacheco Pereira apelida de “pequena glória mundana” a eventual designação do mesmo de “Tratado de Lisboa”. No entanto, nenhuma força política, com excepção de algumas luminárias extremistas, põe em causa a vocação europeia de Portugal e os fundamentos da participação de Portugal na UE. A excentricidade iberista de Saramago nada acrescenta ao caso.
[Artigo publicado na edição de hoje do “Semanário Económico” e que também pode ser lido, na íntegra, no IR AO FUNDO E VOLTAR.]
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PÚBLICOS
Fotografia no A Defesa de Faro
De regresso. após um pequeno interregno estival acerca do qual falarei mais tarde, assinalo a abertura da “Exposição Públicos”.
Gente. Rostos curtidos pelo sol. Adivinham-se nos gestos as emoções, as alegrias pelas vitórias e as agruras pelas derrotas. Festa. Corpos recortados no ambiente meridional. O sol e a sombra, a plateia e o peão, de pé ou sentados, cheiramos a terra, a rua e o pelado. Público. A comunidade reunida em torno da sua paixão, sofrendo pela sorte dos seus ídolos. O indivíduo na multidão partilhando as emoções do jogo, individual ou colectivo, braços no ar, bandeiras desfraldadas, apupos e aplausos. Rivalidades e claques. Hino. O despertar das memórias que são o nosso património comum, imagens que retratam fragmentos da vida de heróis e de gente anónima. Esta exposição é um testemunho simples e autêntico. Cada fotografia é um espelho em que nos revemos na pertença a uma comunidade e nos faz lembrar que não há futuro sem passado.
De regresso. após um pequeno interregno estival acerca do qual falarei mais tarde, assinalo a abertura da “Exposição Públicos”.
Gente. Rostos curtidos pelo sol. Adivinham-se nos gestos as emoções, as alegrias pelas vitórias e as agruras pelas derrotas. Festa. Corpos recortados no ambiente meridional. O sol e a sombra, a plateia e o peão, de pé ou sentados, cheiramos a terra, a rua e o pelado. Público. A comunidade reunida em torno da sua paixão, sofrendo pela sorte dos seus ídolos. O indivíduo na multidão partilhando as emoções do jogo, individual ou colectivo, braços no ar, bandeiras desfraldadas, apupos e aplausos. Rivalidades e claques. Hino. O despertar das memórias que são o nosso património comum, imagens que retratam fragmentos da vida de heróis e de gente anónima. Esta exposição é um testemunho simples e autêntico. Cada fotografia é um espelho em que nos revemos na pertença a uma comunidade e nos faz lembrar que não há futuro sem passado.
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quarta-feira, julho 18
FIDEL CASTRO
O homem está vivo e, ao que tudo indica, pensa. É saudável, de vez em quando, dar uma olhadela à realidade por mais incómoda que ela possa ser.
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GOVERNO- RESPOSTA A SARAMAGO: FROUXA E TARDIA
Saramago
O governo português resolveu responder à proposta iberista de Saramago. Se me permitem a opinião – tão livre como a de Saramago – tenho dúvidas se Saramago merecia uma resposta a nível de governo.
Curiosamente Saramago opinou contra a independência nacional dias depois de Portugal ter assumido a presidência da União Europeia. Não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar em coincidências.
Saramago encontrou uma fórmula para usar o prestígio da sua obra, cujos méritos não discuto, mas que o estado português ajudou a promover, para atacar o seu próprio país e fragilizar o papel político de Portugal na União Europeia.
A resposta política do governo português foi frouxa e tardia. Saramago foi grosseiro e mal agradecido, exibindo um livre pensamento eivado de ressentimentos. Se Saramago tivesse atacado a independência de Espanha, se acaso Espanha fosse a sua pátria, qual pensam que teria sido a resposta da sociedade espanhola e do seu governo central?
O governo português resolveu responder à proposta iberista de Saramago. Se me permitem a opinião – tão livre como a de Saramago – tenho dúvidas se Saramago merecia uma resposta a nível de governo.
