O "Efeito Espanhol"
"As próximas eleições europeias vão-se realizar num ambiente político particularmente hostil aos partidos da coligação. Até há duas semanas esse ambiente prendia-se essencialmente com a conjuntura económico-social interna, mas a esses factores já de si muito negativos junta-se agora uma conjuntura externa fluida, depressiva e perigosa."
Pacheco Pereira reflecte hoje no Público acerca do "efeito espanhol". Aliás todos os comentadores políticos reflectem acerca do mesmo tema. No caso de JPP a sua reflexão é um alerta ao PSD: não se permita que o PSD "seja cada vez mais apresentado pelos seus adversários, sem qualquer protesto, como a "direita" ou um "partido de direita"".
Há caminhos que levam a becos sem saída. JPP já percebeu, e não foi agora, que o PSD sacrificou a sua "identidade social-democrata e reformista" quando optou pela aliança com o PP. Não foram as bombas de Madrid que provocaram, no caso de Portugal, o "forte mal-estar" e a agudização das críticas ao governo da coligação PSD/PP. Somente revelaram a profundidade desse mal-estar social, a fragilidade da estratégia reformista do governo, os interesses que nela se acobertam, os métodos autoritários, que mal se escondem, e a consciência do carácter transitório do poder.
Um dia se fará o balanço e o julgamento político do modelo político institucional e da governação da coligação PSD/PP. Só nessa altura JPP poderá conhecer os meandros desta governação, os seus beneficiários, enfim, a sua herança.
O estranho sentimento de "mal-estar" cujas razões agora lhe escapam, e que a sua argúcia lhe permite intuir, surgirão, nesses dias, em todo o seu esplendor nos destroços de um "arranjo político" de ocasião.
Nesse dia todos ficaremos a compreender a razão dos perigos que JPP hoje assinala: o PSD é um partido de direita, tem uma imagem pública de direita, os seus dirigentes não se demarcam da direita, tendo abandonado o programa reformista social-democrata.
Tenho uma solução para o quebra-cabeças de JPP: considere o PSD um "partido reformista de direita". Talvez seja uma inevitabilidade histórica.
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