"Palavra-maná
Não será forçoso haver sempre, no léxico dum autor, uma palavra cuja significação ardente, multiforme, inatingível e como que sagrada dê a ilusão de se poder com ela responder a tudo? Essa palavra não é nem excêntrica nem central; é imóvel e transportada, está à deriva, nunca é arrumada, é sempre atópica, (fugindo a todo e qualquer tópico), é ao mesmo tempo resto e suplemento, significante que ocupa o lugar de todo o significado. Essa palavra surgiu pouco a pouco na sua obra; foi primeiro disfarçada pela instância da Verdade (a da História), a seguir pela da Validade ( dos sistemas e das estruturas); agora, desabrocha: esta palavra-maná é a palavra "corpo"."Fragmentos de Leitura
"Roland Barthes por Roland Barthes"- 23
(pag. 10, 3 de 3)
Edição portuguesa - Edições 70
Anotação
Na página 10 deste livro artesanal de excertos escrevi: "acreditar que mesmo fora (ou só aí?) do terreno das massas (ou dos grandes grupos) é possível estabelecer um novo tipo de relação, nem exclusiva, nem episódica, mas preferencial."
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