terça-feira, julho 8

SEDES: NOVIDADE=0

Sophie Thouvenin

Depois de ler as notícias que anteciparam o mais recente documento da SEDES pensei que se tratasse de uma tomada de posição política arrasadora da acção do governo. Assim uma espécie de manifesto da oposição contra as políticas dos governos de Salazar e Caetano com as tonalidades próprias de um combate pela mudança de regime. Alguma coisa verdadeiramente estimulante. Afinal não! Esperei para ler o documento na íntegra e o que dele transparece são comentários razoáveis ao “estado da nação” apontando desvios em cada uma das áreas abordadas à medida das orientações ideológicas dos autores. Trata-se, pois, mais de um conjunto de recados dirigidos ao governo e, em particular, ao ministro A ou B do que uma crítica estruturada à acção do governo que para tal seria necessário pegar no seu programa e escalpelizá-lo. A SEDES não envereda por esse caminho e fica-se, com mérito, pelo comentário político permitindo, por demérito comunicacional, que a opinião pública não se sinta absolutamente nada chocada com a denúncia de um abrandamento da densidade das reformas promovidas pelo governo porque vêm aí eleições. Estavam à espera que o governo, em véspera de eleições, desencadeasse uma “guerra civil”?
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FIDEL: PRINCÍPIOS ELEMENTARES DE POLÍTICA QUE O PCP NÃO APREENDE

Rene Burri

A sua imagen no diploma escolar é uma surpreendente faceta do culto da personalidade que o regime cubano, apesar de todos os disfarces, presta a Fidel Castro. Mas acerca da Colômbia, Fidel, no fim da vida activa, dá uma elementar lição de política aos dirigentes do PCP que estes não apreendem. Vale a pena ler o artigo “La paz romana” na íntegra.

Expresé con claridad nuestra posición en favor de la paz en Colombia, pero no estamos a favor de la intervención militar extranjera ni con la política de fuerza que Estados Unidos pretende imponer a toda costa y a cualquier precio a ese sufrido y laborioso pueblo.

Critiqué con energía y franqueza los métodos objetivamente crueles del secuestro y la retención de prisioneros en las condiciones de la selva. Pero no estoy sugiriendo a nadie que deponga las armas, si en los últimos 50 años los que lo hicieron no sobrevivieron a la paz. Si algo me atrevo a sugerir a los guerrilleros de las FARC es simplemente que declaren por cualquier vía a la Cruz Roja Internacional la disposición de poner en libertad a los secuestrados y prisioneros que aún estén en su poder, sin condición alguna. No pretendo que se me escuche; cumplo el deber de expresar lo que pienso. Cualquier otra conducta serviría sólo para premiar la deslealtad y la traición. [Sublinhado meu.]
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segunda-feira, julho 7

CULTO DA PERSONALIDADE

Un diploma y mucha confusión, ou seja, o diploma de 7º ano do filho de Yoani Sanchez
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TGV

Martine Franck
The new train at the station "L'Homme de Fer."

Esta direita cujos interesses o PSD acolhe, centrifugando dirigentes a uma velocidade estonteante, consegue deixar de cara à banda qualquer vulgar cidadão. Eu não me queria meter por estes atalhos pois negócios são negócios e o TGV não está à margem dos interesses que se movem à ilharga e por dentro da política.

Mas, se bem entendo, aqueles que hoje são contra o TGV são os mesmos que antes o defendiam, com mais linhas, entre linhas e encargos. (através daqui).

Não se sabe, é certo, se Manuela Ferreira Leite é contra o TGV. O que ela diz é que não há dinheiro para nada e Cavaco parece que começou a mostrar o seu jogo ensaiando jogar o jogo dela, ou vice-versa.

O mais certo é que esta direita ultramontana, dos costumes às realizações materiais, nacional paternalista, clame contra a construção de uma estrada de ferro moderna que nos ligue à Europa, necessária por razões de integração no espaço geoestratégico que é o nosso, por razões de ecologia, por razões de economia, por todas as razões que a direita também conhece mas que, no lugar da oposição, desdenha.

