Uma Exposição de Livros, editados pelo Ministério da Educação, vulgo Feira do Livro, exclusivamente acerca de temas da educação, é a actividade a que tenho dedicado o meu tempo nos últimos dias. Presente no “Espaço Noesis” – Av. 24 de Julho – 140 C – até à próxima 6ª feira. Quando se abordam os temas da educação, com seriedade, apesar de todas as dificuldades e distorções, percebem-se os grandes avanços alcançados nesta área, em Portugal, nos últimos anos e que prosseguirão, certamente, no próximo futuro.
Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
quinta-feira, outubro 26
quarta-feira, outubro 25
PRESIDENCIAIS - FRANÇA
Fotografia Daqui
Ségolène Royal caminha para a Presidência de França. É mulher e dizem que é atraente. Todas as evidências apontam nesse sentido. Ainda bem. A sua imagem faz caminho pois vivemos numa democracia mediática. As suas ideias são bastante claras e soltam-se da cartilha da esquerda tradicional. Os socialistas agitam-se. Ainda bem. A França agita-se. A democracia política agradece. Mas, suponho, que no imaginário dos franceses deve bailar este pequeno problema: nunca a França se confrontou com uma hipótese credível de eleger um presidente – mulher. Isso é duro. Soltam-se os demónios, quer à esquerda, quer à direita. Os conservadores “do género” distribuem-se por todos os lados do hemiciclo.
Entretanto o debate político entre os candidatos a candidatos socialistas às presidenciais francesas está a aquecer. Os socialistas portugueses deveriam segui-lo com atenção. Não se trata de seguidismo em relação aos temas centrais desse debate mas, quer-me parecer, que há matérias merecedoras de atenção e que devem ser levadas a sério.
Royal se impone a sus rivales en el tercer debate de los candidatos socialistas franceses
Ségolène Royal caminha para a Presidência de França. É mulher e dizem que é atraente. Todas as evidências apontam nesse sentido. Ainda bem. A sua imagem faz caminho pois vivemos numa democracia mediática. As suas ideias são bastante claras e soltam-se da cartilha da esquerda tradicional. Os socialistas agitam-se. Ainda bem. A França agita-se. A democracia política agradece. Mas, suponho, que no imaginário dos franceses deve bailar este pequeno problema: nunca a França se confrontou com uma hipótese credível de eleger um presidente – mulher. Isso é duro. Soltam-se os demónios, quer à esquerda, quer à direita. Os conservadores “do género” distribuem-se por todos os lados do hemiciclo.
Entretanto o debate político entre os candidatos a candidatos socialistas às presidenciais francesas está a aquecer. Os socialistas portugueses deveriam segui-lo com atenção. Não se trata de seguidismo em relação aos temas centrais desse debate mas, quer-me parecer, que há matérias merecedoras de atenção e que devem ser levadas a sério.
Royal se impone a sus rivales en el tercer debate de los candidatos socialistas franceses
RUY BELO
e neste momento eu sei eu sinto ao certo o que significam certas palavras como a palavra paz
Deixa-te estar aqui perdoa que o tempo te fique na face na forma de rugas
perdoa pagares tão alto preço por estar aqui
prossegue nos gestos não pares procura permanecer sempre presente
deixa docemente desvanecerem-se um por um os dias
e eu saber que aqui estás de maneira a poder dizer
sou isto é certo mas sei que tu estás aqui
Ruy Belo
Tu Estás Aqui – in “Toda a Terra”
Tu Estás Aqui – in “Toda a Terra”
[Excerto de um dos mais belos poemas da língua portuguesa. Repito depois de o ter lido na íntegra na Catedral.]
terça-feira, outubro 24
A REGRA E A EXCEPÇÃO
Fotografia de Angèle
O PRACE que é como quem diz o programa da reforma da administração central do estado está para ser posto no terreno. Esta reforma, se for para ser desenvolvida a sério, não é uma operação de cosmética. É uma componente importante de uma profunda reforma da administração central que tinha sido prometida por todos os governos, sem excepção, mas nunca levada à prática.
Nas palavras do senhor ministro das finanças no próximo mês de Janeiro a lei será trocada por miúdos. As novas leis orgânicas dos Ministérios, com excepção da Defesa, já foram promulgadas pelo PR. Uma consequência imediata da entrada em vigor das leis orgânica é a queda de todas as chefias da administração. Todas!
Incluindo o Director Geral das Contribuições e Impostos. Se for reconduzido nas condições actuais, em particular no que respeita ao estatuto remuneratório, o governo vai ter de explicar – muito bem explicadas – as razões políticas e técnicas, dessa e de todas as restantes excepções.
Todas a regra tem excepção mas há excepções que envenenam a regra.
