sexta-feira, setembro 12

MES - Os dirigentes fundadores (II)

(Publicado originalmente nos Caminhos da Memória)

Uma surpresa com que me deparei, tempos atrás, ao revolver maços de papéis antigos do MES (Movimento de Esquerda Socialista) foi ter encontrado três folhas A4, apresentando sinais de longa afixação numa parede, nas quais se divulga a estrutura, e constituição, dos primeiros órgãos dirigentes do Movimento no período imediatamente posterior ao dia 25 de Abril de 74.

Muitos dos nomes são meus velhos conhecidos, mesmo amigos, alguns prematuramente falecidos, outros (poucos) são vagas reminiscências que a memória não reteve, sendo todos, politicamente, frutos da época, apanhados na voragem de uma mudança radical na sociedade portuguesa para a qual, de verdade, nenhum de nós estava preparado.

Um caso exemplar é o primeiro nome que surge na lista, sem hierarquia, da estrutura designada por «Comissão Política»: Mário Simões Maciel. Trata-se de uma bizarria, própria do ambiente de frenética agitação da época, que o primeiro nome que surge a encabeçar a «Comissão Política» seja de alguém cuja inclusão naquela lista, ainda hoje, me desperta a maior perplexidade. (Alguém que explique!). Além do Mário Maciel só não referencio, dos restantes catorze, o António J. Pereira e o Pedro Martins. Assinalo que o Braga da Cruz é o Manuel - actual Reitor da Universidade Católica.

Eis a constituição da «Comissão Política», de dezasseis membros, aprovada na «Reunião Geral de militantes do M.E.S., realizada 45 dias após o 25 de Abril, no dia 9 de Junho de 74»:

Mário Simões Maciel, (Eduardo) Ferro Rodrigues, (António) Santos Júnior, Agostinho Roseta, Nuno Teotónio Pereira, Carlos Pratas, Jerónimo Franco, Francisco Farrica, António J. Pereira, José Catela, Pedro Martins, Vítor Wengorovius, Luís Filipe Fazendeiro, Braga da Cruz, Rogério de Jesus, Jorge Ivo.

Naquela mesma reunião de militantes, realizada em 9 de Junho de 1974, havia sido aprovado um conjunto de Comissões que foram preenchidas numa reunião posterior da Comissão Politica, realizada três dias depois, a 12 do mesmo mês. As comissões eram o Secretariado (supunha-se da Comissão Política mas ver-se-á a originalidade da opção tomada!), a Comissão de Imprensa e Propaganda, a Comissão de Relações Exteriores, a Comissão de Expansão (que designação!), a Comissão Sindical, o Secretariado dos Socioprofissionais e a Intervenção Local.

Eis as respectivas composições:

Secretariado
Afonso de Barros, José Dias, António Pinto Basto, Mário Maciel, Eduardo Graça, António Dias.
(Todos os nomes do Secretariado surgem, no documento, com um sinal indicativo de terem aceite o encargo.)

A constituição do Secretariado apresenta a curiosidade de só integrar um membro da Comissão Política (e logo o Mário Maciel!), sendo que os restantes membros foram cooptados fora da Comissão Política, outorgando a este Secretariado, aparentemente, um estatuto com poder autónomo e independente.

Visto a esta distância, é como se a Comissão Política fosse um órgão de representação externa, digamos legal, respondendo a uma fase repleta de incertezas acerca do futuro da revolução, e o Secretariado um órgão semi-clandestino constituído por dois oficiais milicianos no activo que havia sido decidido não darem a cara publicamente - eu próprio e o António (Cavalheiro) Dias - e um responsável pelo embrionário aparelho partidário (José Dias), além de Afonso de Barros e de António Pinto Basto (aliás o jornalista Ribeiro Ferreira).

A ideia de salvaguardar, através do Secretariado, as condições para resistir a um eventual contra golpe, parece ser a única justificação para este modelo de estrutura e constituição do Secretariado, ideia que é reforçada pelo facto de nenhum dos seus membros integrar qualquer das outras Comissões que, por sua vez, apresentam uma constituição, embora ainda provisória (na verdade, à época, tudo era provisório, incluindo os governos!) razoavelmente compreensível.

Comissão de Imprensa e Propaganda:
Eduardo Ferro Rodrigues (+), César Oliveira (+), (João) Benard da Costa, Salgado Matos, Vilaverde Cabral (riscado mesmo no esboço), (António) Machado (+), Abelho, Vítor Silva.
(Os nomes assinalados já haviam aceite o encargo.)

Comissão de Relações Exteriores
Joaquim Mestre, Jorge Sampaio, José Manuel Galvão Teles, António Santos Júnior (+), Agostinho Roseta (+).
(Os nomes assinalados já haviam aceite o encargo. Curiosa a concentração nesta Comissão dos “pesos pesados” do futuro GIS (Grupo de Intervenção Socialista), que não integraram a sobre citada «Comissão Política», e haveriam de sair do MES, em finais de Dezembro de 74, aquando da realização do seu I Congresso.)

