Agora pode ser que o pré anúncio insinuado se concretize e tenhamos uma candidata à liderança do PSD. Uma candidata a sério ou, pelo menos, que será levada a sério pela opinião pública. Ferreira Leite (Manuela). As reacções dos meios partidários são cautelosas. Dizem que é uma candidatura federadora, supõe-se, de várias facções, grupos, personalidades que se digladiam no seio do PSD.
Se for para levar a sério será a primeira vez que uma mulher tomará a liderança de um grande partido em Portugal (é a segunda, em termos absolutos, que me lembre, pois antes se deve considerar a Carmelinda Pereira!). Se o pré anúncio for para levar a sério sou dos que consideram que se trata de um acontecimento positivo.
É positivo para a democracia portuguesa que o partido à direita do PS disponha de um líder credível, não populista, criador de expectativas positivas para a área política que representa, em suma, que se possa assumir como alternativa de governo. É mesmo disso que o PS, e o seu governo, precisam. Quem lhes faça oposição.
O problema de Ferreira Leite (Manuela) não é o género, nem a geração, nem a idade, nem a beleza física, mas sim Cavaco (Presidente). São fruta da mesma árvore. A instituição presidencial suportará o ónus permanente de beneficiar politicamente a companheira. A companheira suportará permanentemente o ónus de beneficiar da sombra da mesma árvore da qual ambos são nascidos.
Afinal, bem vistas as coisas, minudências. A direita orienta a sua acção, predominantemente, na defesa de interesses, sem apegos ideológicos, nem afãs doutrinários. Eles lá se entenderão e, caso saibam fazer as coisas, toda a gente acabará por aceitar o “compadrio”. Manuela tem outro problema: não é deputada e Pedro Santana Lopes não será sua muleta, quanto muito seu adversário, com Menezes, para lavar e durar. A ver, quando e como!
Para além de outros detalhes que não são contas do meu rosário: Ferreira Leite (Manuela) parece-me seca de ideias, mas isso não é problema, seca de afectos, mas isso não é problema, seca de novidade, mas isso não é problema. Ao que ela vai, se for, basta! Salvar o partido, à beira do colapso, e o mais que vier é lucro.
Por mim está bem assim. Deu para perceber que a respeito, mas não gosto da senhora? Não é por nada mas não me mobiliza, nem o seu contrário. Deixa-me indiferente. Mas deve ser mesmo para isso que ela avança, se avançar, ou seja, simplesmente para ocupar um lugar vazio antes que o lugar vazio se encha de um ror de gente vazia que vive de preencher os lugares vazios.
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