sexta-feira, maio 6

"É necessário não nos perdermos e não renunciarmos".


Camus com a sua segunda mulher: Francine.

O mês de Julho de 2004 caminhava para o fim. No dia 22 desse mês escrevi um post adivinhando o “caos que se desenha no horizonte” ao pensar na governação de Santana Lopes ainda no seu início.

A minha previsão, infelizmente, bateu certa. E vinham-me à memória as citações mais desencantadas de Camus acerca da política e dos homens da política.

Nesse contexto escrevi:

As trapalhadas do governo Santana Lopes começam na sua própria formação.

Constrangedor. O PR empossa em silêncio da mesma forma que, em silêncio, ouviu as atoardas de Alberto João Jardim e, logo depois, os seus elogios.

Será que no Conselho de Estado, o PR, na presença do dito, lhe "puxou as orelhas"? Aposto que não. O PR deixou, no dia 9 de Julho, cair a sua autoridade. Tudo o que se passou, diante dos seus olhos, e sob a sua responsabilidade, nas tomadas de posse, é um exemplo flagrante de falta de autoridade.

É um detalhe do caos que se desenha no horizonte e avivam-se, na minha memória, as citações, radicais e desencantadas, de Camus acerca da política.

"A política e o destino dos homens são organizados por homens sem ideal e sem grandeza. Aqueles que têm uma grandeza neles próprios não se ocupam de política. Assim em todas as coisas. Mas trata-se de criar agora em si próprio um novo homem. Seria preciso que os homens de acção fossem também homens de ideal e poetas industriais. Trata-se de viver os próprios sonhos - de os pôr em movimento. Outrora, renunciávamos ou perdíamo-nos. É necessário não nos perdermos e não renunciarmos." (Dezembro de 37)

Albert Camus, in Cadernos, "Caderno n.º 2 (Setembro de 1937/Abril de 1939) - Edição Livros do Brasil

1 comentário:

Anónimo disse...

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