Comissão de Expansão
Nuno Teotónio Pereira (+), Carlos Pratas (+), M. Santos (riscado mesmo no esboço), Francisco Cordovil (+), Silvestre (+), Espadaneira (+), (António) Romão (+), Borges Pires (+), José Dias - Ligação com o Secretariado.
(Nesta Comissão todos os nomes estão assinalados por haverem aceite o encargo. Além desse facto, esta é a única Comissão em que é notada a presença de um elemento do secretariado tendo em vista assegurar a ligação o que demonstra a importância atribuída, nesta fase, à expansão e implantação do Movimento.)

Comissão Sindical
(António) Santos Júnior, (Jerónimo) Franco, Marcolino (Abrantes), Almeida, Agostinho (Roseta)
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Secretariado dos Socioprofissionais
(Augusto) Mateus, Rogério (de Jesus), (Francisco) Farrica, Abelho, (António) Machado, António.

Intervenção Local
(José) Catela, Fonseca Ferreira, João Cordovil,
(Todos os elementos referidos aceitam o encargo - a partir da Comissão Sindical).

O Documento termina, no final da 3ª página, com a menção, escrita à mão: «DOCUMENTO INTERNO».

Resta acrescentar que todas estas estruturas, ou seja, os seus activistas, muitas vezes entregues a si próprios, atravessaram o verão de 74 funcionando num ambiente mais ou menos caótico, num sobressalto permanente, acolhendo adesões e correspondendo a entusiasmos, desdobrando-se a cada hora, na crença de que a revolução socialista, afinal, poderia transformar-se de utopia em realidade. Esta crença mostrou-se, na verdade, uma pura utopia. Ainda bem! Aqui para nós, que ninguém nos ouve!
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(Introduzi três correcções já depois da publicação nos Caminhos da Memória por erros de transcrição da minha responsabilidade.)
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O Pedro Martins existe, embora já tenha sido estalinisticamente 'banido'da fundação do MES , em Beja, talvez fruto de vaidades provincianas de quem, continuando na política, quer apresentar curriculum, ainda que usurpado. Enfim, coisas sem importância que só refiro porque sou adepto da recuperação da memória histórica. Talvez um dia possamos beber um café na companhia do F. Cal e da Eugénia Mendes.
Até lá, podes consultar o meu blogue em www.aditaeobalde.blogspot.com
Um abraço,
PM
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quinta-feira, setembro 11

CHILE - 11 SETEMBRO 1973


Fotografias de Hélder Gonçalves

Dos Caminhos da Memória: Na véspera do 35º aniversário do golpe militar no Chile, o National Security Archive publicou transcrições de conversas telefónicas de Henry Kissinger, até agora mantidas secretas, que evidenciam os esforços e as acções que os Estados Unidos desenvolveram para derrubar o governo de Salvador Allende.
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GEORGE ORWELL

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11 DE SETEMBRO DE 2001



USA. New York City. September 11, 2001.

O DIA 11 DE SETEMBRO DE 2001 FOI O PRIMEIRO DIA DE AULAS NA ESCOLA DO MEU FILHO. POUCOS MINUTOS ANTES DAS 8 DA MANHÃ DEIXEI-O PARA O INÍCIO DO 5º ANO. POUCO DEPOIS NO LOCAL DE TRABALHO ACHEI O AMBIENTE ESTRANHO. A TELEVISÃO LIGADA TRANSMITIA UM ACONTECIMENTO QUE PARECIA FICÇÃO. ENTENDI QUE ALGUMA COISA DE MUITO GRAVE SE ESTAVA A PASSAR. A PARTIR DESSE DIA O MUNDO MUDOU E ESSE CICLO DE MUDANÇA AINDA NÃO CHEGOU AO SEU TERMO. OU TALVEZ SEJAM DIVERSOS CICLOS DE MUDANÇA QUE SE ENTRECUZAM... AO FIM DE SETE ANOS BUSH NÃO ACHOU LADEN. O MUNDO TORNOU-SE MAIS PERIGOSO. PAIRAM NO AR AMEAÇAS DE RECESSÃO E DE GUERRA (FRIA?). NA ESCOLA DO MEU FILHO ESTE ANO AS AULAS JÁ COMEÇARAM E NÃO O FUI LEVAR. É O 12º E ELE GANHOU AUTONOMIA. SINTO QUE ESTAMOS TODOS MAIS SOZINHOS E DESCRENTES NO FUTURO.
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terça-feira, setembro 9

POLÍTICA EM LISBOA!

Harry Gruyaert

Acordo na Câmara de Lisboa
Costa e Roseta trilham 'terreno de entendimento'

Um lampejo de política municipal, ou de política, pura e simplesmente, com sinal mais. Faz falta! … Muita falta!
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CESARE PAVESE

Cesare Pavese

Terra vermelha terra negra
que vens do mar
dos campos queimados,
onde estão as palavras
antigas e as fadigas do sangue
e gerânios entre os rochedos –
não sabes quanto tens
de mar palavras e fadiga,
tu rica como a lembrança,
como os campos agrestes,
tu dura e dulcíssima
palavra, antiga pelo sangue
que afluiu aos olhos;
jovem, como um fruto
que é estação e eco –
o teu hálito repousa
ao céu de Agosto,
as azeitonas do teu olhar
adoçam o mar,
e tu vives e renasces
sem espanto, segura
como a terra, escura
como a terra, lagar
de estações e de sonhos
que à lua se descobre
antiquíssimo, como
as mãos da tua mãe,
a pedra gasta da lareira.

