quinta-feira, maio 12

Sophia de Mello Breyner Andresen


VI FLORESTAS E DANÇAS E TORMENTOS

Vi florestas e danças e tormentos
Cantavam rouxinóis e uivavam ventos
Nos céus atravessados por cometas.

Vi luz a pique sobre as faces nuas,
Vi olhos que eram como fundas luas
Magnéticas suspensas sobre o mar.

Vi poentes em sangue alucinados
Onde os homens e as sombras se cruzavam
Em gestos desmedidos, mutilados.

Levada por fantásticos caminhos
Atravessei países vacilantes,
E nas encruzilhadas riam anjos
Inconscientes e puros como estrelas.

Sophia de Mello Breyner Andresen

In “Dia do Mar” – 1947

“Foto de António José Alegria, do amistad”

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