segunda-feira, novembro 29

Exames

Ao longo da nossa vida somos submetidos a provas sem fim. Exames, análises, diagnósticos, avaliações, classificações; um interminável cortejo de sujeições às leis da vida em sociedade. Comparam-nos e comparamo-nos com os outros numa incessante competição pela sobrevivência. Com mais ou menos bonomia vamos passando ou chumbando.

Os veredictos são ditados por outros que aceitamos que, de uma forma ou outra, nos julguem. Contei, tempos atrás, como chumbei num exame oral de filosofia. No meu 6º ano de liceu fui admitido à oral de filosofia com 15 valores. De nada me valeu o brilhantismo dessa nota. O “imperativo categórico” de Kant serviu de pretexto à examinadora para me mostrar quem mandava e quem devia obedecer.

Doutra vez, já na faculdade, fui confrontado com uma situação oposta. Na oral de uma cadeira ministrada pela saudosa professora Aurora Murteira o meu evidente desejo de chegar ao fim do acto levou-a a indagar-me se não gostaria de obter uma boa nota final. Fiquei surpreendido pelo seu interesse no meu sucesso. Sempre me surpreende o interesse dos outros por mim.

Disse-lhe, com sinceridade, que não me preocupava, em especial, a nota que haveria de me atribuir. Ficou, claramente, surpreendida com o meu desprendimento. A nota foi a que foi. Não me lembro qual mas, certamente, a nota justa para ela e a suficiente para mim.

Absorto - 1º Aniversário (7 de 17)