27 de Outubro de 1945

[“Terra e a Morte” in “Virá a morte e terá os teus olhos.”
“Trabalhar Cansa” – Tradução de Carlos Leite, Cotovia]

Hoje celebra-se o centenário do nascimento de Cesare Pavese.

Outros poemas que já publiquei: Estate/Verão - Last blues, to be read some day -PASSERÒ PER PIAZZA DI SPAGNA/Passarei pela Praça de Espanha - La casa/A casa
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domingo, setembro 7

DISCURSOS

Cheguei de ver o filme “Aquele Querido Mês de Agosto” – a não perder! – e deparo-me com a notícia da consumação do “discurso de rentrée política” de Manuela Ferreira Leite.

Como sempre, nestes casos, vou em busca da versão integral do mesmo. A montanha pariu um rato. Tudo o que Ferreira Leite afirma já tinha sido, antes, afirmado por ela com ligeiras mudanças de tom. Fico-me por três citações demonstrativas da tentação populista presente no seu discurso:

"Por isso, as pessoas reagem com indiferença ou até desprezo ao que os políticos dizem." … "Este clima de mistificação só tem sido possível porque está apoiado por uma máquina de comunicação e de acção pouco democrática.", …"Mas Portugal está longe de beneficiar da democracia na sua plenitude."

A natureza do discurso de Ferreira Leite está próxima do comentário político constituindo, de facto, uma pura peça de propaganda. Repete afirmações antigas e deixa-se aprisionar pela lógica da comunicação e imagem que a própria aponta como um dos maiores vícios da acção do governo do PS: "O Governo gasta imensa energia e recursos a tratar da comunicação e imagem, mas o objectivo não é informar, não é esclarecer ou mobilizar. O objectivo é enganar-nos ou distrair-nos."

Para confirmar o que se afirma antes basta fazer um exercício simples, e despretensioso, acerca da estrutura do discurso: ele é constituído por 119 frases curtas ou curtíssimas; nenhuma delas – na versão online – tem uma extensão superior a 4 linhas: 5 frases são compostas por 4 linhas; 13 frases por 3 linhas; 64 frases por 2 linhas e 37 frases por 1 linha. Aqui está, pois, um discurso com 119 frases das quais 101 são compostas por 1 ou 2 linhas.

Se isto não é um discurso de pura propaganda política o que será um discurso de propaganda politica? Se isto não é “comunicação e imagem” o que será “comunicação e imagem”? Depois volto ao filme que é muito interessante a respeito do tema dos discursos que o próprio filme, aliás, ensaia debater. [ Imagem daqui.]
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sábado, setembro 6

Os Dois PSD s

Original a modalidade da aparição pública de Menezes na véspera da aparição pública de Manuela Ferreira Leite. A afirmação da política espectáculo contra a afirmação da política institucional. O “falar” como regra contra o “falar” por excepção. As cores vivas da emoção contra o cinzento do discurso escrito. O ruído suburbano contra a circunspecção do Terreiro do Paço. Menezes em poucos minutos de voo marca, de forma subliminar, as diferença.
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JOCK STURGES

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sexta-feira, setembro 5

MES - Os dirigentes fundadores (I)

(Publicado originalmente nos Caminhos da Memória)

Prosseguindo uma breve digressão pelas memórias do MES (Movimento de Esquerda Socialista) julgo interessante enunciar as personalidades que, ao nível de direcção, desde os primórdios da sua criação, deram vida ao seu programa de acção. [Todas as informações que vou aqui divulgar são reproduzidas de documentos originais que tenho em minha posse.]

Na vertente de identificação dos dirigentes fundadores do MES não serei exaustivo, prevenindo qualquer involuntária omissão, nem, porventura, serei capaz de fazer vir à memória de todos a figura física de alguns nomes que a voragem do tempo fez esquecer. Mas, desta forma, far-se-á justiça a algumas personalidades que não tendo obtido consagração pelos seus feitos políticos deram, no entanto, por regra, um contributo notável na esfera do activismo sectorial.

Os nomes dos primeiros dirigentes fundadores do MES surgiram como subscritores da «DECLARAÇÃO DO MOVIMENTO DE ESQUERDA SOCIALISTA (MES)» (sem data), tornada pública imediatamente após o 25 de Abril de 1974 o que é comprovado tanto pelo seu teor, como por anunciar a Sede Central do Movimento na Av. D. Carlos I, 146 - 1º Dto., em Lisboa, com indicação do horário de funcionamento que, em boa verdade, nunca foi cumprido. [Por curiosidade aqui deixo o «horário»: das 14 às 20 horas e das 21,30 às 24,30 horas de 2ª a 6ª e das 9 às 24,30 horas aos sábados e domingos.]

