sexta-feira, janeiro 2

2004

No iní­cio do ano a notícia que mais me impressionou: milhões de brasileiros saudaram o novo ano no Rio de Janeiro. Se fosse só no Rio.. no Brasil é verão. A tradição de vida na rua é muito forte. O calor abrasa os corpos e os espiritos se soltam. Em Portugal é inverno. A estação do ano mais fria. Mas o espirito dos povos não é determinado pelo clima. Em Portugal o inverno dos espiritos é a tentação da rendição à  voracidade dos aspirantes a ditadores. Lula, no Brasil, certamente com dificuldades e erros, é ainda uma esperança de construir, em democracia, um futuro mais feliz para o povo. Em Portugal, a abrir o ano, as notÃicias são inquietantes. Os assassinatos de carácter fazem as manchetes. O tema da pedofilia vende e é demolidor para a imagem pública de quem quer que seja. A mais valia de qualquer político é a sua imagem pública. Todos os media se renderam ao mercado. O quarto poder está nas mãos de 2 ou 3 grupos económicos. Talvez esteja a exagerar: todos os acontecimentos/notí­cia parecem programados com profissionalismo. O fogo é assoprado numa única direcção. Quem sopra o fogo? É inverno. O povo não sai à  rua. Os métodos polí­ticos próprios da tradição ultra conservadora portuguesa afeiçoaram-se às exigências da modernidade...

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