terça-feira, fevereiro 17

EUROPA-jogos perigosos


"UE
Bruxelas aconselha Lisboa a gastar mais nas pessoas e menos em auto-estradas

Portugal vai ter de reorientar os fundos estruturais comunitários de apoio ao seu desenvolvimento para o reforço da qualificação dos recursos humanos, investigação científica e inovação, de modo a diminuir o peso das estradas e auto-estradas nos financiamentos da União Europeia (UE)." Público

Portugal tem, à partida, assegurado um volume razoável de fundos comunitários para o período 2007/2013. A negociação vai ser longa e decorre até 2006. O resultado final permitirá ao governo, em véspera das eleições legislativas, se forem no prazo previsto, "cantar vitória". A lógica da aplicação dos fundos vai ter de mudar. Ironicamente trata-se da aplicação da chamada "Agenda de Lisboa", do tempo do anterior governo, o tal da "pesada herança". O financiamento comunitário cresce 212% para as chamadas "prioridades de Lisboa", ou seja, "Competitividade para o crescimento e emprego" abarcando: investigação, rede transeuropeia de transportes, educação e diálogo social). Estranhos termos! Desta forma Portugal vai beneficiar da "pesada herança" do anterior governo.

O resultado final das negociações permitirá que Portugal, entre os 15, continue a beneficiar do Fundo de Coesão, ao contrário da Espanha e da Irlanda, e que sejam criadas condições para que diversas regiões europeias, como Lisboa e Vale do Tejo, ainda beneficiem de apoios financeiros através da criação de um novo estatuto, enquanto os 10+2 novos países aderentes receberão metade dos recursos financeiros disponíveis totais.

O que não se compreende é o facto do governo de Portugal subscrever declarações políticas de fidelidade ao PEC, contrariando posições recentes, conjuntamente com dirigentes conservadores dos países do sul (Itália, Espanha e Portugal) +Polónia+Holanda+Estónia, num claro afrontamento ao núcleo duro da EU. Qual a vantagem, em concreto, de hostilizar a França? Trata-se de apoiar Aznar, em plena pré-campanha eleitoral, sendo que a Espanha corre o risco de perder o Fundo de Coesão? Trata-se de fazer a política dos EUA, fragilizando a EU, através da "ameaça" do isolamento da França? Não esqueçamos que a França é um dos pilares centrais da EU e corre o risco de perder muito no quadro comunitário de apoio 2007/2013...assim como os outros países contribuintes líquidos…

A hostilização e o isolamento político da França, ou de qualquer outro país central na EU, só pode reverter contra aqueles que agora jogam esses jogos perigosos ou, se forem longe demais, na criação de um cenário de crise explosiva na EU...e depois?

Sem comentários: