segunda-feira, outubro 24

HOMENAGEM À LINHA EDITORIAL DO "EXPRESSO"


"FUCK YOU!" (Grace Slick, 1967)

Em 1967 não era época de eleições livres em Portugal. O Estado Novo organizava um arremedo de eleições mas que tinham essa característica única de já se saberem os resultados antes de votar. Eram mesmo enviadas às redacções, na véspera das eleições, as notícias com os resultados que haviam de ser publicadas após os mesmos serem conhecidos. Um bocado como a direita, e certos sectores da esquerda, estão a fazer agora com o Prof. Cavaco.

Suponho que o “Expresso” por exemplo, já deve ter a notícia a publicar na edição do sábado imediatamente a seguir ao dia 15 de Janeiro de 2006. Se quiserem eu edito aqui uma versão dessa notícia e vão ver se andará muito longe da verdadeira. Também havia sempre um presidente da comissão de honra das candidaturas da UN (União Nacional) e depois da ANP (Acção Nacional Popular). Agora é o General Ramalho Eanes que é apresentado como presidente da comissão de honra da candidatura do Prof. Cavaco, uma grande novidade, com excepção do facto de já o ter sido na candidatura do mesmo Prof. Cavaco em 1995.

Pelas minhas contas, nos tempos mais recentes, eleições assim só em 1965, 1969 e 1973, todas para a Assembleia Nacional instituição de que falou, recentemente, o Prof. Cavaco. As últimas eleições Presidenciais às quais não concorreu o Prof. Cavaco, com um desfecho tão imprevisível, para o Expresso e para o Dr. Joaquim Aguiar, tiveram lugar em Outubro de 1972.

O Prof. Cavaco já devia estar em Inglaterra, depois do susto que lhe preguei, e as eleições presidenciais foram ganhas pelo saudoso Almirante Américo Thomás (com Th) que também concorreu sozinho pois o Manuel Alegre devia estar para fora, em Argel, e o Dr. Soares estava, se não erro, a “passar férias” em S. Tomé e Príncipe ou andaria por Paris a criar o PS que só tem contribuído para a desgraça da Pátria portuguesa.

O Jerónimo acho que andava a afinar máquinas e o Louçã devia andar no liceu a pregar o Trotskysmo. (O pai dele já devia ser Almiramte).

Infelizmente, em 1972, ainda não havia o “Expresso” para dar a notícia e explicar que o Almirante Thomás era quase tão velho como o Dr. Soares e representava o fim de um ciclo e que ninguém quis, à semelhança do que se passa na actualidade, ser candidato e que se o Prof. Cavaco, que é um jovem economista moderno e promissor, além de hirto e seco, quis fazer esse sacrifício, honra seja feita, é de aproveitar.

O Dr. Soares é acusado de ser um candidato, à semelhança do Almirante Thomás, de fim de regime, que só o Prof. Cavaco, se for eleito, salvará. Só espero que depois não tenham de chamar o Dr. Soares, de novo, para resolver as embrulhadas todas que o Prof. Cavaco vai criar e nunca mais saímos disto pois o Dr. Soares não é eterno.

(E a propósito de Generais e Almirantes lembrei-me daquela jovem artista americana que, em 1967, tomou a liberdade de exibir um gesto de desencanto perante a situação da vida dela e porventura da política na América, pois havia a guerra do Vietnam, face á qual o Dr. Soares havia de ser contra e o Prof. Cavaco a favor, e que achei que ilustrava a preceito o que eu sinto a respeito da linha editorial do “Expresso” mesmo com o saudoso arquitecto Saraiva de partida.)

1 comentário:

Anónimo disse...
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