Face a esta deriva, ao governo socialista compete, ponderada a relação custo benefício e o interesse nacional, fazer como Duarte Pacheco em relação a Salazar: realizar a obra que os cépticos e detractores depois se hão-de montar nela (a obra) e tecer-lhe loas como se fora obra sua!
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NUCLEAR

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sexta-feira, julho 4

Fidel, o PCP e a libertação de Ingrid Betancourt -

Burt Glinn - CUBA. CASTRO, Fidel. 2001.

Que mais não seja para efeitos de comparação de estilos a declaração de Fidel Castro, a propósito da libertação de Ingrid Betancourt é, politicamente, bastante cuidada ao contrário da do PCP. A diferença está no parágrafo, que transcrevo a seguir:

No restante não há diferenças de fundo mas há limites que Fidel sabe, por experiência, que não podem, nem devem, ser ultrapassados. E um desses limites é, mesmo descontando o cinismo próprio da diplomacia, o que ele designa como “elementar sentimento de humanidade”.
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quinta-feira, julho 3

PALAVRAS DE ORDEM

Às voltas com uma pesquisa dei de caras com uma listagem de palavras de ordem retiradas da colecção de Murais Artísticos de Abril, de Conceição Neuparth, depositada e tratada pelo Centro de Documentação 25 de Abril. Algumas delas pertencem inexoravelmente ao passado mas outras, à falta de ideias, ainda podem servir de inspiração a algumas lideranças partidárias.


A revolução triunfará
A terra a quem a trabalha
A vitória é difícil mas é nossa
Abaixo a exploração capitalista
Casas sim! Barracas não!
Dá mais força à liberdade
Democracia em Portugal só com Freitas do Amaral
Em frente com a Reforma Agrária
Fora com a canalha o Poder a quem trabalha
GNR fora das cooperativas
Greve ao papel higiénico. Compremos os jornais
Independência Nacional
Já não há eleições. D. Sebastião volta para a semana
Junta a tua à nossa voz
Morte ao fascismo
Não ao aumento do custo de vida
Nato fora de Portugal, Portugal fora da Nato
Nem Deus nem Chefe
Nem mais um faroleiro para as Berlengas
Nem Nato nem Pacto de Varsóvia
Ninguém há-de calar a voz da classe operária
O Chile vencerá
O sol brilhará para todos nós
Operários, camponeses, soldados, marinheiros, unidos vencerão!
Otelo para Presidente
Pão Paz Terra Liberdade, Independência Nacional
Por uma vida melhor
Quem tem medo do comunismo?
Rumo ao Socialismo
Sem cultura não há liberdade
Todos unidos com o MFA
Unir – Organizar – Armar (PRP)
Unir Organizar Vencer (MDP)
Viva o 25 de Abril
Viva Staline eternamente na Sibéria
Voto do povo para a vitória do povo

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Ingrid Betancourt em liberdade



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Nota do Gabinete de Imprensa do PCP
Em resposta a várias solicitações dos órgãos de comunicação social sobre a posição do PCP a propósito da operação de resgate de Ingrid Bettencourt por parte do exército nacional na Colômbia, o PCP considera o seguinte:
1. O resgate de Ingrid Bettencourt após um período em que esteve prisioneira na selva colombiana, coloca em evidência a gravidade da situação em que se encontram centenas de prisioneiros em ambos os lados do conflito e a necessidade de encontrar uma solução humanitária entre as partes.
2. Os complexos problemas em presença, exigem uma solução política e negociada de um conflito que se arrasta há mais de 40 anos sem solução, situação que é em si, inseparável da política de agravamento da exploração e de terrorismo de estado praticada pelo governo neo-fascista de Uribe, conforme tem vindo a ser denunciado pelas forças progressistas e democráticas da Colômbia.
3. O Povo colombiano poderá continuar a contar com a solidariedade dos comunistas portugueses na sua luta contra a opressão e exploração, pela justiça social, pela democracia e soberania nacional.

