quinta-feira, maio 6

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

É surpreendente a capacidade para descobrir o já descoberto. As notícias da presidência aberta acerca do "estado da educação" são pontuadas, aqui e ali, por uma ignorância profunda dos jornalistas que asseguram a cobertura. A realidade resiste a ser descoberta desde que não esteja no terreno do interdito, ou seja, do socialmente escandaloso.

O estereótipo das antigas "escolas técnicas" substitui no imaginário colectivo a realidade do presente ensino profissional. Não há já em lado nenhum o antigo "ensino técnico". Deixou marcas mas morreu. Não se recomenda. Era fruto de uma cultura elitista. Eu fiz exame de admissão, como os jovens da minha geração que concluíam a 4ª classe, ao liceu e à "escola técnica". Passei nos dois. Fui para o liceu!

Havia uma profunda diferenciação social e de expectativas de futuro entre uma e outra opção. O acesso à escola massificou-se, ao longo dos anos 60, explodindo depois do 25 de Abril.

Hoje existe, em Portugal, ensino tecnológico e profissional, frequentado por 30% dos alunos do Ensino Secundário. No ano lectivo de 2003/2004 frequentavam o Ensino Secundário Regular 277.883 alunos, sendo que destes 83.469 frequentaram o ensino tecnológico e profissional. Destes, 31.702 frequentam 264 Escolas Profissionais. (Os números são referentes a Portugal Continental).

Em 1989 o número de alunos que frequentavam o Ensino profissional era próximo de zero. Estamos afastados da meta dos 50% mas em 14 anos atingir os 30% é obra. Não sejamos masoquistas. A questão do abandono escolar é outro assunto. Mas o ensino profissional á uma boa ajuda também para esse combate. A sociedade portuguesa vive na expectativa de acolher jovens quadros técnicos formados no ensino tecnológico e profissional. Aí completam o ensino secundário, ou seja, o 12º ano.

Conheço essa realidade. Estive associado, de 1989 até 1993, à criação das Escolas Profissionais. Não são uma alternativa menor. São sim uma alternativa maior. Este projecto já está descoberto e no terreno há muitos anos. É preciso é que lhe seja dada a devida importância política e apoio institucional para que possa crescer e desenvolver-se no interesse nacional e prosseguindo os objectivos definidos pela chamada estratégia de Lisboa da U.E..

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