Celebra-se hoje o 70º Aniversário do INATEL. Presidi aos destinos desta prestigiada organização 7 anos. Devo ser, pois, o cidadão português, vivo, que durante mais tempo exerceu aquelas funções.
Tomei conhecimento que o Senhor Presidente da República , neste 10 de Junho (Dia de Portugal) atribuiu ao INATEL uma condecoração pelos méritos no desempenho das missões que o Estado lhe tem conferido, desde 1935, primeiro com a designação de FNAT e posteriormente ao advento da liberdade e democracia como INATEL.
Não tenho duvidas acerca do merecimento desta distinção. A este propósito poder-se-á afirmar que nunca é tarde demais, mas sempre prefiro tomar, para meu descanso de alma, o sábio ensinamento que Camões nos deixou nos seus límpidos versos:
Porque essas honras vãas, esse ouro puro
Verdadeiro valor não dão à gente,
Melhor é merecê-los, sem os ter
Que possuí-los sem os merecer....
No que respeita à minha contribuição (e de todos os que me acompanharam) para os méritos da acção do INATEL acompanho Tomaz Kim quando sintetiza o conceito de Tradição: “é um conceito dinâmico que envolve um lúcido sentido histórico aliado à força criadora dos que a perpetuam, rejuvenescendo-a, por se saberem integrados num património universal e vivo”.
Assim soubessem todos os governantes que, no passado recente, assumiram a tutela política do INATEL ser fiéis e honestos guardiões deste conceito dinâmico da Tradição honrando a memória dos mortos e defendendo a honra dos vivos.
1 comentário:
Tal como Eduardo Graça manifestou também eu apreciei a condecoração atribuída à instituição FNAT/INATEL por Sua Excelência o Senhor Presidente da República, no passado dia 10 de Junho.
De acordo com o diploma legal que enquadra toda a orientação do instituto consagrada nos seus estatutos o INATEL "...Tem por fim proporcionar aos trabalhadores do activo e reformados a satisfação de interesses relacionados com o seu bem-estar, contribuindo para uma melhor ocupação dos respectivos tempos livres.". O INATEL, em abstrato, é uma instituição, no concreto um instituto gerido por pessoas. A actual direcção, nomeada po Bagão Félix, não cumpre os objectivos para os quais foi mandatada e comparo-a a uma gaiola de vidro tal como Jorge de Sena, refere num dos seus poemas:
Gaiola de vidro
Como paredes através das quais
o mundo vemos pelo ser dos outros,
quem vamos conhecendo nos rodeia,
multiplicando as faces da gaiola
de que se tece em volta a nossa vida.
No espaço dentro (mas que não depende
do número de faces ou distância entre elas)
nós somos quem nós somos: só distintos
de cada um dos outros, para quem
apenas somos uma face em muitas,
pelo que em nós se torna, além do espaço uma visão de espelhos transparentes.
Mas o que nos distingue não existe.
Jorge de Sena
in Visão Perpétua
Agosto 1967
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