O PRACE que é como quem diz o programa da reforma da administração central do estado está para ser posto no terreno. Esta reforma, se for para ser desenvolvida a sério, não é uma operação de cosmética. É uma componente importante de uma profunda reforma da administração central que tinha sido prometida por todos os governos, sem excepção, mas nunca levada à prática.
Nas palavras do senhor ministro das finanças no próximo mês de Janeiro a lei será trocada por miúdos. As novas leis orgânicas dos Ministérios, com excepção da Defesa, já foram promulgadas pelo PR. Uma consequência imediata da entrada em vigor das leis orgânica é a queda de todas as chefias da administração. Todas!
Incluindo o Director Geral das Contribuições e Impostos. Se for reconduzido nas condições actuais, em particular no que respeita ao estatuto remuneratório, o governo vai ter de explicar – muito bem explicadas – as razões políticas e técnicas, dessa e de todas as restantes excepções.
Todas a regra tem excepção mas há excepções que envenenam a regra.
segunda-feira, outubro 23
ESPLANADA S. LUIZ PARQUE
Fotografia cedida por ”A Defesa de Faro”
Na esplanada aberta
ao mundo
o revejo
cintilante e calmo
e não sei porquê
me deu vontade
de chorar num tempo
tão distante.
Morreu Raf Valone
a notícia de jornal
mostra seu rosto
traço a traço
igual ao desenho
que minha memória
a preto e branco
dele fazia.
Raf Valone
estrela cadente
que se via no céu
virando os olhos ao alto
na sala sem tecto
ouvindo da rua
o chiar da máquina
desafiando o tempo.
Não sei quantos de nós
deram por ele morto
mas eu dei
no tempo certo
e lembrei aquele lugar
mágico
com amigos mortos
lá dentro.
Um adeus meu
quanto vale? nada!
Mas um dia
na reposição de uma fita
daquelas a sério
eu vou ver-te na esplanada
às escondidas
e só nós saberemos.
Faro, 09 de Novembro de 2002
Na esplanada aberta
ao mundo
o revejo
cintilante e calmo
e não sei porquê
me deu vontade
de chorar num tempo
tão distante.
Morreu Raf Valone
a notícia de jornal
mostra seu rosto
traço a traço
igual ao desenho
que minha memória
a preto e branco
dele fazia.
Raf Valone
estrela cadente
que se via no céu
virando os olhos ao alto
na sala sem tecto
ouvindo da rua
o chiar da máquina
desafiando o tempo.
Não sei quantos de nós
deram por ele morto
mas eu dei
no tempo certo
e lembrei aquele lugar
mágico
com amigos mortos
lá dentro.
Um adeus meu
quanto vale? nada!
Mas um dia
na reposição de uma fita
daquelas a sério
eu vou ver-te na esplanada
às escondidas
e só nós saberemos.
Faro, 09 de Novembro de 2002
ENVELHECIMENTO
Marilyn Monroe
Já há muito tempo que diagnósticos, como este, estão feitos. Pela parte que me toca, na modéstia da minha participação cívica activa já escrevi, umas vinte vezes, acerca do tema do envelhecimento demográfico e das suas consequências na sustentabilidade da segurança social e da viabilidade, em geral, do “estado providência”.
Os remédios preconizados são conhecidos: cada um de nós tem de trabalhar até mais tarde; têm que ser criados desincentivos às reformas antecipadas; mecanismos de diferenciação positiva em benefício das famílias com mais filhos; a imigração tem que crescer e organizar-se conforme o modelo de especialização produtiva de cada país; a legislação laboral tem que ser flexibilizada …
Na sua maioria tratam-se de medidas politicamente incorrectas para a esquerda tradicional mas indispensáveis para salvar o essencial do “estado previdência”. Aquela esquerda que se vangloria da defesa dos chamados “direitos adquiridos” é, assim, colocada perante uma questão simples: ou muda ou morre!
Já há muito tempo que diagnósticos, como este, estão feitos. Pela parte que me toca, na modéstia da minha participação cívica activa já escrevi, umas vinte vezes, acerca do tema do envelhecimento demográfico e das suas consequências na sustentabilidade da segurança social e da viabilidade, em geral, do “estado providência”.