(A partir de um comentário de MFerrer que agradeço fui em busca da posição do PCP acerca da libertação de I.B.. Cada força política, em democracia, é livre de tomar as posições que entender sem o risco de rapto, degredo ou assassinato. Fico, ao menos, a saber que Ingrid Bettencourt foi resgatada “após um período em que esteve prisioneira na selva colombiana …” e que a Colômbia tem um governo “neo-fascista”. Prometo que vou dar mais um pouco de atenção a este conceito no caso em apreço e noutros.)
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quarta-feira, julho 2

Ingrid Betancourt

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MANUELA FERREIRA LEITE - NOCTURNOS (II)

Christine Lebeck - Nocturnes

Ainda a propósito da entrevista de Manuela Ferreira Leite (MFL) à TVI, está fora de causa a necessidade e relevância da oposição actuar segundos os processos que considere mais adequados e eficazes. Mesmo nas ditaduras, como todos sabemos, as oposições, embora actuando nas margens, ou fora da lei, de forma pacífica ou violenta, sempre existiram e existirão. Quanto mais em democracia! A questão está no patamar civilizacional em que se encontra a comunidade ao discutir os regimes políticos e as suas regras, nas quais se integra a questão das oposições. MFL disse que ao governo não compete fazer oposição à oposição. Compete-lhe governar. Estou de acordo. Mas à oposição, em democracia, compete mais do que bloquear as iniciativas e projectos do governo. À oposição compete apresentar alternativas quando as encontre melhores do que os projectos do governo ou concordar com os projectos do governo quando não lhes encontre melhores alternativas. É simples e fácil. MFL não é uma política caída do céu, desconhecedora de tudo e todos, uma virgem ofendida com a clausula dos projectos do governo. O jogo do fingimento de MFL não resistirá, como o debate de ontem mostrou, a um minuto de debate, a sério, com Sócrates. Pela simples razão, entre outras que não cabem neste já longo post, que MFL esteve presente no processo de gestação e decisão de todos os mais importantes projectos cujos estudos hoje afirma desconhecer. O azar de MFL é o facto de ter encontrado um primeiro-ministro – goste-se ou não do estilo – que é difícil de igualar no confronto com a adversidade. Quando antes alguns primeiros-ministros, ressalvados os seus méritos, se puseram ao fresco face às adivinhadas dificuldades da governação e aos expectáveis embaraços das explicações que deviam ao país, este primeiro-ministro parece que está disposto à luta (política, entenda-se) mesmo nas condições adversas que se desenham no horizonte. Ora esta atitude pessoal perante a política, indo além da política, faz toda a diferença!
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MANUELA FERREIRA LEITE - NOCTURNOS


Após ouvir, por mero acaso, a entrevista de Manuela Ferreira Leite na TVI lembrei-me do milagre de Ponte de Lima: "Foi uma graça do Cristo crucificado. Ela bem merecia, depois de quatro anos a sofrer, acamada e sem poder fazer nada" (…) "O miúdo começou a chorar e a pedir ao Senhor para ajudar a madrinha, que estava em sofrimento e que sentiu um grande calor por ela abaixo. Mas só ao chegar a casa se apercebeu de que conseguia andar".
MFL também precisa de um grande calor que a percorra por ela abaixo para ganhar eleições. Pois se “não há dinheiro para nada”, tanto melhor para ela que sejam os mesmos a continuar no governo. Com ela não há obras, nem coisa nenhuma, pois não há dinheiro. O pessoal o que precisa é mesmo de uma cangalheira como chefe de governo. Sempre à espera que o telefone toque para a cerimónia do funeral, ora de uma empresa, ora de um projecto sem estudos em ordem, ora de um novo pobre da classe média, ora de um pobre dos verdadeiros, a preços sociais, ela está pronta a organizar o funeral da Pátria. Se ela for a primeira eu também quero morrer. Sei que vou ter um velório de estado! O miúdo começou a chorar e a pedir ao senhor para ajudar a madrinha, que estava em sofrimento ... e coisa e tal …
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terça-feira, julho 1

CD-R GENERACIÓN Y

Yoani Sanchez en Generación Y publicou hoje um post que faz lembrar os tempos da luta contra a ditadura em Portugal: Red ciudadana. Hoje como antes “no hay nada que me resulte más atractivo que aquello que se me impide hacer.” Aqui está um sentimento que Fidel deveria conhecer melhor do que ninguém!
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NEM SEMPRE A CULPA MORRE SOLTEIRA

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segunda-feira, junho 30

UM PRÉMIO

Lara Silva e Manuel Graça vencem o prémio
“Best Delegate Award”

