Liberdade - 6
Não me venham com ameaças, medos, vigias, perseguições, listagens de grevistas, bufos, cartas anónimas, silêncios, arrecuas, cartões partidários a dobrar, acusações de excessos na luta pela liberdade e contra o colonialismo. Passaram 30 anos e todos já esqueceram o passado! É o que dizem alguns cronistas encartados do regime. É uma mentira grosseira. Ninguém esqueceu o passado. Todos têm o passado nas suas veias. Um povo é uma sucessão de gerações. Entrelaçadas. O cronista Delgado não tem passado? O governante Portas não tem passado? O Dr. Soares (Mário) não tem passado? O Presidente Sampaio não tem passado? O Presidente Lula não tem passado? O falecido General Kaúlza não tem passado? Todos nós temos passado. Mas alguns têm mais passado do que outros. Os conservadores a sério não brincam com o passado. Assumem o passado. Honram o passado. Todos os cidadãos decentes respeitam a tradição. Cada vez se ouve mais nítido o apelo a que, ao menos, haja decência na vida pública, na comunicação social, no simples exercício da cidadania na vida de todos os dias. Decência! Não é pedir muito! Quem toma posse em funções de Estado é responsável por tudo o que compete. De hoje e de ontem. Tem por obrigação tratar o presente e o passado com decência. O passado é sempre de outros? Não! É de todos. Quer gostemos ou não gostemos é nosso! A liberdade é um dado adquirido? Não! A liberdade é uma conquista quotidiana. A vantagem da liberdade é que nela cabem os indecentes e os inimigos da liberdade. Como dizia Camus: "A liberdade é poder defender o que não penso, mesmo num regime ou num mundo que aprovo. É poder dar razão ao adversário".
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