Os remédios preconizados são conhecidos: cada um de nós tem de trabalhar até mais tarde; têm que ser criados desincentivos às reformas antecipadas; mecanismos de diferenciação positiva em benefício das famílias com mais filhos; a imigração tem que crescer e organizar-se conforme o modelo de especialização produtiva de cada país; a legislação laboral tem que ser flexibilizada …
Na sua maioria tratam-se de medidas politicamente incorrectas para a esquerda tradicional mas indispensáveis para salvar o essencial do “estado previdência”. Aquela esquerda que se vangloria da defesa dos chamados “direitos adquiridos” é, assim, colocada perante uma questão simples: ou muda ou morre!
domingo, outubro 22
A HERANÇA MALDITA DE BUSH
"Em 20 de janeiro de 2009, George W. Bush, exceto se morrer, renunciar ou sofrer impeachment, será sucedido pelo 44º presidente dos Estados Unidos. Republicano ou democrata, o próximo presidente não herdará só uma série de crises, mas estará numa posição muito mais frágil para resolvê-las." - Michael Lind, PROSPECT MAGAZINE [“Estado de S. Paulo”.]
UMA VERDADE INCONVENIENTE
Imagem Daqui
Ontem vi, finalmente, “Uma verdade Inconveniente” um documentário baseado na acção de Al Gore em prol da preservação do ambiente. Uma aula, de hora e meia, acerca dos perigos que ameaçam o futuro do planeta terra, atraente e fundamentada, que deveria passar nos horários nobres das televisões e ser matéria de estudo nas escolas. Nada disto vai acontecer mas fica o meu desabafo que reproduz as palavras ditas pelo meu filho à saída do cinema.
Ontem vi, finalmente, “Uma verdade Inconveniente” um documentário baseado na acção de Al Gore em prol da preservação do ambiente. Uma aula, de hora e meia, acerca dos perigos que ameaçam o futuro do planeta terra, atraente e fundamentada, que deveria passar nos horários nobres das televisões e ser matéria de estudo nas escolas. Nada disto vai acontecer mas fica o meu desabafo que reproduz as palavras ditas pelo meu filho à saída do cinema.
sábado, outubro 21
VERDADE
SONJA THOMSEN
Fui posto no limbo do tempo
Sonhando com o futuro adiado
A vulgaridade envergonha-me
E a ousadia aconselha cuidado
Espera só um momento e olha
Para ti recorda-te pelo teu lado
O que mudou e o que está feito
É um pouco do que te foi dado
Olha a miséria do grito confuso
Que ecoa do fundo da sociedade
Talvez soletre mal esta palavra
Lhe falte sintaxe e maturidade
Todos os outros e nós reunidos
Consentimos tudo sem maldade
Saibamos ser fiéis às lágrimas
Incontidas em nome da verdade
Lisboa, 21 de Outubro de 2006
Fui posto no limbo do tempo
Sonhando com o futuro adiado
A vulgaridade envergonha-me
E a ousadia aconselha cuidado
Espera só um momento e olha
Para ti recorda-te pelo teu lado
O que mudou e o que está feito
É um pouco do que te foi dado
Olha a miséria do grito confuso
Que ecoa do fundo da sociedade
Talvez soletre mal esta palavra
Lhe falte sintaxe e maturidade
Todos os outros e nós reunidos
Consentimos tudo sem maldade
Saibamos ser fiéis às lágrimas
Incontidas em nome da verdade
Lisboa, 21 de Outubro de 2006
sexta-feira, outubro 20
A COPA DE "A BRASILEIRA"
Fotografias cedidas por “A Defesa de Faro”
Quando se exercitam as memórias exaltam-se os percursos humanos e profissionais daqueles que o tempo fez injustamente esquecer. A maioria esmagadora dos que, em cada época, fazem as cidades, as constroem e destroem, com seus méritos e defeitos, são engolidos pelo esquecimento.
Por isso me dá prazer apresentar as imagens e escrever as palavras, que chamam ao presente as pessoas, os factos, as instituições, o mundo com gente lá dentro, que me ajudaram a ser o que, hoje, sou.
As fotografias de “A Brasileira” mostram o espaço nas suas linhas sóbrias, na arquitectura e decoração, e as gentes que lhe deram vida, patrões, clientes, funcionárias e funcionários, na maioria jovens. Um espaço de memórias que, com uma nitidez impressionante, me faz presentes – como se fora hoje – o Sr. Inácio e a esposa e, pelo menos, dois funcionários do serviço de mesa, trajados a rigor, de onde sobressaem os laços.
Na cidade “A Brasileira” era, para mim, um espaço público que brilhava pelo esmero do atendimento e pela confecção dos produtos, pela claridade que o iluminava, como que uma extensão da rua onde se entrava na continuidade das caminhadas pela cidade. Nela eu buscava água fresca e gelados, talvez outras guloseimas, nada mais, o suficiente para me rever feliz num pedaço da minha juventude.
Havia outro espaço público na cidade com uma marca que ressoava a Brasil. Era o “Café Brasília”, lá mais para a baixa, entre ao antigo “Banco do Algarve” e o sobrevivente “Café Aliança”. Ao que julgo o baptismo de “Brasília”, ainda hoje presente na cervejaria que ocupa o mesmo lugar, decorre do facto do antigo proprietário ser um emigrante, regressado do Brasil, que resolveu homenagear a jovem capital do país irmão. E, se me não falha a memória, lembro-me de ter visto Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente do Brasil, aquando de uma visita a Faro, com o seu chapéu, visitar o café que ostentava o nome da cidade de sua criação.
Quando se exercitam as memórias exaltam-se os percursos humanos e profissionais daqueles que o tempo fez injustamente esquecer. A maioria esmagadora dos que, em cada época, fazem as cidades, as constroem e destroem, com seus méritos e defeitos, são engolidos pelo esquecimento.
Por isso me dá prazer apresentar as imagens e escrever as palavras, que chamam ao presente as pessoas, os factos, as instituições, o mundo com gente lá dentro, que me ajudaram a ser o que, hoje, sou.
As fotografias de “A Brasileira” mostram o espaço nas suas linhas sóbrias, na arquitectura e decoração, e as gentes que lhe deram vida, patrões, clientes, funcionárias e funcionários, na maioria jovens. Um espaço de memórias que, com uma nitidez impressionante, me faz presentes – como se fora hoje – o Sr. Inácio e a esposa e, pelo menos, dois funcionários do serviço de mesa, trajados a rigor, de onde sobressaem os laços.
Na cidade “A Brasileira” era, para mim, um espaço público que brilhava pelo esmero do atendimento e pela confecção dos produtos, pela claridade que o iluminava, como que uma extensão da rua onde se entrava na continuidade das caminhadas pela cidade. Nela eu buscava água fresca e gelados, talvez outras guloseimas, nada mais, o suficiente para me rever feliz num pedaço da minha juventude.
Havia outro espaço público na cidade com uma marca que ressoava a Brasil. Era o “Café Brasília”, lá mais para a baixa, entre ao antigo “Banco do Algarve” e o sobrevivente “Café Aliança”. Ao que julgo o baptismo de “Brasília”, ainda hoje presente na cervejaria que ocupa o mesmo lugar, decorre do facto do antigo proprietário ser um emigrante, regressado do Brasil, que resolveu homenagear a jovem capital do país irmão. E, se me não falha a memória, lembro-me de ter visto Juscelino Kubitschek de Oliveira, Presidente do Brasil, aquando de uma visita a Faro, com o seu chapéu, visitar o café que ostentava o nome da cidade de sua criação.
quinta-feira, outubro 19
LULA DESCOLA?
Fotografia de Cannelle
A pouco mais de uma semana da 2ª volta (2º turno) das eleições presidenciais no Brasil as sondagens parecem indicar uma consolidação da vantagem de Lula. A imprensa internacional assinala o facto: As presidenciais brasileiras vistas pelo "El Pais" e um blog português de referência, acerca de sondagens, também: "LULA DESCOLA?", no MARGENS DE ERRO
A pouco mais de uma semana da 2ª volta (2º turno) das eleições presidenciais no Brasil as sondagens parecem indicar uma consolidação da vantagem de Lula. A imprensa internacional assinala o facto: As presidenciais brasileiras vistas pelo "El Pais" e um blog português de referência, acerca de sondagens, também: "LULA DESCOLA?", no MARGENS DE ERRO
ACORDO NA VW
Imagem Daqui
Acordo na Autoeuropa
Trabalhadores aprovaram pré-acordo laboral - Os trabalhadores da fábrica de automóveis Autoeuropa, em Palmela, aprovaram hoje, com 62,2 por cento dos votos favoráveis, o pré-acordo estabelecido a semana passada com a administração da empresa.
"Trata-se de um acordo muito importante porque vai criar condições para a vinda de um novo veículo (o sucessor da Volkswagen Sharan), viabilizando a continuidade da fábrica por mais dez anos e a criação de mais três mil postos de trabalho", disse o coordenador da Comissão de Trabalhadores, António Chora.
[O outro lado da luta dos trabalhadores, neste caso, da indústria. É interessante verificar que têm ocorrido, com frequência, acordos entre entidades patronais e trabalhadores em diversos sectores da indústria ao contrário do que tem acontecido na maioria dos sectores da administração pública. O país, no entanto, é o mesmo.]
Acordo na Autoeuropa
Trabalhadores aprovaram pré-acordo laboral - Os trabalhadores da fábrica de automóveis Autoeuropa, em Palmela, aprovaram hoje, com 62,2 por cento dos votos favoráveis, o pré-acordo estabelecido a semana passada com a administração da empresa.