Estou proibido pelo meu filho Manuel de usar imagens suas mas no caso em apreço não estou a transgredir. A imagem surge no site da Escola Alemã de Lisboa associada à divulgação de um prémio, obtido no English Modellparlament in St. Petersburg. Só mesmo quem o conheça será capaz de o identificar.
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CHARLIZE THERON - MADAME FIGARO



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PORTUGAL EM JUNHO DE 2008 SEGUNDO A OCDE

(*) Étude économique du Portugal, 2008

Le Portugal a grandement progressé dans l’assainissement budgétaire et lancé d’importantes réformes structurelles pour moderniser son économie et accélérer sa croissance. Après les performances médiocres de 2001 à 2005, la croissance de la production s’est améliorée ces deux dernières années pour atteindre 1.9 % en 2007, taux encore insuffisant pour combler le net écart de revenu par rapport aux pays plus riches de l’OCDE. Pour tirer pleinement parti de la mondialisation grâce à une croissance plus forte et plus durable et une baisse durable du chômage, il faudra consolider l’assainissement des finances publiques, améliorer l’environnement des entreprises et rendre le marché du travail plus adaptable.
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sexta-feira, junho 27

CABO VERDE - GOVERNO PARITÁRIO

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SENHORIO - UMA LINDA PALAVRA

Gary Cawood

o sequestro dos senhorios

Abordei o tema, recentemente, aqui. Quem conheça minimamente o assunto sabe que se trata de um festival de horrores. A “nova” Lei do Arrendamento é um nado morto. Essa é que é realidade. O governo tem que ter a coragem de avaliar os resultados da aplicação dessa “nova” lei e proceder em conformidade. Ou a coisa só se resolverá através de uma catástrofe natural?
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quinta-feira, junho 26

OBAMA NA FRENTE

Uma sondagem, realizada pela Universidade de Quinnipiac, divulgada hoje, incidindo nos estados de Colorado, Michigan, Minnesota e Wisconsin aponta para uma vitória clara de Obama nas próximas eleições presidenciais americanas. Obama congrega os votos das mulheres, das minorias e dos jovens eleitores. Se nada de essencial mudar até Novembro estamos nas vésperas de assistir, com a eleição de Obama, a um acontecimento histórico .
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FRANCISCO MARTINS RODRIGUES (Entrevista)

Uma entrevista a Francisco Martins Rodrigues, por Miguel Cardina, (1) e (2), em Caminhos da Memória.
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EDP - AGORA AS "PUXADAS"


A EDP prossegue a sua campanha para pressionar a opinião pública no sentido dos clientes cumpridores assumirem as suas perdas. A entidade reguladora faz o seu papel, apresenta propostas, coloca-as à discussão pública, mas o tema é excessivamente técnico para que qualquer vulgar cidadão possa participar na discussão. Assim resta-nos, no papel de consumidores de energia, fornecida em regime de quase monopólio pela EDP, reclamar que não nos obriguem a pagar as dívidas incobráveis e os roubos. Dizem-me os cépticos que havemos de pagar de qualquer maneira. Mas, se for esse o caminho, sem concorrência a sério nem imaginação realista, podem acreditar que as dívidas incobráveis e as “puxadas” vão continuar a subir em flecha.
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quarta-feira, junho 25

INATEL FUNDAÇÃO

Darryl Baird

Foi hoje publicado em DR o diploma que institui a Fundação INATEL, “pessoa colectiva de direito privado e utilidade pública”. Muitos anos depois é consagrada, em forma de lei, uma ideia cuja paternidade reivindico. Já abordei o tema, de forma estruturada, em diversos artigos e posts dos quais respigo este e este. Sublinho, hoje, o que sempre afirmei a propósito do assunto: esta reforma, no essencial, e no detalhe, já estava pronta há dez anos (10). De qualquer maneira, como dizia o outro, mais vale tarde do que nunca. Voltarei ao assunto pois nunca nada do que nos ocupa muito tempo na vida deixa, verdadeiramente, de nos interessar.
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George Lucas Calls for 'Third Internet'

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LORENZO HOMAR

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OS RICOS QUE PAGUEM A CRISE?


