segunda-feira, maio 3

Vítimas ou carrascos

"Detidos em Abu Gharaib foram sujeitos a "abusos criminosos, sádicos e gratuitos"
Abusos a presos iraquianos eram "encorajados" pelos responsáveis dos interrogatórios" - Público

Estas notícias só são surpreendentes para quem não tenha entendido que estamos confrontados, no Iraque e não só, com uma guerra de seitas dirigidas por gente iluminada pela fé que encobre os mais lucrativos negócios.

Essa gente está de ambos os lados da barricada nos mais altos cargos. Claro que ninguém pode, em boa verdade, dispensar a fé e os negócios. Não somos ingénuos. Mas a civilização ocidental que apregoa, todos os dias, os seus pergaminhos de defensora dos direitos humanos e de prosseguir a senda do progresso, a passos gigantescos, deveria ser capaz de banir os assassinos das suas fileiras.

Ou a acção dos assassinos faz parte integrante de uma filosofia e de um programa de legitimação universal da política dos dirigentes no poder nos EUA e em Israel? Há um terrorismo "bom" e outro "mau"? Os direitos humanos são defendidos pelo terrorismo "bom" executado por "bons" assassinos? Ou são todos igualmente desprezíveis mesmo que a retórica de uns e de outros os procure desculpar e justificar à sua maneira?

É possivel que tenhamos atingido o ponto em que esta frase, desencantada, de Camus assume, novamente, actualidade: "Vivemos num mundo em que é preciso escolher sermos vítimas ou carrascos - e nada mais".


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