"Trata-se de um acordo muito importante porque vai criar condições para a vinda de um novo veículo (o sucessor da Volkswagen Sharan), viabilizando a continuidade da fábrica por mais dez anos e a criação de mais três mil postos de trabalho", disse o coordenador da Comissão de Trabalhadores, António Chora.
[O outro lado da luta dos trabalhadores, neste caso, da indústria. É interessante verificar que têm ocorrido, com frequência, acordos entre entidades patronais e trabalhadores em diversos sectores da indústria ao contrário do que tem acontecido na maioria dos sectores da administração pública. O país, no entanto, é o mesmo.]
quarta-feira, outubro 18
VILANCETE
Fotografia de sophie thouvenin
- Meu corpo, que mais receias?
- Receio quem não escolhi.
- Na treva que as mãos repelem
os corpos crescem trementes.
Ao toque leve e ligeiro
o corpo torna-se inteiro,
todos os outros ausentes.
Os olhos olham no vago
das luzes brandas e alheias;
joelhos, dentes e dedos
se cravam por sobre os medos …
Meu corpo, que mais receias?
- Receio quem não escolhi,
quem pela escolha afastei.
De longe, os corpos que vi
me lembram quantos perdi
por este outro que terei.
Jorge de Sena
Pedra Filosofal [1950]
III – Amor
Poesia-I
Moraes Editores
[Ressonância de 18 de Outubro de 2004. Um dos poemas meus preferidos da vasta obra poética de Sena.]
- Meu corpo, que mais receias?
- Receio quem não escolhi.
- Na treva que as mãos repelem
os corpos crescem trementes.
Ao toque leve e ligeiro
o corpo torna-se inteiro,
todos os outros ausentes.
Os olhos olham no vago
das luzes brandas e alheias;
joelhos, dentes e dedos
se cravam por sobre os medos …
Meu corpo, que mais receias?
- Receio quem não escolhi,
quem pela escolha afastei.
De longe, os corpos que vi
me lembram quantos perdi
por este outro que terei.
Jorge de Sena
Pedra Filosofal [1950]
III – Amor
Poesia-I
Moraes Editores
[Ressonância de 18 de Outubro de 2004. Um dos poemas meus preferidos da vasta obra poética de Sena.]
terça-feira, outubro 17
MES - A DESCOLAGEM DA "ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA"
(Clique na fotografia para ampliar)
Este é outro momento da sessão de Encerramento do III Congresso do MES. Nesta imagem os elementos que ocupavam a mesa tornam-se mais facilmente identificáveis.
É interessante que pouco mais de um ano depois, próximo do verão de 1979, realizar-se-ia o IV, e último Congresso do MES, no qual saiu vencedora, por maioria, uma moção intitulada “Nova Prática, Novo Programa, Outro Caminho”, após um renhido debate, que inflectiria radicalmente a orientação política anterior.
Assim foi possível que, aquando das eleições intercalares de 2 de Dezembro de 1979, o MES tenha abdicado de apresentar listas próprias e de participar em coligações com outras forças da chamada esquerda revolucionária, aconselhando, publicamente, “o voto eficaz no PS ou na APU”. (Posição tornada pública em 18 de Novembro de 1979).
É este o momento em que o MES descola, politicamente, da chamada esquerda revolucionária, ou extrema esquerda, recusando aliar-se com qualquer dos outros partidos representativos dessa área política – PSR e UDP que, curiosamente, viriam a dar origem ao actual Bloco de Esquerda, e com a UEDS, de Lopes Cardoso, partido dissidente do PS, com a qual travou uma acesa discussão pública.
Pode, pois, considerar-se que foi a partir desta data que o MES assumiu, publicamente, uma posição de aproximação efectiva ao PS tendo a maioria dos seus militantes e simpatizantes tomado consciência da inevitabilidade da extinção que haveria de consumar-se, dois anos depois, no celebrado Jantar de 7 de Novembro de 1981.
Este é outro momento da sessão de Encerramento do III Congresso do MES. Nesta imagem os elementos que ocupavam a mesa tornam-se mais facilmente identificáveis.
É interessante que pouco mais de um ano depois, próximo do verão de 1979, realizar-se-ia o IV, e último Congresso do MES, no qual saiu vencedora, por maioria, uma moção intitulada “Nova Prática, Novo Programa, Outro Caminho”, após um renhido debate, que inflectiria radicalmente a orientação política anterior.
Assim foi possível que, aquando das eleições intercalares de 2 de Dezembro de 1979, o MES tenha abdicado de apresentar listas próprias e de participar em coligações com outras forças da chamada esquerda revolucionária, aconselhando, publicamente, “o voto eficaz no PS ou na APU”. (Posição tornada pública em 18 de Novembro de 1979).