A ideia de aumentar os impostos sobre os imóveis (vulgo casas), em particular, as que se destinam ao arrendamento é muito fácil de proclamar e parece simpática aos ingénuos crentes no velho ideário socialista. Mas, na verdade, trata-se de um notável contributo para o suicídio eleitoral do governo socialista. Os proprietários que arrendam casas pagam impostos sobre os rendimentos além de taxas municipais. Na esmagadora maioria dos concelhos o IMI e as taxas têm aumentado substancialmente pois os municípios carecem de receitas como de pão para a boca. Por outro lado a nova lei do arrendamento, apresentada como um trunfo, é um rotundo fracasso. Pergunto-me, aliás, acerca das razões da melancolia que reina no governo a este propósito. Acontece que, como é público e notório, estalou uma crise profunda na construção civil, a nível internacional, atingindo duramente os mercados adjacentes, que em Espanha, num curtíssimo espaço de tempo, atingiu um elevado grau de intensidade. O governo de Espanha, entre outras respostas à crise, antecipou a extinção do chamado Impuesto del Patrimonio, medida que consta do seu programa de governo. Em Portugal a crise parece não ser levada a sério e o governo até se dá ao luxo de fazer anúncios de agravamento de impostos que parecem inspirados naquele velho slogan da UDP: “Os ricos que paguem a crise”! A Dra. Manuela Ferreira Leite agradece pois este é um item importante das suas, por enquanto, ideias soltas a respeito da classe média e da sua agonia. O assunto é sério!
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terça-feira, junho 24

PARIDADE

Marina Edith Calvo

A questão da paridade, ou seja, para falar curto e grosso, da participação das mulheres na vida política está consagrada, em Portugal, através da Lei Orgânica n.º 3/2006, de 21 de Agosto.

Lei da paridade: estabelece que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para as autarquias locais são compostas de modo a assegurar a representação mínima de 33% de cada um dos sexos.

Manuela Ferreira Leite, na composição dos órgãos dirigentes do PSD, deu um sinal negativo à sociedade. Nada a obrigava a fazer diferente mas está obrigada a cumprir, em todas as eleições, no ano de 2009, (e todas se realizam nesse ano), a lei da paridade.

Ora aqui está uma boa oportunidade para o PS dar um passo em frente, colocando-se na vanguarda, a exemplo do PSOE, exigindo a si próprio a constituição de listas verdadeiramente paritárias: 50% homens, 50% mulheres ou, no mínimo, com uma representação feminina sempre acima dos 33% impostos pela lei. Esta não é uma questão de mais ou menos obras públicas mas uma questão da qualidade da própria democracia. Esperemos para ver!
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Dias com árvores

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Gitanos en la pasarela de Milán

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segunda-feira, junho 23

MANUELA FERREIRA LEITE E AS MULHERES

Todd Stewart

Ontem terminaram os trabalhos do Congresso do PSD. Em continuação assinalo como verdadeiramente interessante: 1) salvo o caso de partidos minoritários, sem expressão parlamentar, (Isabel do Carmo e Carmelinda Pereira) é a primeira vez que uma mulher alcança a liderança de um grande partido da área do poder; 2) Apesar da presidência do PSD ser ocupada por uma mulher a Comissão Política é composta por 6 (seis) vice-presidentes integrando somente uma mulher e onze (11) vogais integrando, também, somente uma mulher; 3) o Conselho de Jurisdição Nacional, composto por 9 membros, integra somente uma (1) mulher, oriunda da lista de Passos Coelho; 4) o Conselho Nacional, principal órgão entre congressos, em 55 membros, integra apenas duas (2) mulheres ocupando os lugares – 29º e 37º. Nenhuma delas é oriunda da lista apresentada por Manuela Ferreira Leite; 5) para ser exaustivo, a Mesa do Congresso, integra em sete (7) membros duas (2) mulheres – o rácio menos mau.

Conclusão: no que respeita à questão do género, o PSD, saído deste Congresso, é um lamentável mundo de homens, um partido desfasado da realidade social, paradoxalmente, presidido por uma mulher. Manuela Ferreira Leite andou muito distraída na constituição das suas listas, ou melhor, foi consequente com a sua ideologia passadista: as mulheres querem-se em casa a tratar da família … nunca em lugares dirigentes. Quando comecei a fazer as contas nem queria acreditar: Manuela Ferreira Leite é afinal um ícone do poder masculino usando a sua qualidade de mulher, exclusivamente, para fins de pura propaganda.