Nesta primeira «Declaração do Movimento de Esquerda Socialista (M.E.S.)» explicitam-se os seus princípios fundadores sob o lema: «A emancipação dos trabalhadores tem de ser obra dos próprios trabalhadores», abrangendo os campos da «luta de fábrica e sindical», «luta anti-colonial», «luta estudantil», «luta urbana» e, surpreendentemente, nos seus termos, no campo da luta «pelo aumento dos tempos livres», título sob o qual se aborda, na verdade, a temática laboral.

«Pela Comissão Organizadora» a declaração é subscrita por dirigentes agrupados por área de intervenção: Manuel Lopes, António Rosas, António Santos Júnior (militantes sindicalistas); Rogério de Jesus, António Machado, Francisco Farrica, Edilberto Moço, Luís Filipe Fazendeiro, Luís Manuel Espadaneiro (militantes operários); Carlos Pratas e José Galamba de Oliveira (militantes estudantis); Víctor Wengorovius, Joaquim Mestre e José Manuel Galvão Teles (candidatos da CDE de Lisboa, em 1969); Eduardo Ferro Rodrigues (consultor sindical e ex-dirigente estudantil); Nuno Teotónio Pereira (militante cristão) e César Oliveira (historiador do movimento operário).

A origem dos subscritores deste documento assume a confluência na designada esquerda socialista de uma nova vaga de dirigentes, não comunistas, oriundos dos movimentos operário, sindical, católico progressista e estudantil que se tinham destacado, desde o início dos anos 60, na condução de lutas contra a ditadura nas respectivas áreas de intervenção. Outros activistas prestigiados, e influentes, não subscreveram esta declaração fundadora, por meras razões tácticas, mas surgirão pouco tempo passado, de uma forma mais ou menos discreta, associados à direcção política do Movimento.
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quinta-feira, setembro 4

Yoani Sanchez

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ANIVERSÁRIO

Fotografia de Família

Há dias que nunca esquecem mesmo quando os dias se esquecem de nós. Fui um filho tardio, talvez fruto do acaso, mas sempre me senti desejado. Meus pais guardaram-me como um tesouro e nunca lhes agradeci o suficiente. Sou daqueles que vêem o mundo povoado de gente singular. Eu sempre me senti acompanhado mesmo quando rodeado de silêncio. Porque a família sempre foi o reduto inexpugnável da minha esperança. Hoje é o dia de aniversário de meu pai. Celebro-o envolto na áurea da sua infinita afabilidade.
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LÁ LONGE O FUTURO ... AQUI TÃO PERTO


Achei curiosa, e honesta, a reportagem do “Público” acerca da visita realizada, ontem, pelo 1º Ministro e pela Ministra da Educação, a algumas Escolas de Lisboa que estão em obras no âmbito do chamado “programa de modernização do secundário”.

A notícia está disponível no Público on-line e aproveitei para a transcrever para o IR AO FUNDO E VOLTAR tendo-me suscitado algumas simples, breves, reflexões:

1 – A Educação que é, desde há muito, uma sempre anunciada primeira prioridade dos governos não depende só do “software” mas também do “hardware”. O sucesso do projecto educativo de cada escola depende não só da qualidade, e organização, dos recursos humanos mas também das infra-estruturas físicas, dos edifícios e das condições para instalar e fazer funcionar os equipamentos. Trivial, mas é preciso fazer!

2 - Que pensará Manuela Ferreira Leite destes anunciados, e vultuosos, investimentos na modernização das escolas da rede pública após ter dito o que disse acerca do investimento … público? Ela que já foi Ministra da Educação! Sairá em defesa desta política no aguardado discurso de encerramento da Universidade de Verão do PSD no próximo fim-de-semana? Trivial, mas é preciso ter coragem!

2 - Fazer obras de fundo, mantendo os estabelecimentos a funcionar, exige um esforço suplementar aos órgãos de gestão das escolas, tal como aos professores, funcionários e alunos? O que pensarão os sindicatos de professores destes empreendimentos? Alguma crítica? Alguma palavra pública de incentivo ou congratulação? Trivial, mas é preciso ter vergonha!

3- Participei, há uns anos atrás, num movimento que conseguiu travar a saída da Escola Alemã de Lisboa para o concelho de Oeiras iniciativa que visava favorecer, certamente, algum empreendimento imobiliário nos valiosos terrenos que continua, e continuará, a ocupar na zona de Telheiras. A escola foi para obras de fundo, que estão em fase muito adiantada de conclusão, tendo muitas turmas funcionado, dois anos lectivos, em contentores. Trivial … trivial …
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terça-feira, setembro 2

JUSTIÇA

Joseph McDonald

A propósito desta notícia: Paulo Pedroso ganha acção por prisão ilegal no processo da Casa Pia . Imagino os comentários daqueles que só acreditam na justiça quando decide a favor dos seus interesses particulares ou das suas convicções. Lembro-me de uma das muitas reflexões de Camus acerca da justiça:

“Mas ninguém é culpado absolutamente, não se pode pois condenar ninguém absolutamente I) aos olhos da sociedade 2) aos olhos do indivíduo.”

