O editor de economia da SIC Notícias "babava-se" comentando, em cima do acontecimento, a "criatividade" da proposta do orçamento de estado para 2005 do Dr. Bagão Félix. Chegou a dizer que era de esquerda (o orçamento) e com preocupações sociais associando estas á militância católica do ministro.
O editor devia estar avisado de como a direita populista trabalha. Muitos já escreveram acerca disso, por exemplo, Pacheco Pereira, de forma abundante e clarividente. A direita populista é capaz de surgir face à opinião pública como a campeã da defesa dos pobres. Tem ao longo da história assumido muitas variantes, algumas radicais, desde o justicialismo, aos fascismos (nas fases de implantação) até às soluções sul americanas de tipo militarista.
O populismo em democracia agrava um problema mais vasto com o qual se confrontam todas as políticas económicas: os ciclos políticos são demasiado curtos contrariando a bondade da maioria das medidas de política económica. O ciclo eleitoral que se avizinha, em Portugal, é um exemplo vivo deste problema. O “orçamento expansionista”, para 2005, do Dr. Bagão Félix, será promotor do crescimento, a curto prazo, mas inibidor do potencial de crescimento a longo prazo.
Esta é a raíz do engano e a razão dos danos futuros desta proposta de orçamento para já não dizer que se trata de uma proposta que rompe com a política do governo anterior que este se tinha comprometido a prosseguir. Esta é também parte da matéria dos estudos que valeram, este ano, o Prémio Nobel da Economia de que dei notícia em anteior post.
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