Curiosamente Saramago opinou contra a independência nacional dias depois de Portugal ter assumido a presidência da União Europeia. Não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar em coincidências.
Saramago encontrou uma fórmula para usar o prestígio da sua obra, cujos méritos não discuto, mas que o estado português ajudou a promover, para atacar o seu próprio país e fragilizar o papel político de Portugal na União Europeia.
A resposta política do governo português foi frouxa e tardia. Saramago foi grosseiro e mal agradecido, exibindo um livre pensamento eivado de ressentimentos. Se Saramago tivesse atacado a independência de Espanha, se acaso Espanha fosse a sua pátria, qual pensam que teria sido a resposta da sociedade espanhola e do seu governo central?
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terça-feira, julho 17
FERNANDES, BAGÃO E SARAMAGO, OU VICE VERSA ...
Saramago
Não sei se repararam, embora isso não tenha importância nenhuma, que, no domingo passado, votei, fui dar uma volta, fora de Lisboa, onde só agora regressei. Entretanto deu para ver os resultados eleitorais e, de notícias, pouco mais.
Hoje, no regresso, vi, numa “área de serviço”, a manchete do Público: “Vitória foi curta”, pois do JM Fernandes já tudo se pode esperar. O JM Fernandes, quem lhe paga e quem com ele colabora, sabe muito bem que, em democracia, não há vitórias curtas ou longas mas, simplesmente, vitórias ou derrotas. Mas a vida está difícil para todos …
Também me sobressaltei pelo facto de não ter visto o mandatário de Telmo Correia – Bagão Félix – em lado nenhum nas minhas curtas incursões pelas notícias da noite eleitoral. Agora fiquei mais tranquilo pois afinal também se apresentou no velório. Devo deixar cair um desejo, porventura um pouco mórbido, mas que os meus amigos compreendem: que não tenha sido o último e que haja coragem pois, apesar de tudo, o Telmo conseguiu ficar à frente do Garcia Pereira!
Também só agora li os comentários ao meu post acerca do delírio iberista de Saramago. Obrigada pois sempre é melhor, em tal matéria, ser questionado do que silenciado. Mas, deixando para depois um eventual retorno ao assunto, sempre quero reafirmar o que escrevi e confessar que me apetecia zurzir o homem até me doerem as mãos. Mas como entretanto, na viagem, ouvi o Jardim, apaziguei-me um pouco. Os castelhanos também levavam a Madeira? Boa!
Não sei se repararam, embora isso não tenha importância nenhuma, que, no domingo passado, votei, fui dar uma volta, fora de Lisboa, onde só agora regressei. Entretanto deu para ver os resultados eleitorais e, de notícias, pouco mais.
Hoje, no regresso, vi, numa “área de serviço”, a manchete do Público: “Vitória foi curta”, pois do JM Fernandes já tudo se pode esperar. O JM Fernandes, quem lhe paga e quem com ele colabora, sabe muito bem que, em democracia, não há vitórias curtas ou longas mas, simplesmente, vitórias ou derrotas. Mas a vida está difícil para todos …
Também me sobressaltei pelo facto de não ter visto o mandatário de Telmo Correia – Bagão Félix – em lado nenhum nas minhas curtas incursões pelas notícias da noite eleitoral. Agora fiquei mais tranquilo pois afinal também se apresentou no velório. Devo deixar cair um desejo, porventura um pouco mórbido, mas que os meus amigos compreendem: que não tenha sido o último e que haja coragem pois, apesar de tudo, o Telmo conseguiu ficar à frente do Garcia Pereira!
Também só agora li os comentários ao meu post acerca do delírio iberista de Saramago. Obrigada pois sempre é melhor, em tal matéria, ser questionado do que silenciado. Mas, deixando para depois um eventual retorno ao assunto, sempre quero reafirmar o que escrevi e confessar que me apetecia zurzir o homem até me doerem as mãos. Mas como entretanto, na viagem, ouvi o Jardim, apaziguei-me um pouco. Os castelhanos também levavam a Madeira? Boa!
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