Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quarta-feira, novembro 2
PIER PAOLO PASOLINI
Pasolini - Assassinado em 2 de Novembro de 1975
Súplica a minha mãe
É difícil com palavras de filho
aquilo a que intimamente bem pouco me pareço.
És a única no mundo que sabe o que esteve sempre
no meu coração, antes de qualquer outro amor.
Por isso tenho de dizer-te o que é horrível saber:
é na tua graça que nasce a minha angústia.
És insubstituível. Por isso está condenada
à solidão a vida que me deste.
E eu não quero estar só. Tenho uma fome infinita
de amor, do amor de corpos sem alma.
Porque a alma está em ti, és tu, mas tu
és minha mãe e o teu amor é a minha servidão:
vivi a infância como escravo desse sentimento
supremo, irremediável, de um fervor imenso.
Era a única maneira de sentir a vida,
a única cor, a única forma: agora terminou.
Sobrevivemos: e é o caos
de uma vida que renasce fora da razão.
Suplico-te, Ah, suplico-te: não queiras morrer.
Estou aqui, sozinho, contigo, num Abril futuro …
Pier Paolo Pasolini
In De “LA REALTÁ” - “Poesia in forma di rosa”, Ed Garzanti 1964
Tradução de Maria Jorge Vilar de Figueiredo
Assírio & Alvim
Supplica a mia madre
.
È difficile dire con parole di figlio
ciò a cui nel cuore ben poco assomiglio.
Tu sei la sola al mondo che sa, del mio cuore,
ciò che è stato sempre, prima d'ogni altro amore.
Per questo devo dirti ciò ch'è orrendo conoscere:
è dentro la tua grazia che nasce la mia angoscia.
Sei insostituibile. Per questo è dannata
alla solitudine la vita che mi hai data.
E non voglio esser solo. Ho un'infinita fame
d'amore, dell'amore di corpi senza anima.
Perché l'anima è in te, sei tu, ma tu
sei mia madre e il tuo amore è la mia schiavitù:
ho passato l'infanzia schiavo di questo senso
alto, irrimediabile, di un impegno immenso.
Era l'unico modo per sentire la vita,
l'unica tinta, l'unica forma: ora è finita.
Sopravviviamo: ed è la confusione
di una vita rinata fuori dalla ragione.
Ti supplico, ah, ti supplico: non voler morire.
Sono qui, solo, con te, in un futuro aprile...
Súplica a mi madre
Mis palabras de hijo dirán difícilmente
algo a un corazón de mí tan diferente.
Sólo tú en el mundo sabes de mi corazón
lo que siempre fue, antes de cualquier amor.
Por eso tengo que decirte lo que es horrible reconocer:
germina mi angustia en el seno de tu gracia.
Eres insustituible. Por eso está condenada
a la soledad la vida que me diste.
Y no quiero estar solo. Tengo un hambre infinita
de amor, del amor de cuerpos sin alma.
Porque el alma está en ti, eres tú, pero tú
eres mi madre y tu amor es mi esclavitud:
esclava fue mi infancia de este sentimiento
alto, irremediable, de inmenso compromiso.
Era la única manera de sentir la vida,
la única tinta, la única forma. Ahora se acabó.
Sobrevivimos: y es la confusión
de una vida recreada al margen de la razón.
Te lo suplico, ay, te lo suplico, no quieras morir.
Estoy aquí, solo contigo, en un futuro abril…
(Original em italiano – corrigido – e tradução em castelhano retirados daqui.)
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