quarta-feira, maio 4

"Ir até ao fim, não é apenas resistir mas também não resistir."


História trágico marítima. [1944, óleo sobre tela, 81 x 100 cm - Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Lisboa, Portugal] Quadro de Vieira da Silva (1908-1992), pintado no Brasil e parte de um grupo de quadros que abordaram a temática da guerra e da violência. O chamado período brasileiro (1940-1947), época em que Helena Vieira da Silva e o seu marido, Arpad Szenes, viveram no Rio de Janeiro, caracteriza-se pelo regresso à figuração abandonando, por um tempo, o abstraccionismo, sendo por isso considerado um período de reflexão na obra da pintora. Vieira da Silva morreu em 6 de Março de 1992, em Paris. O Portal da História

Em “Citações-14”, faço uma abordagem da renúncia de Ferro Rodrigues e, hoje, à distância, concluo que fez bem em ter renunciado. Da mesma forma que fez bem em não ter aceite o desafio da candidatura à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. É preciso deixar passar o tempo.

Por outro lado verifica-se que, para já, Sócrates se não deixou aprisionar pela “política espectáculo” ... o que é uma tragédia para as pretensões da direita.

Eis o que escrevi, em "Citações-14", a 20 de Julho de 2004:

A propósito da renúncia de Ferro Rodrigues ao cargo de secretário geral do PS têm sido proferidas opiniões sem fim. Mesmo a direita continua a abordar o tema com uma ganância aparentemente despropositada. Lá terão as suas razões.

O director do Expresso escreveu um texto ignóbil, ou decrépito, acompanhado de uma foto propositadamente descuidada. A abordagem do percurso de Ferro, num trabalho "de fundo", publicado na "Única", seguia o mesmo caminho não tanto no texto mas na escolha das fotos.

Esta voragem para destruir a imagem pública de Ferro é, como todos já entenderam, parte de uma estratégia de fundo da direita. Começou, porventura, ainda antes de Ferro ter ascendido à liderança do PS.

No dia 9 de Julho, de um só golpe, o PR consagrou essa estratégia. Mas a direita não parece estar saciada com o sucesso da operação "destruição de Ferro". O assumido combate ideológico da direita, dirigido pelo PP, é aniquilar a esquerda, fazendo dela uma oposição colaboracionista com os seus objectivos estratégicos.

A direita, dirigida pelo PP, quer o poder absoluto. Ferro era um obstáculo a essa estratégia. Sócrates, se se deixar aprisionar pela "política espectáculo", talvez lhes sirva. Só tempo o dirá.

Mas, por outro lado, em política, os que renunciam nem sempre são os perdedores.


"Ir até ao fim, não é apenas resistir mas também não resistir"

Albert Camus, in Cadernos, "Caderno n.º 1 (Maio de 1935/Setembro de 1937) - Edição Livros do Brasil

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