Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
Editado por Eduardo Graça
segunda-feira, maio 23
CANÇÃO
“Foto de António José Alegria, do amistad”
Pelos ramos do loureiro
vão duas pombas escuras.
Uma era o sol,
a outra, a lua.
Vizinhas, disse-lhes,
onde está minha sepultura?
Em minha cauda, disse o sol.
Em minha garganta, disse a lua.
E eu que estava caminhando
com terra pela cintura
vi duas águias de mármore
e uma rapariga desnuda.
Uma era a outra
e a rapariga era nenhuma.
Aguiazinhas, disse-lhes,
onde está minha sepultura?
Em minha cauda, disse o sol.
Em minha garganta, disse a lua.
Pelos ramos da cerejeira
vi duas pombas desnudas,
uma era a outra,
e as duas eram nenhuma.
Federico García Lorca
“Primeiras Canções” – 1922
In Obra Poética Completa
Martins Fontes – São Paulo
Tradução de William Agel de Mello
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1 comentário:
Foi bom recordar Garcia Lorca. Tenho nos ouvidos a música das suas palavras. Obrigada.
addiragram- http//:aguarelas.blogs.sapo.pt
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