É este o momento em que o MES descola, politicamente, da chamada esquerda revolucionária, ou extrema esquerda, recusando aliar-se com qualquer dos outros partidos representativos dessa área política – PSR e UDP que, curiosamente, viriam a dar origem ao actual Bloco de Esquerda, e com a UEDS, de Lopes Cardoso, partido dissidente do PS, com a qual travou uma acesa discussão pública.
Pode, pois, considerar-se que foi a partir desta data que o MES assumiu, publicamente, uma posição de aproximação efectiva ao PS tendo a maioria dos seus militantes e simpatizantes tomado consciência da inevitabilidade da extinção que haveria de consumar-se, dois anos depois, no celebrado Jantar de 7 de Novembro de 1981.
MES - III CONGRESSO (SESSÃO DE ENCERRAMENTO)
Fotografia de António Pais
(Clique na fotografia para ampliar)
No passado dia 5 de Outubro publiquei um cartaz do MES (Movimento de Esquerda Socialista) referente ao seu III Congresso.
A sessão de encerramento desse Congresso que caracterizei, em duas palavras, como o do “canto de cisne” realizou-se em 11 de Fevereiro de 1978, na “Voz do Operário”, em Lisboa.
Esta é uma das fotografias – sem tratamento – dessa sessão de encerramento na qual se retrata, a preto e branco, um ambiente de fervor partidário que tentava disfarçar o ocaso do movimento que, pouco tempo depois, haveria de ser assumido.
A militância que transparece, e a tonalidade da fotografia, fazem lembrar as imagens das velhas assembleias bolcheviques e a energia que se adivinha nos punhos erguidos e nas vozes que, em uníssono, haviam de entoar uma palavra de ordem dão testemunho de convicções que ainda se não tinham desvanecido.
Esta fotografia é uma relíquia. Passaram-se pouca mais de 28 anos. Vejam se conseguem identificar os membros da mesa o que permitirá a respectiva legendagem.
(Clique na fotografia para ampliar)
No passado dia 5 de Outubro publiquei um cartaz do MES (Movimento de Esquerda Socialista) referente ao seu III Congresso.
A sessão de encerramento desse Congresso que caracterizei, em duas palavras, como o do “canto de cisne” realizou-se em 11 de Fevereiro de 1978, na “Voz do Operário”, em Lisboa.
Esta é uma das fotografias – sem tratamento – dessa sessão de encerramento na qual se retrata, a preto e branco, um ambiente de fervor partidário que tentava disfarçar o ocaso do movimento que, pouco tempo depois, haveria de ser assumido.
A militância que transparece, e a tonalidade da fotografia, fazem lembrar as imagens das velhas assembleias bolcheviques e a energia que se adivinha nos punhos erguidos e nas vozes que, em uníssono, haviam de entoar uma palavra de ordem dão testemunho de convicções que ainda se não tinham desvanecido.
Esta fotografia é uma relíquia. Passaram-se pouca mais de 28 anos. Vejam se conseguem identificar os membros da mesa o que permitirá a respectiva legendagem.
segunda-feira, outubro 16
ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2007 (ALGUMAS CONSIDERAÇÕES QUE NÃO PODEM SER BREVES)
Laeticia Casta
Escrevo a poucas horas da apresentação da proposta de Orçamento de Estado para 2007.
Parece que ainda há comentadores que fingem não entender o que representa o chamado “ajustamento orçamental” a que Portugal está obrigado no contexto da sua integração plena na União Europeia (UE).
É necessário lembrar que o governo em funções herdou, dos governos de direita (Barroso+Santana) um deficit das contas públicas, em 2005, de 6,4% do PIB. Toda a gente, de bom senso, entende o esforço gigantesco que representa fazer baixar, em 3 anos, esse deficit de 6,4% para menos de 3%.
Os governos de direita que estiveram no poder, desde Março de 2002 até inícios de 2005 - o dobro do tempo que o governo PS leva de governação - apesar do discurso social-cristão do humaníssimo Bagão Félix, não realizaram quaisquer reformas de fundo destinadas a promover o equilíbrio das contas públicas.
Não admira que alguns sectores da esquerda deixem perpassar uma profunda saudade pela governação da direita: o alvo era mais alvo e a política do “quanto pior melhor” era um “seguro de vida” para as corporações nas quais se inclui a burocracia sindical.
A eclosão das mais diversas formas de descontentamento a que temos assistido – de grupos sócio profissionais identificados – é a consequência da tomada de medidas, na sua maioria óbvias, que só pecam por tardias, destinadas a alcançar um objectivo, de interesse nacional, qual seja: deficits de 4,6% em 2006, de 3,7% em 2007 e abaixo dos 3% em 2008. [se não erro].
