terça-feira, janeiro 20

Tradução


Ainda as traduções que são como os amores na observação ágil de JPP no abrupto que, no fundo, nos diz que a primeira tradução da obra que nos chega ao conhecimento é, para nós, a mais marcante. É capaz de ser assim mesmo. Diria que o problema é não sermos capazes de entender todas as línguas. É uma lástima esta incapacidade, esta saudável incapacidade, que me faz lembrar uma frase de Camus (mais uma vez) que dizia que "a imortalidade é uma ideia sem futuro". Não vale a pena querer abranger todo o conhecimento, ser capaz de tudo comparar, acerca de todos os acontecimentos emitir opinião fundamentada … mas talvez valha a pena tentar.
Para que o tema da tradução não fique sem ilustração aqui está o poema "Autobiographia Literaria" de Frank O´ Hara, publicado pela Editora "Assírio & Alvim", traduzido por José Alberto Oliveira:

Quando eu era criança
brincava sozinho
num canto do pátio
da escola.

Eu odiava bonecas e
odiava jogos, os animais
eram inamistosos e os pássaros
levantavam voo e fugiam.

Se alguém me procurava
escondia-me atrás de uma
árvore e gritava "Eu sou
um órfão".

E agora aqui estou, o
centro de toda a beleza!
escrevendo estes poemas!
quem diria!

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