FRANCISCO MARTINS RODRIGUES (CONCLUSÃO)

In Memoriam de Francisco Martins Rodrigues
(VI Parte e conclusão)
(Todos os posts aqui).
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domingo, junho 22

CONGRESSO DO PSD


Hoje terminam os trabalhos do Congresso do PSD. Verdadeiramente interessante: 1) a Comissão Política – órgão executivo - que sairá deste congresso não integra nenhum elemento da anterior (ruptura total); 2) foram apresentadas dez (10) listas para o Conselho Nacional, principal órgão do partido entre Congressos (divisão máxima); 3) o anterior líder Luís Filipe Menezes praticamente não foi referido (a rasura da memória); 4) Santana Lopes remeteu-se ao papel de militante de base (o "príncipe" simulando a retirada).

Este é o Congresso da balcanização do PSD tendo sido traçadas as fronteiras entre tendências e grupos hostis, com base em regiões e interesses, corporações e lugares, ressentimentos e vinganças … A nova líder madura pela idade, mas imatura pela experiência partidária, sem desígnio nem programa, dedicar-se-á a gerir uma espécie de populismo iluminado, no qual o silêncio substitui a grita de todos os descontentamentos.

Daqui a uns tempos Manuela Ferreira Leite sairá, sem honra nem glória, amofinada com os que, no interior do seu castelo, a não deixaram trabalhar e derrotada por aqueles que, no poder, ocupam o espaço político que é o seu. O seu “inimigo” não está em S. Bento, mas em sua própria casa; o seu “amigo” está em Belém, mas a amizade pessoal é “inimiga” da aliança política. Olhemos atentos em nosso redor!
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sexta-feira, junho 20

AQUECIMENTO GLOBAL



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UNIÃO EUROPEIA LEVANTA EMBARGO A CUBA

Thomas Dworzak - CUBA. Havana. March 2006. Ripped off government propaganda.

Uma transição pacífica para a democracia política em Cuba – que, pelo menos, aparentemente parece estar longe – não poderia sequer ser equacionada com a continuidade da política de sanções quer por parte da UE, quer dos Estados Unidos.

É mais fácil começar pela UE, com a Espanha na alinha da frente, mas Obama, caso seja eleito, também pode vir a influenciar, fortemente, a quebra do isolamento político de Cuba.

O regime cubano já deu mostras de estar disponível para encetar uma política de reformas pressionado pela situação de descontentamento, cada vez mais alargada, em sectores diversificados da sociedade cubana.

Para que essas reformas avancem e se aprofundem, nos planos económico e político, os embargos, sanções e medidas de isolamento, por parte de países ou blocos de países, não ajudam nada.
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Estados Unidos, Europa y los Derechos Humanos - Fidel desdenha da abertura política anunciada pela UE face a Cuba. Quererá Fidel que o mundo se renda às virtudes do seu regime? Advogue a aprovação de uma lei da liberdade de imprensa em Cuba ou uma amnistia para os presos políticos. Essas medidas básicas e elementares em qualquer abertura democrática. Não o faz e mesmo assim desdenha da abertura política anunciada pela UE!
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quinta-feira, junho 19

PORTUGAL 2 - ALEMANHA 3

Acabou a participação da selecção portuguesa no Europeu de Futebol. Neste jogo com a Alemanha parece ter faltado à selecção portuguesa algo mais do que o talento individual da maioria dos seus jogadores. Segue-se o Mundial de Futebol, na África do Sul, em 2010. Vamos continuar a ser fortes de bola mas a era Scolari acabou. Mais tarde será possível fazer todas as comparações. Neste momento poupo-me à ingratidão!
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OBAMA

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CRISTIANO RONALDO

VICTOR WENGOROVIUS

Um texto que escrevi em memória de Victor Wengorovius retomado pela Joana Lopes nos Caminhos da Memória.

A propósito de uma homenagem familiar que se realiza hoje e que a sua filha Marta apresenta assim:

Na rua

Vimos convidar para participar num encontro de registo de memórias e empatias de Victor Wengorovius. O encontro será realizado no Jardim do Príncipe Real, mais precisamente junto ao quiosque do Oliveira.

