A pesada herança de Manuela
Eu bem dizia que, em matéria de deficit, haveria "cenas de próximos capitulos". A política de Bagão Felix, seja qual fora área da sua actuação, é sempre a mesma: culpar os antecessores, sejam adversários (caso de Manuela F. Leite) ou inimigos (caso do PS), dramatizar a herança, abrindo caminho para as clientelas e, no plano social, transformar uma esmola irrelevante num grandioso benefício.É a política que Pacheco Pereira caracterizou,certeiramente, desta forma :
"Existe em certos sectores da direita e da esquerda intelectual portuguesa a ilusão que um governo Santana Lopes será um governo que prosseguirá políticas liberais, ou, como pejorativamente agora se diz, “neo-liberais”. Enganam-se completamente. Se há coisa que em Portugal sofrerá com o populismo é o discurso genuinamente liberal. O populismo é nacionalista, defensor da closed shop, “social” e clientelar. O populismo será alicerçado em duas coisas muito próximas na vida política portuguesa: um discurso social, que pode mesmo chegar a ser socializante, e na gestão de clientelas. É uma fórmula muito eficaz em Portugal, potenciada agora pela forma como actuam os media. (..)" (post de 8/7/2004, no abrupto)
O Expresso anuncia já esse caminho que vai ser "martelado", pela propaganda do governo, até às eleições de Outubro de 2006.
"BAGÃO Félix vai fazer uma comunicação ao país depois das férias para evidenciar o mau estado das contas públicas. Numa estratégia concertada com o 1º-ministro - e sem querer criticar o Governo anterior - Bagão prepara-se para dramatizar perante os portugueses o desequilíbrio orçamental. Enquanto isto, Santana Lopes tentará na frente externa sensibilizar a nova Comissão Europeia para a necessidade de tornar mais flexíveis os critérios de avaliação das contas." Expresso on line