O discurso dos assassinos
Ouve-se e não dá para acreditar. O actual governo democrático de Israel adopta as práticas mais odiosas do fanatismo. Num contexto, é certo, em que o fanatismo surge de todos os lados. Mas Israel é uma democracia. Os governos democráticos que adoptam como programa a morte dos adversários (ou mesmo inimigos) não são dignos de apreço. Essas práticas são próprias das ditaduras. Ou eram? Hoje Mário Soares, no Expresso, a propósito da morte de Bobbio, refere que este grande pensador italiano, em 1987, preconizava "o aprofundamento democrático, no plano internacional, no pressuposto (que hoje se revela incerto) de que são as ditaduras que fazem as guerras e as democracias que asseguram a paz…" Os governantes democráticos que adoptam como programa a humilhação dos povos, incluindo o seu povo, não são dignos de apreço. O mesmo se pode dizer daqueles governos, e governantes, que praticam a suprema hipocrisia de fazer crer que defendem o interesse da comunidade e a paz, fazendo a guerra, e a prática do bem, fazendo o mal. Mas também como dizia um clássico: "É verdadeiramente real fazer o bem e ouvir dizer mal de nós". Se no Médio Oriente se está a viver uma situação de guerra que seja declarada a guerra. Em qualquer circunstância, concordo com Camus que, num texto de Novembro de 1948, dizia: "mais vale uma pessoa enganar-se, sem assassinar ninguém e permitindo que os outros falem, do que ter razão no meio do silêncio e pilhas de cadáveres."
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