Não foi propriamente uma descoberta surpreendente. A novidade foi ter confirmado que o livro estava lá. É um dos livros que mais prazer me deu ler. Foi há muitos anos. Mas, a certa altura, perdi-o. Alguém deve ter achado muito interessante a mesma leitura. E esqueceu-se de mo devolver.
Fiquei com uma pena de morte. Reconheço que não é propriamente um clássico que prestigie intelectualmente o leitor. Mas foi uma leitura de época. Daquelas que nos marcam, vá lá saber-se porquê!
Um dia, passados para aí uns 20 anos, ao descer a rua da Trindade, vindo da Cotovia, onde tinha ido comprar "Bagagem", de Adélia Prado, para oferecer a um amigo, resolvi entrar no "Rei dos Livros". Dirigi-me ao balcão e disparei: "Não terá, por acaso, por aí um livro, assim e assim, uma edição antiga, julgo que de uma editora brasileira, ando atrás dele vai para 20 anos...".
O homem olhou para mim com um ar de estranha compaixão que me deu esperanças! Emitiu um monossílabo do género "Um momento...".
Dirigiu-se à sala dos fundos. Pouco depois surgiu com um volume nas mãos. Eu não queria acreditar. Era mesmo o livro que eu, em vão, tinha procurado durante tantos anos: "A minha vida com Picasso", de Françoise Gilot e Carlton Lake.
Vieram-me as lágrimas aos olhos. Agradeci, não sei com que palavras. Paguei 15 euros, uma ninharia. Saí. Senti o ar mais leve e perfumado. Agora só tenho que o mandar encadernar e nunca mais o emprestar a ninguém.
(Françoise Gilot foi companheira de Picasso entre 1943 e 1953. A edição original é da "Europa América" (portuguesa) a partir de uma edição americana da McGraw-Hill Book Company. A tradução do inglês é de Cármen Gonzalez e de António Ramos Rosa. Mas a edição que encontrei é uma reprodução integral da edição portuguesa realizada pela "Editôra Somabaia" e foi impresso no Brasil.)
Fiquei com uma pena de morte. Reconheço que não é propriamente um clássico que prestigie intelectualmente o leitor. Mas foi uma leitura de época. Daquelas que nos marcam, vá lá saber-se porquê!
Um dia, passados para aí uns 20 anos, ao descer a rua da Trindade, vindo da Cotovia, onde tinha ido comprar "Bagagem", de Adélia Prado, para oferecer a um amigo, resolvi entrar no "Rei dos Livros". Dirigi-me ao balcão e disparei: "Não terá, por acaso, por aí um livro, assim e assim, uma edição antiga, julgo que de uma editora brasileira, ando atrás dele vai para 20 anos...".
O homem olhou para mim com um ar de estranha compaixão que me deu esperanças! Emitiu um monossílabo do género "Um momento...".
Dirigiu-se à sala dos fundos. Pouco depois surgiu com um volume nas mãos. Eu não queria acreditar. Era mesmo o livro que eu, em vão, tinha procurado durante tantos anos: "A minha vida com Picasso", de Françoise Gilot e Carlton Lake.
Vieram-me as lágrimas aos olhos. Agradeci, não sei com que palavras. Paguei 15 euros, uma ninharia. Saí. Senti o ar mais leve e perfumado. Agora só tenho que o mandar encadernar e nunca mais o emprestar a ninguém.
(Françoise Gilot foi companheira de Picasso entre 1943 e 1953. A edição original é da "Europa América" (portuguesa) a partir de uma edição americana da McGraw-Hill Book Company. A tradução do inglês é de Cármen Gonzalez e de António Ramos Rosa. Mas a edição que encontrei é uma reprodução integral da edição portuguesa realizada pela "Editôra Somabaia" e foi impresso no Brasil.)