sexta-feira, maio 28

Parapente em Linhares, acabou?

O António Aguiar meio desesperado, meio indignado, enviou-me este email. Também o enviou para o Pedro Pedrosa e não só... Transcrevo-o quase na íntegra, com ligeiras adaptações, apesar de ser longo. Mas é uma causa comum pela qual vale a pena lutar e que não considero perdida.

"Quero agradecer-lhes o facto de, através do blog Absorto, se terem publicamente insurgido contra o abandono de Linhares como local privilegiado de voo em parapente. Li os alertas "Parapente em Linhares acabou?", "Em defesa do Open de Parapente de Linhares" e "Oportunismo Amorfo ou o (Des)Envolvimento", que estão aqui e aqui apesar de ser necessário procurar um pouquinho.

De facto, apesar dos vossos alertas e de alguma imprensa regional o ter referido, parece que é o fim do parapente em Linhares. É que, ao que parece, os pilotos estão resignados ou esquecidos das glórias que este desporto ali alcançou. Esquecidos também, os habitantes, para quem a procura de Linhares por forasteiros nada parece ter significado ou, talvez, não tenham ainda notado que este ano não há Open de Parapente.

Mas esta súbita desistência por todos, inclusivamente pelos autarcas que se limitam a negar a evidência e a nada fazerem para evitar este abandono, não é estranha? Então o parapente em Linhares não era uma instituição turística e desportiva nacional? Procurada por pilotos e espectadores de todo o País e estrangeiro?

Há cerca de dois meses, uma notícia d'"O Interior" dizia: ""O que pretendemos é que o Inatel mantenha os meios logísticos afectos ao parapente e a Linhares da Beira e isso está assegurado", refere António Caetano, edil celoricense, que não duvida que a actividade vai continuar e com "mais força"." Farão sentido estas afirmações? A consequência destas declarações foi ou não foi adormecer a imprensa?

E que faz o Inatel? Limita-se a entregar as casas à autarquia. Mas a autarquia já há muito que sabíamos que não nos queria lá (basta ver como encerraram, com o jantar, o último Open...). Sabia-se que, enquanto lá estivéssemos, não havia parque eólico. Agora o caminho está livre: os pilotos não aparecem, o acesso à descolagem está vedado (uma novidade...) e há um comerciante local que, por três moedas, parece assustar os pilotos.

Os instrutores que até há poucos meses lá estiveram eram o pólo aglutinador dos pilotos nacionais. Acaso sabem se, entretanto, algum instrutor foi contactado pelo Inatel ou pelas autarquias para assegurar a continuidade do parapente em Linhares? Receio bem que ninguém tenha sido contactado.

E já agora, permita-se-me colocar uma dúvida antiga: porque é que o vosso Inatel não percebeu que a verdadeiro eixo do parapente na Serra da Estrela passava pelos instrutores que lá estavam? Porque é que eles, sendo tão importantes para a modalidade, estavam tão longe das responsabilidades duma Instituição que tanto apoiava este desporto, mas que os deixava, ano após ano, na incerteza da prorrogação do seu trabalho de instrutores?

Mais uma vez me afirmo grato pelo vosso interesse, especialmente pelo facto de saber que não são praticantes de parapente, nem têm já vínculo ao Inatel. Na ténue esperança de que esta mensagem e o blog Absorto (...) possam vir a despertar os adormecidos e aéreos praticantes, vou remeter esta mensagem para quantos pilotos conheço.

P.S.: Não é a primeira vez que lhes escrevo: há cerca de dois anos e meio coube-me a mim, quando tinha responsabilidades federativas, alertar o (extinto) IPAMB para o perigo das torres eólicas na Cabeça Alta. Fi-lo com a ajuda do Vítor Baía e do Carlos Vaz (Clube Vertical). Porque há argumentos incontornáveis, e com o vosso apoio e de outras conceituadas instituições ganhámos aquela batalha. Veremos por quanto tempo...

Terá valido a pena?"


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