Claro que 2009, em calendário normal, é ano de eleições legislativas. Os governos, e as maiorias que os suportam, não governam, certamente, para perder eleições.
O problema é que, contra todas as evidências de quem nada aprende com a história, não há outro caminho para o PS ganhar as próximas eleições legislativas senão o seu governo alcançar, no fim do mandato, o equilíbrio das contas públicas e, ao mesmo tempo, ser premiado pela retoma, mesmo que moderada, da economia.
Nos próximos anos as políticas reformistas só serão possíveis com governos de maioria socialista. Para ser directo, meço o tempo necessário em, pelo menos, dois mandatos de governo de maioria absoluta.
Não identifico a natureza das políticas reformistas, a que faço menção, pois elas são conhecidas de todos e estão descritas no programa eleitoral do PS e no do seu governo. Em súmula essas políticas são opostas às da esquerda tradicional, assentes na aversão à reforma do “estado social”, e às da direita política que, em Portugal, está ao serviço da direita dos interesses.
O programa político da esquerda tradicional defende, no essencial, o imobilismo do estado, o programa da direita política defende, de forma mais ou menos voraz, ou mais ou menos populista, a rapina do estado.
Os defeitos do PS, e do seu governo, são criticáveis mas, até ao presente, são suplantados pelo facto de as suas políticas enfrentarem com coragem e determinação, simplesmente, os desafios do que, no presente, “tem que ser feito”. E, quer queiramos quer não, já não é nada pouco.
------------------------------------------------
PS – Este é um escrito político que toma partido e para que não restem dúvidas aqui deixo o que escrevi, em 15 de Outubro de 2004, acerca da proposta de orçamento de estado, para 2005, elaborada sob a batuta do humaníssimo Bagão Félix, ministro das finanças – indicado pelo CDS/PP – no governo de coligação de direita.
Escrevo a poucas horas da apresentação da proposta de Orçamento de Estado para 2007.
Parece que ainda há comentadores que fingem não entender o que representa o chamado “ajustamento orçamental” a que Portugal está obrigado no contexto da sua integração plena na União Europeia (UE).
É necessário lembrar que o governo em funções herdou, dos governos de direita (Barroso+Santana) um deficit das contas públicas, em 2005, de 6,4% do PIB. Toda a gente, de bom senso, entende o esforço gigantesco que representa fazer baixar, em 3 anos, esse deficit de 6,4% para menos de 3%.
Os governos de direita que estiveram no poder, desde Março de 2002 até inícios de 2005 - o dobro do tempo que o governo PS leva de governação - apesar do discurso social-cristão do humaníssimo Bagão Félix, não realizaram quaisquer reformas de fundo destinadas a promover o equilíbrio das contas públicas.
Não admira que alguns sectores da esquerda deixem perpassar uma profunda saudade pela governação da direita: o alvo era mais alvo e a política do “quanto pior melhor” era um “seguro de vida” para as corporações nas quais se inclui a burocracia sindical.
A eclosão das mais diversas formas de descontentamento a que temos assistido – de grupos sócio profissionais identificados – é a consequência da tomada de medidas, na sua maioria óbvias, que só pecam por tardias, destinadas a alcançar um objectivo, de interesse nacional, qual seja: deficits de 4,6% em 2006, de 3,7% em 2007 e abaixo dos 3% em 2008. [se não erro].
Claro que 2009, em calendário normal, é ano de eleições legislativas. Os governos, e as maiorias que os suportam, não governam, certamente, para perder eleições.
O problema é que, contra todas as evidências de quem nada aprende com a história, não há outro caminho para o PS ganhar as próximas eleições legislativas senão o seu governo alcançar, no fim do mandato, o equilíbrio das contas públicas e, ao mesmo tempo, ser premiado pela retoma, mesmo que moderada, da economia.
Nos próximos anos as políticas reformistas só serão possíveis com governos de maioria socialista. Para ser directo, meço o tempo necessário em, pelo menos, dois mandatos de governo de maioria absoluta.
Não identifico a natureza das políticas reformistas, a que faço menção, pois elas são conhecidas de todos e estão descritas no programa eleitoral do PS e no do seu governo. Em súmula essas políticas são opostas às da esquerda tradicional, assentes na aversão à reforma do “estado social”, e às da direita política que, em Portugal, está ao serviço da direita dos interesses.
O programa político da esquerda tradicional defende, no essencial, o imobilismo do estado, o programa da direita política defende, de forma mais ou menos voraz, ou mais ou menos populista, a rapina do estado.
Os defeitos do PS, e do seu governo, são criticáveis mas, até ao presente, são suplantados pelo facto de as suas políticas enfrentarem com coragem e determinação, simplesmente, os desafios do que, no presente, “tem que ser feito”. E, quer queiramos quer não, já não é nada pouco.