Escolhi um encontro para o meu pai ao ar livre por razões que a todos os que o conheceram devem fazer sorrir: na verdade procurava uma esquina, e uma esquina porque há uma estória de que gosto muito: conta a Sofia que um dia encontrou o pai numa esquina dentro do centro comercial das amoreiras, o centro estava cheio de gente e o pai estava tranquilamente numa esquina a ler um livro de poesia… (porque o pai sempre referiu este seu tão doce e forte mistério: sou nervoso por fora e calmo muito calmo por dentro - frase que repetiu até ao fim da sua vida)

Também a rua porque era natural, ao passear com meu o pai, encontrar pessoas na rua que o gostavam de ver e trocar estórias…Victor mudaste a minha vida é uma das frases que me lembro. Essa acção cívica penso que era parte da acção politica do meu pai.

Para não falar da estória da bomba de gasolina em que o senhor da bomba perguntava ” Dr. é para atestar ou para encostar? e dormitar…

Na rua para que o pai reparasse em tudo o que estava à sua roda sobretudo: as pessoas mas também as flores, os cães…

Com esse reparo, com essa atenção construiu ao longo de toda a vida um testemunho por contar que está dentro de cada um de nós.

O meu pai escrevia muito bem e com uma letra bonita, mas isso significava um uso do tempo que lhe roubaria tempo de vida visível, aquela que era feita de interacção e da qual ele não prescindia.

Através dessa vida visível, dessa vida acontecida ao vivo fez também o seu percurso político, e também este está por contar ou sobretudo por reunir e entender porque mais uma vez foi urgente viver a politica, faze-la acontecer mais do que escreve-la.

Penso que há também algumas originalidades nesse estar politico que com muito gosto quero registar neste encontro. Secalhar, assim como o pai não prescindia desse lado de acção (deixando a contemplação para ao seus tempos a sós onde fotografava velozmente em sequencias quase fílmicas tudo o que lhe despertava empatia, saboreava a vida, reflectia atenciosamente, lia, fazia sumos de laranja e apanhava todos os papelinhos que encontrava no chão, dobrava a roupa cuidadosamente como a Rita um dia me chamou atenção ao ver as fotografias tiradas pelo pai verifica-se e visualizasse esta atenção) também eu proponho como registo um registo visível e oral e em festa em detrimento de esperar anos pelo texto que não faremos tão cedo….

Assim peço que neste dia (onde o meu pai faria 71 anos) me passem para a câmara esta sequência, nunca organizada, de alguma dessas estórias que correspondem para mim à vida visível, activa do meu pai.


O meu pai deixou para todos nós esta ideia de um registo posterior, uma tarefa de realizar um puzzle (a sua vida politica como a de afectos foi vivida em peças) onde o fio à meada terá que ser descoberto por nós. E todos nós sabemos que a vida do meu pai nesse sentido está por contar… (de novo sobretudo por juntar) e que esse quase jogo implica um convívio entre nós, umas trocas de impressões (!) e que este faria todo o sentido ser a sua proposta a todos nós.

(1) Escreve o pai no seu livro de curso


quarta-feira, junho 18

"CUBA ME DÓI"

O Mauro Malin publicou no Museu da Pessoa uma entrevista que Yoani Sánchez lhe concedeu, via telefone. Traduziu-a para português e colocou-a à disposição de todos, com voz áudio. Tendo o Mauro descoberto que me interesso pela realidade de Cuba, e pela sua entrevistada, teve a amabilidade de me enviar uma mensagem de alerta. Obrigada. Vale a pena ler e/ou ouvir pois é uma bela reflexão acerca da vida e da política. Que viva!

Assim fala Yoani Sánchez: “No bairro muito humilde chamado Centro Havana, com uma mistura de marginalidade e gente do povo, onde nasci, cresci até os 15 anos. Tive uma adolescência feliz, tranqüila. Mas o fundamental de minha adolescência foram as aflições materiais, produto da crise econômica cubana.

A faculdade foi um período ao mesmo tempo difícil e lindo. Conheci meu marido, Reinaldo Escobar, e nasceu meu filho, Teo.