Albert Camus – Cadernos
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Ainda a propósito da sentença de hoje, de novo, Albert Camus, nos Cadernos:

“O pensamento está sempre à frente. Ele vê muito longe, mais longe do que o corpo que está no presente. Suprimir a esperança, é reconduzir o pensamento para o corpo. E o corpo terá de apodrecer.”
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domingo, agosto 31

CAMINHOS DA MEMÓRIA

O passado também é agora. Caminhos da Memória regressam renovados a 1 de Setembro. Darei o meu modesto contributo como colaborador regular.
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PARA A HELENA E VIVAM AS EMPATIAS!


A Helena surpreendeu-me, na verdade, com uma dedicatória a propósito de uma obra sobre Camus. Obrigada pela lembrança. Vi a nota final na qual se reproduz uma frase de Camus . Fui buscar à estante o primeiro volume das Obras Completas, abri nas páginas do primeiro ensaio de “Noces”: “Noces à Tipasa” e, curiosamente, aquela frase está, por mim, sublinhada a lápis:

“Je comprends ici ce qu´on appelle gloire: le droit d´aimer sans mesure. Il n´y a qu´un seul amour dans ce monde. Étreindre un corps de femme, c´est aussi retenir contre soi cette joie étrange qui descend du ciel vers la mer.»

Camus escreveu « Noces », uma das suas primeiras obras, tinha 23/24 anos, em 1936 e 1937, sempre a considerou como um conjunto de ensaios, no sentido exacto e limitado do termo. Foi publicada, em Argel, em 1938. Para se compreender a natureza da obra, de forma breve, cito o que Camus escreveu, a propósito do manuscrito de “Noces à Tipasa”, numa carta dirigida a Marguerite Dobrenn, de 7 de Agosto de 1937: “ Il est écrit pour nous tous, pour nous de la mer”.
Vivam as empatias!
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quinta-feira, agosto 28

OBAMA CANDIDATO


Discursos de Hillary e Bill Clinton, na íntegra, no Pepsi Center. E René Marie. In Caquis Caídos.
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FÉRIAS PAGAS


Primeiro dia de regresso ao trabalho após as férias pagas, essa aquisição recente dos trabalhadores, ao contrário do que muita gente pensa, mais por desmemória do que por outra razão qualquer. Na verdade foi o governo da frente popular, no ano de 1936, em França, que instituiu, alargando às grandes massas de trabalhadores, essa banalidade dos nossos dias que são as férias (pagas).
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quarta-feira, agosto 27

A ESTÉTICA DO CINZENTO


Desta vez o ponto de partida para o tema foi, paradoxalmente, uma reflexão acerca das razões da longevidade de alguns ícones da moda. No MARGENS DE ERRO é possível obter uma apreciação do estado das sondagens tendo por alvo, não as “top models", mas as eleições Presidenciais americanas. Em dois candidatos confrontam-se imaginários opostos, diametralmente opostos, o novo e o velho, a mudança e a continuidade, mas qualquer um deles tem que mostrar que tem dentro dele as expectativas que o outro desperta. Complicado!

Acrescento algumas observações óbvias: as presidenciais americanas decorrem nos USA e não na Europa (quero que ganhe o Obama mas não voto!); entre os factores decisivos para a formação da opinião, e o sentido do voto, está o estado da economia interna nos USA (parece que o eventual agravamento da crise deveria favorecer Obama, mas …); como sempre acontece, no caso de presidenciais americanas, ainda mais nestas, há muitos imponderáveis que podem influenciar o resultado até ao final se estivermos perante uma disputa renhida como parece ser o caso (como vai evoluir, por exemplo, o conflito no Cáucaso?).

Este final de ano apresenta-se, por todas as razões, cheio de dúvidas, perplexidades, esperanças e perigos. Fala-se, abertamente, do regresso da “guerra fria” e há sinais de recessão nas economias dos países do chamado bloco ocidental … Neste quadro todos os cuidados são poucos na gestão das expectativas colectivas e individuais … Pela minha parte tenho receio, para não dizer medo, do que se possa vir a passar!
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FIDEL ÁNGEL GORKY


Ao mesmo tempo, através de generacion y, tomo conhecimento da prisão de Gorky Avila e dou comigo a pensar como funcionam os mecanismos da linguagem dos dirigentes em defesa dos regimes políticos que apoiam – todos os regimes – mas, em particular, dos totalitários… pois a propósito de Gorky Avila também Fidel poderia afirmar: No pudo contenerse.
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terça-feira, agosto 26