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PS – Este é um escrito político que toma partido e para que não restem dúvidas aqui deixo o que escrevi, em 15 de Outubro de 2004, acerca da proposta de orçamento de estado, para 2005, elaborada sob a batuta do humaníssimo Bagão Félix, ministro das finanças – indicado pelo CDS/PP – no governo de coligação de direita.
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"LULA É UM CONSERVADOR"
Fernando Henrique Cardoso
As sondagens mais recentes apontam para a vitória de Lula no 2º turno (2ª volta) das eleições presidenciais no Brasil.
É interessante o posicionamento de Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente do Brasil, numa recente entrevista ao EXPRESSO de que ressalta esta afirmação puxada para manchete:
«Lula é um conservador». O que FHC quer dizer, na verdade, é que a provável vitória de Lula não é a vitória do populismo e não assusta os seus adversários. Podem os conservadores ficar descansados e os USA também!
As sondagens mais recentes apontam para a vitória de Lula no 2º turno (2ª volta) das eleições presidenciais no Brasil.
É interessante o posicionamento de Fernando Henrique Cardoso, ex-Presidente do Brasil, numa recente entrevista ao EXPRESSO de que ressalta esta afirmação puxada para manchete:
«Lula é um conservador». O que FHC quer dizer, na verdade, é que a provável vitória de Lula não é a vitória do populismo e não assusta os seus adversários. Podem os conservadores ficar descansados e os USA também!
domingo, outubro 15
UMA CAUSA JUSTA
Frank Grisdale
“…. o líder socialista deixou claro que o partido vai "envolver-se" no debate, com uma posição oficial favorável à despenalização do aborto até às dez semanas de gravidez, mas ressalvou: "Aqui toda a gente tem liberdade para discordar. Todos devem debater. E os que defendem o 'não' no PS também têm liberdade de participar."
Esta posição do PS, assumida por Sócrates, parece fácil e natural. Mas lembremo-nos que, no referendo anterior, o “não” venceu. O líder do PS era António Guterres que, sendo, em termos pessoais, favorável ao “não” colocou o PS numa posição insustentável. O "não" ganhou e o PS e a esquerda perderam.
Nesta causa o PS de hoje, acusado pela esquerda de ser de direita, é mais de esquerda do que o PS de ontem. Assim se tecem as contradições na política à portuguesa.
“…. o líder socialista deixou claro que o partido vai "envolver-se" no debate, com uma posição oficial favorável à despenalização do aborto até às dez semanas de gravidez, mas ressalvou: "Aqui toda a gente tem liberdade para discordar. Todos devem debater. E os que defendem o 'não' no PS também têm liberdade de participar."
Esta posição do PS, assumida por Sócrates, parece fácil e natural. Mas lembremo-nos que, no referendo anterior, o “não” venceu. O líder do PS era António Guterres que, sendo, em termos pessoais, favorável ao “não” colocou o PS numa posição insustentável. O "não" ganhou e o PS e a esquerda perderam.
Nesta causa o PS de hoje, acusado pela esquerda de ser de direita, é mais de esquerda do que o PS de ontem. Assim se tecem as contradições na política à portuguesa.
sábado, outubro 14
Acerca do tempo perdido
SONJA THOMSEN
Tanto tempo passado de partida sem ti
Com esperança que o tempo desculpe
O desalento de ver esgotar o tempo
E nada que me lembre o que aprendi
Se me deram a beber a justa presença
Do tempo certo para julgar e ser julgado
Um dia o tempo vai aborrecer-se da espera
E ditar para a acta o futuro da sentença
Se o esquecimento é fazer de mim morto
Tenho todo o tempo e guardo a esperança
Enchendo-se a minha a cabeça de cãs
Um dia ainda me hei-de sentir liberto
Do tempo antes que ele chegue ao fim
E me devolva o tempo que com ele perdi
Lisboa, 14 de Outubro de 2006
Tanto tempo passado de partida sem ti
Com esperança que o tempo desculpe
O desalento de ver esgotar o tempo
E nada que me lembre o que aprendi
Se me deram a beber a justa presença
Do tempo certo para julgar e ser julgado
Um dia o tempo vai aborrecer-se da espera
E ditar para a acta o futuro da sentença
Se o esquecimento é fazer de mim morto
Tenho todo o tempo e guardo a esperança
Enchendo-se a minha a cabeça de cãs
Um dia ainda me hei-de sentir liberto
Do tempo antes que ele chegue ao fim
E me devolva o tempo que com ele perdi
Lisboa, 14 de Outubro de 2006
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