quinta-feira, janeiro 15

Os Cadernos de Camus


A propósito das reflexões de JPP no abrupto acerca dos Cadernos de Camus (um blog avant la lettre) direi que sempre me interessou muito este tipo de literatura composta por um discurso fragmentado. A primeira referência escrita da minha leitura dos Cadernos de Camus data de 1968. Andava pelos meus 21 anos, mas essa leitura iniciou-se, certamente, antes dessa data. Tem algo a ver com o meu interesse, e participação directa, na actividade teatral. Na realidade aquele tipo de literatura está muito próxima do teatro e, em particular, de um certo tipo de cenas de teatro. Veja-se o teatro de Gil Vicente. Aliás Camus envolveu-se muito intensamente na actividade teatral, quer como dramaturgo, quer mesmo como "ajudante" de encenador das suas próprias peças. Lembra-me este tema uma outra leitura muito marcante para mim: "Roland Barthes por Roland Barthes". É sensivelmente o mesmo modelo de discurso fragmentado escrito como "uma espécie de gag, de pastiche de mim mesmo", como refere o autor e é, neste caso, uma obra muito mais recente e escrita num curto período de tempo, entre 6 de Agosto de 1973 e 3 de Setembro de 1974. Lembro-me de como apreciei também este livro mas os Cadernos de Camus são, no seu género, dificilmente igualáveis.

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