Em 2002, a asfixia econômica em Cuba e também a sensação de asfixia pela falta de liberdade me levaram a emigrar para a Suíça. Lá vivi dois anos. Para voltar a morar em Cuba, em 2004, tive que entrar como turista e destruir meu passaporte.

Na minha vida não tenho muitos paradigmas de pessoas importantes ou gente famosa. Ao contrário, sou permanentemente influenciada pelas pequenas pessoas – meus amigos, alguém que compõe uma canção, alguém que me conta algo na rua. E tenho também algumas premissas na vida. Uma delas é cada dia avançar um pouco mais na tolerância. A sociedade cubana necessita que os indivíduos aprendam a tolerar a diferença, as opiniões que não são similares às suas.

Não me agradam os apáticos. Meu país me dói. Se nada me importasse, se eu me alienasse de minha realidade, não escreveria as coisas que escrevo.

Em Cuba, respiramos política, comemos política. Eu me considero uma pessoa que é da sociedade civil, tratando de descrever como vive e de conectar-se com outras pessoas da sociedade civil. Claro, para o governo isso é oposição. Mas eu mesma não me defino como uma opositora.

A questão da comida é, no momento, uma preocupação geral dos cubanos. A maioria dos alimentos necessários para sobreviver não tem um preço correspondente aos salários.

Quase a cada minuto temos que transpor a linha entre a legalidade e a ilegalidade. Em Cuba, o mercado negro é muito importante para sobreviver.

Eu prefiro o anonimato, que nos permite criar com mais tranqüilidade, observar com mais objetividade. E penso que, se os políticos tivessem a intenção de ser mais anônimos, menos espetaculares, os problemas que temos se resolveriam melhor.

Tenho sonhos de viver numa Cuba plural, inclusiva, onde caibamos todos. Quero que meu filho encontre um espaço nesta Cuba onde hoje tantos jovens emigram, que ele não tenha que emigrar para ter uma profissão, para poder ter um teto próprio, manter sua família. Sonho que a sociedade civil cubana desperte, que não se deixe guiar por ideologia nem por líderes carismáticos, e que sinta que o país pertence à sociedade civil, que somos nós os responsáveis pelo que aqui se passa.”

Fiz por telefone uma entrevista de 40 minutos com Yoani Sánchez, no dia 13, depois de ler todos os tópicos de seu blogue. A conversa foi gravada, com autorização dela, e está reproduzida em seguida, dividida em treze partes, para facilitar a audição. Uma tradução para o português acompanha cada parte da gravação.

O segredo do blogue de Yoani Sánchez é que ela tem muito tempo para pensar e pouco tempo para colocar na internet o que escreve. Ou seja, muito tempo para pensar no que publica. Resultado: escreve pouco e bem.

Depois que se ouve essa jovem dizer que tem como premissa avançar a cada dia um pouco mais no caminho da tolerância, não será temerário prever que, seja qual for o desenlace da etapa castrista, Yoani Sánchez terá um papel relevante na sociedade cubana. Boa sorte.
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Parece que Fidel Castro, o próprio, já deu pela existência de Yoani Sanchez en Generación Y e esta, com suprema ironia, considera que a resposta ao dignitário é Cosas de hombres. Vai daí passa a palavra ao marido, o jornalista Reinaldo Escobar, que responde a Fidel: Sobre el tejado de vidrio . Isto está a aquecer!
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Cyd Charisse


Há imagens que habitam a nossa cabeça fazendo parte da nossa vida. Vá lá saber-se porquê a imagem da Cyd Charisse é uma daquelas que, desde há um ror de anos, habita a minha. Acho que sei a razão: sempre gostei de dança e de Music hall e Cyd Charisse fez parte da iniciação ao meu gosto pelo género.
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Bem me parecia que tinha o cromo de Cid Charisse (nº97) da "Colecção de 210 fotografias de artistas de cinema" - Cine-Foto - edição da Editorial Ibis. No verso da fotografia, de época, reza assim: "CID CHARISSE, nasceu em Amarillo, Texas, em 8 de Março de 1930. Fez parte da companhia de Ballet Russo, até que Hollywood a contratou para interpretar "Festa Brava". Foi considerada por Gene Kelly como das mais excepcionais bailarinas de todos os tempos."
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