O VERMELHO E O NEGRO


Chego ao Benfica pelo caminho das férias. Não para mostrar regozijo pelos dois únicos atletas portugueses medalhados nos JO ostentarem o emblema do Benfica, nem sequer apreensão pelo facto do futebol no Benfica se ter transformado, em definitivo, numa “grande superfície” a qual serve de plataforma para a transacção de “activos” mais do que para o exercício de um desporto que dá pelo nome de futebol. O Benfica corre o sério risco, aliás, já no próximo sábado, logo à 2ª jornada, dizer adeus ao título … Mas o que, na verdade, me tirou do sério foi ter dado comigo, em plenas férias, destinadas ao repouso do corpo e do espírito, a ouvir o Dr. Bagão Félix, na SIC, no papel de comentarista de um jogo do Benfica. Eu sou daqueles que defende a liberdade de expressão, em todas as circunstâncias, estando fora de causa o exercício da liberdade de opinião do Dr. Bagão Félix. Mas, por este caminho, no exercício da minha liberdade que nem o Dr. Bagão Félix, no exercício da sua, conseguirá algum dia limitar, se a coisa se repetir, vou ter de abdicar de ver o Benfica na televisão. Para conhecimento do Dr. Pinto Balsemão!
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segunda-feira, agosto 25

"FALO, MAS NÃO OUÇO!"


No outro dia fomos a Fervença, ali para os lados de Pêro Pinheiro (Sintra) e perdemo-nos na busca de uma daquelas lojas que têm tudo para as obras em casa. Um dos interlocutores ouvidos à beira da estrada, instado a dar opinião acerca da localização da coisa, desarmou-nos: “falo, mas não ouço!”, disse com os olhos muito abertos, loquazes e aparentemente felizes. Pediu para falar mais alto, mas era preciso falar mesmo muito alto. Escrita num papel a rota perdida olhou, rápido e, com incontida exaltação, apontou o sítio que se via a olho nu, “é alem aquela casa amarela!” … “sabem, foi na Suíça” … e gesticulou como se estivesse a manusear um martelo pneumático. “E também parti as pernas!” acrescentou, olhos abertos, loquazes e aparentemente felizes. E retomou a sua marcha com o jeito de quem, com aquela informação precisa e concisa, tinha cumprido uma importante missão. Um perdedor achado numa estrada no emaranhado das estradas dos arrabaldes de Sintra que é uma região como se fosse quase só um arrabalde. Lembrei-me da cena ao ler os Perdedores, tema que os JO estimulam. Portugal ficou em 46º, pela classificação oficial e, pelas minhas contas, só 16 países (em 27) da União Europeu nos suplantaram. Talvez nos achemos perdidos nos arrabaldes da Europa mas perdedores, perdedores, de verdade, já não …
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REGRESSO AO TRABALHO

Regresso de férias em lume brando. As notícias da paróquia vão pouca mais além da Linha do Tua. A linha não encerra mas encerraram os Jogos Olímpicos de Pequim sem protestos – ao menos audíveis - como se tivesse chegado a hora da democracia. Encontrei o Correia de Campos e congratulei-me com o facto de terem deixado de existir problemas com o SNS, ninguém reivindica nem urgências nem maternidades, o INEM chega sempre a horas e os idosos não mais caíram das macas nas esperas da urgência. Parece agora que chegou a vez dos assaltos, um velho tema, o da insegurança (ou segurança), reedição do “filme” já rodado com o Fernando Gomes … sem novidades. Não tarda começam as aulas … o Nogueira deve estar a acabar as férias … e eu vou ter um final de ano cheio de peripécias. Ajustar contas com o passado antes que se faça tarde … é afinal o que estamos a fazer sempre. Aqui vou continuar presente, a partir de hoje, com mais regularidade para quem me quiser encontrar… bem-vindas e bem-vindos … eu vou visitar quem me apetecer, algumas e alguns apetece-me sempre …
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sábado, agosto 23

Joseph R. Biden Jr.

Uma notícia, eventualmente, importante: Senator Barack Obama introduced Senator Joseph R. Biden Jr. as his running mate on Saturday, a choice that strengthens the Democratic ticket’s credentials on foreign policy heading into the general election against Senator John McCain.

sexta-feira, agosto 22

NELSON ÉVORA


Português, filho de cabo verdeanos, nascido na Costa do Marfim. Ganhou a 4ª medalha de ouro, em Jogos Olímpicos, para Portugal numa modalidade do atletismo chamada de técnica. As outras três foram todas conquistadas, no atletismo, mas em corridas de longa distância: Carlos Lopes e Rosa Mota (maratona) e Fernanda Ribeiro (10 000 metros). Há por aqui umas diferenças que mais se avolumam se considerarmos que todas as restantes hipóteses de conquista de medalhas – no presente – se situam em modalidade e provas com forte componente técnica (além do atletismo (saltos e marcha) no judo, na vela, no triatlo e, provavelmente, na canoagem … o mundo nem começou nem acabou com estes Jogos Olímpicos …
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quarta-feira, agosto 20

PS: COM O PÁSSARO NA MÃO!


No MARGENS DE ERRO pode ler-se um estudo muito interessante intitulado: “Uma previsão dos resultados das eleições legislativas de 2009” de Luís Aguiar-Conraria e Pedro Magalhães. (Deixo aqui os sublinhados que constam da própria publicação.)

A investigação sobre Portugal e outros países mostra que a precisão das previsões que se possam fazer com base nas sondagens está muito dependente da proximidade temporal entre a recolha das intenções de voto e o acto eleitoral.

O que queremos prever no caso das eleições portuguesas? O objectivo fundamental, à semelhança do que sucede na esmagadora maioria dos modelos congéneres, é prever a percentagem de votos no partido do governo em relação ao total de votos válidos, brancos e nulos, assim como estimar se esse valor é suficiente para uma vitória eleitoral.

Vários estudos sobre as intenções de voto e a popularidade dos líderes mostram que os eleitores portugueses são predominantemente retrospectivos, ou seja, castigam ou recompensam os governos de acordo com o desempenho económico passado.

Um estudo recente sobre os eleitorados dos dois principais partidos mostra que o PS tende a sofrer sistematicamente, após as suas passagens pelo governo, uma deserção acentuada por parte do eleitorado de esquerda, na sequência de políticas mais centristas do que aquelas defendidas pela coligação de eleitores que o leva ao poder.

Com base nestes pressupostos, o nosso modelo prevê que o PS venha a obter 38,35% dos votos nas próximas eleições legislativas. A probabilidade de que este valor torne o PS o partido mais votado é superior a 99%.
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segunda-feira, agosto 18

BIOGRAFIA DE HUMBERTO DELGADO - UMA LEITURA NECESSÁRIA

Terminada a leitura da Biografia de Humberto Delgado, de autoria de seu neto Frederico Delgado Rosa, não resisto a deixar algumas notas. Na minha meninice – como já antes assinalei – senti pessoalmente o frémito da campanha presidencial de 1958 e nunca mais se apagaram da minha memória as imagens do empolgamento popular que a figura de Humberto Delgado suscitou.

Esta obra promissora de desenvolvimentos, e aprofundamentos, que se aguardam para o próximo futuro, mereceria, além do mais, uma verdadeira divulgação popular que contribuísse para desmitificar o branqueamento do fascismo português e da figura do seu líder e mentor – Salazar – que amiúde se quer fazer passar como um político brando na repressão, tolerante nos costumes e eficaz na política.

A leitura das 1225 páginas de texto deste livro sugere uma meditação acerca do "fenómeno Humberto Delgado", após o golpe militar de 28 de Maio de 1926, até aos nossos dias, mesmo que não nos aventuremos pelos caminhos da crítica e nos limitemos – como é o caso – ao simples papel de leitores atentos e interessados. Eis algumas breves, e despretensiosas, dessas possíveis reflexões:

(1) É do mais elementar bom senso desconfiar das ideias feitas acerca da história, em particular, da “história oficial”, quando envolve personagens carismáticos e acontecimentos com forte carga política e emotiva;

(2) Os protagonistas que marcam, pelo seu pensamento e acção, a história das nações são homens com suas virtudes e defeitos transformando-se a si próprios a par das transformações que suscitam;

(3) O General Humberto Delgado foi um distinto militar de carreira, apoiante do golpe militar do 28 de Maio, e da ditadura entre 1926 e o dealbar dos anos 50, tendo acabado por sacrificar a carreira, e a própria vida, no combate sem tréguas ao regime fascista, após a ruptura política com Salazar, a partir das eleições presidenciais de 1958, às quais se candidatou, como independente, por vontade própria;

(4) Foi ele o verdadeiro precursor do 25 de Abril de 1974 pois defendeu (quase sempre) que a ditadura só cairia através da acção militar, que haveria de ser protagonizada pelas forças armadas, apoiadas pelo povo, o que viria, de facto, a acontecer pouco menos de nove anos após o seu assassinato que ocorreu em 13 de Fevereiro de 1965;

(5) Delgado foi, politicamente, um liberal democrata, fortemente influenciado pela cultura anglófona, e pela sociedade americana (o que lhe valeu o magnífico epíteto de “General Coca Cola”) influências assumidas ao longo de várias missões profissionais – em representação do estado português - na Inglaterra, Estados Unidos e também no Canadá;

(6) Delgado foi um político que nunca deixou de ser General e de cuja áurea anti-salazarista a esquerda, do seu tempo, se quis apropriar sem, na verdade, partilhar das suas ideias e acções, que desprezava apodando-as, pelo menos, de aventureiras;

(7) O General Humberto Delgado foi atraído a uma cilada e assassinado pela PIDE, por espancamento, e não a tiro, com conhecimento de Salazar, que sempre encobriu este hediondo crime, sob as mais variadas artimanhas, no plano interno e da diplomacia, entrando, inclusive, em rota de colisão com Franco;

(8) O julgamento dos autores materiais do crime – que não dos seus autores morais que sempre foram poupados pela democracia – em Tribunal Militar – foi uma triste farsa que não permitiu apurar a verdade e muito menos punir os criminosos;

(9) Todo o processo desde o assassinato de Delgado, passando pelo encobrimento do crime, à descoberta dos corpos, à investigação judicial e perícias forenses, realizadas pelas autoridades espanholas, até à condução do processo judicial em Portugal, julgamento e recursos judiciais, constitui um caso exemplar que permite, nos planos político e judicial, entender muitos aspectos da realidade contemporânea portuguesa e as peripécias de processos que ainda correm os seus trâmites;

(10) Este livro deveria ser de leitura obrigatória para todos os políticos, militares, juízes, magistrados, jornalistas e decisores de todos os escalões da hierarquia do estado a começar pelo Senhor Presidente da República;

(11) Espero que o autor, cuja coragem não pode ser só uma herança de sangue, prossiga as suas investigações para que os portugueses possam conhecer todos os meandros do assassinato de Humberto Delgado, para que sejam identificados os seus autores, materiais e morais, assim como os encobridores, localizados os que ainda possam estar vivos, reabrindo, eventualmente, o processo, levando a que os criminosos paguem pelos seus actos e contribuindo, dessa forma, para que os portugueses se reconciliem com a justiça do seu país.

(12) Nunca nenhum processo-crime está definitivamente encerrado enquanto subsistirem fundadas suspeitas de que se não fez justiça. É o caso.
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VANESSA FERNANDES

Estava difícil mas tinha que ser a Vanessa Fernandes a ganhar a primeira medalha (prata) para Portugal nos Jogos Olímpicos de Pequim. Uma jovem que ainda terá oportunidade de, em condições normais, participar em mais edições dos Jogos Olímpicos. O triatlo é uma das modalidade técnica mais difíceis que exige, para um atleta alcançar um lugar cimeiro, dedicação e abnegação sem limites. Parabéns!
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terça-feira, agosto 12

Negócios, negócios, dinheiro, dinheiro.


Estou cansado de lutar pela sobrevivência moral rodeado de notícias que quase sem excepção só falam, de forma explícita, ou nas entrelinhas, de negócios. Negócios, negócios, dinheiro, dinheiro.

17/7/2008 - [Do diário.]

O COMANDANTE ÁGOAS

O homem que não gosta de massagens

Por esta época, sempre de passagem pelo teclado, sem tempo para delongas, certifico-me que, salvo as noticias dos Jogos Olímpicos e da guerra do Cáucaso, o resto se resume a exercícios de fogo real das polícias, com e sem danos colaterais. O governo mostra autoridade! Vamos a ver se o povo que aplaude, em silêncio, gratifica nas urnas... São, de qualquer forma, exercícios perigosos. Enquanto isso a melhor manchete que encontro disponível é mesmo a que guinda o Comandante Ágoas, à falta de medalhas, aos píncaros da notoriedade. Segundo li, algures, o governo italiano, seguiu-lhe as pisadas … por razões de higiene … vão no bom caminho!
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domingo, agosto 10

ARTICULAÇÕES


Visitei, na última incursão familiar a Faro, a exposição ARTICULAÇÕES, presente na antiga Fábrica da Cerveja. Também reparei na “invasão” da Exposição pela animação sonora do “arraial popular” que decorre nas redondezas. Como hei-de dizer? Não me incomodou particularmente. O que é preciso é ter a imaginação suficiente para integrar o som da música pimba no universo da arte contemporânea. Para a próxima vez, organizem-se! Mas a exposição resiste, pois é muito interessante. Vale bem uma visita!
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sexta-feira, agosto 8

OS JOGOS OLÍMPICOS DE PEQUIM ESTÃO ABERTOS

Os Jogos Olímpicos de Pequim estão abertos, glória aos vencedores, honra aos vencidos. Mas, como sempre, os Jogos Olímpicos também merecem ser olhados como uma realidade política que nunca, em tempo algum, deixaram de ser.
[Através de A Terceira Noite.]

An Open Letter by more than 100 former and current Olympic athletes, including Olympic champions, World champions and World record holders

Dear Mr. President Hu,

We all hope that the Olympic Summer Games in China will be a great success and that the Olympic ideals will come to life.

That is why we are asking you:

- to enable a peaceful solution for the issue of Tibet and other conflicts in your country with respect to fundamental principles of human rights.

- to protect freedom of expression, freedom of religion and freedom of opinion in yourcountry,including Tibet.

- to ensure that human rights defenders are no longer intimidated or imprisoned.

- to stop the death penalty.

China is the focus of worldwide attention. Your decision on these issues will determine the successof the Olympic Games and the image the world will have of China in the future. We are asking you to respect human rights in China in order to achieve lasting peace and reconciliation.

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L’été libertaire d’Albert Camus

«La liberté n’est pas un cadeau qu’on reçoit d’un Etat ou d’un chef, mais un bien que l’on conquiert tous les jours, par l’effort de chacun et l’union de tous (1).»

(...)

On comprend mieux pourquoi la gauche n’a jamais aimé Camus : trop proche des insoumis. La droite, elle, a espéré le récupérer - mais l’antitotalitarisme de l’écrivain, qui l’a mené à Bakounine, le père de l’anarchie, a débouché, comme nous le rappelle activement l’exposition de Lourmarin, sur la non-violence, jamais sur des interventions armées, fussent-elles disculpées par le droit d’ingérence. «Tuer les hommes ne sert à rien que tuer encore.» (2).
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RUY BELO


Pelo 30º aniversário da sua morte (retomando a publicação, em excertos, de A Margem da Alegria – logo colocarei a etiqueta respectiva nas postas antigas …]
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