quarta-feira, março 16

Correio de Leitores

Escolas “boas”/Escolas “más”

Estamos, regra geral, em pleno Outono e, mais dia menos dia, eis que eles surgem, com pompa e circunstância. A comunicação social não o faz por menos. Urge informar o cidadão em geral, os pais e os alunos sobre as “verdadeiras performances” das nossas escolas. Falo-vos dos Rankings, da seriação de escolas que os jornais (Público, Expresso, Diário de Notícias....) encomendam, nunca procurei saber a quem, e que tornam merecedor de notícia.

A forma como essa avaliação é concebida carece de uma panóplia de variáveis caracterizadoras da real identidade, diversidade e complexidade das nossas escolas, (e quanto a isto parece que estamos quase todos de acordo) mas isso parece ser de somenos importância.

Não sei se bem, mas resolvi considerar os rankings como uma espécie de vírus que apelidei de SIDACS (Síndroma de Imune Deficiência Adquirida Comunico-Social ). Pode entender-se como uma variante do SIDA, não tão fatal quanto este mas, se não lhe for dada atenção, pode, a prazo, provocar sérios danos em algumas das nossas escolas.

Um vírus, como o próprio nome indica, é sempre algo de mau e, por isso, melhor fora que não existisse. Mas o que é facto é que existe e quem lhe dá vida, e o torna público, exerce uma influência enorme ao nível da formação das opiniões públicas. Daí que escolas e comunidades educativas não lhe devem ser indiferentes, devem, isso sim, analisá-lo, desmontá-lo e começar a criar verdadeiras alternativas para a avaliação das escolas. Quem anda pelas nossas escolas percebe que se há coisa que não falta é massa pensante, capaz de dar um contributo importantíssimo a este nível. Eu diria que alguns já o estão a fazer por sua conta e risco, logo, importaria tornar esse trabalho igualmente merecedor de notícia. Aqui fica o desafio à nossa comunicação social.


A educação é uma realidade muito complexa devendo ser vista como um sistema global onde cada escola, enquanto subsistema, se insere numa relação de interacção e de singularidade.
Importa transformar mais esta adversidade numa potencialidade, geradora de reflexão, capaz de mobilizar as escolas para a realização de um verdadeiro diagnóstico numa colaboração estreita com os organismos do ME e das forças sociais, económicas e culturais que com a escola interagem.


SR

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