Clicar no cartaz para aumentar
Cartaz do MES – Lisboa, Ano: 1975, Arquivo: BN
Uma imagem mais impressiva da deriva leninista do MES, breve mas pungente, como antes a defini, e que atingiu o auge nas vésperas do 25 do Novembro.
Não sei o que levou a que se tivessem produzido dois cartazes para um mesmo evento. O primeiro mantém uma contida sobriedade em torno da exploração das virtualidades gráficas do símbolo e este dá livre curso ao imaginário da esquerda revolucionária associado, à época, ao chamado “movimento popular de massas”.
Ambos bastante depurados, no que respeita ao design, estes cartazes reflectem, se bem me lembro, a influência do MIR chileno após o golpe militar que, em 11 de Setembro de 1973, derrubou Salvador Allende acontecimento que exerceu um forte impacto político e emocional em todos os sectores da esquerda.
Sou dos que pensam que as imagens e os factos não se podem apagar a não ser quando os protagonistas se querem fazer passar por outrem, que não eles próprios, rasurando a sua biografia em benefício das glórias do presente. Há muitos casos desses, como comprovam alguns acontecimentos recentes.
Por mim defendo, com respeito pela intimidade e o bom senso, chamar o passado ao presente, assumir os riscos de uma reflexão, individual ou colectiva, mesmo que despertando fantasmas que, ao contrário do que muitos possam pensar, não estão enterrados. Tenho mesmo como certo que ainda hoje, na política, e não só, se continuam a perpetrar vinganças póstumas tomando como referência antigas paixões e fidelidades.
O que nos pode salvar de todas as tentações é a defesa da Liberdade palavra que escolhi para titular, em 2004, um post, publicado no dia do meu aniversário, último de uma série que dediquei ao MES. (E ao 25 de Abril, ouviram falar?)
1 comentário:
Viva.
Do belo artigo do EG - Cartaz do MES – Lisboa, Ano: 1975, retiro a frase:- “Sou dos
que pensam que as imagens e os factos não se podem apagar....”. Eu também penso o mesmo. O MES, partido no cartaz, existiu, desempenhou o seu papel próximo do operariado (do cartaz depreende-se isso...) e extinguiu-se. Mas fez o seu trabalho... bom ou mau. A sua existência na vida política portuguesa é um facto que não podemos ignorar. Lutou como os outros pelo objectivo de conseguir uma vida melhor para todos. Sobretudo mais justiça social.É esta imagem de solidariedade que não devemos apagar porque foi a tónica dominante da altura. E os factos, expressos nos Comícios, como este do dia 31 Outubro / 75 às 21... também não se podem apagar. Bom... e desse trabalho árduo desses tempos o que é que ficou?...
A resposta pode ser dada através deste extracto retirado da imprensa de hoje, acerca das demolições na Azinhaga dos Besouros. É assim:- “ As duas dirigentes da associação Solidariedade Imigrante detidas esta manhã enquanto protestavam contra demolições de barracas na Azinhaga dos Besouros foram libertadas após permanecerem uma hora na esquadra da PSP da Brandoa, Amadora, escreve a Agência Lusa.
Rita Silva, uma das dirigentes detidas, acusou a PSP de recorrer a gás e a uma «força excessiva» para retirar os manifestantes do telhado de uma habitação.
Fonte da PSP no local rejeitou, em declarações à Lusa, a utilização de gás contra os manifestantes, acrescentando que as dirigentes foram conduzidas à esquadra para identificação.
As demolições na Azinhaga dos Besouros iniciaram-se cerca das 11:20 com a demolição de quatro habitações por uma escavadora de uma empresa contratada pela autarquia da Amadora. Fonte da PSP disse à Lusa que a Polícia aguarda ordens para a continuação das demolições durante a tarde.
Mas... isto agora é mesmo assim???...
JS
Enviar um comentário