quarta-feira, novembro 22

O "CAFÉ ATLÂNTICO"

Posted by Picasa Fotografia de “A Defesa de Faro”

Habitei o espaço do Café Atlântico vezes sem conta, tardes, noites, dias, sabendo mesmo os meus pais que lá me poderiam encontrar. Situa-se a meio caminho entre a "sociedade" onde lia os jornais todos – os da direita (a maioria) e os da esquerda – e a sala de bilhares do Café Aliança. A "Brasileira" era uma preciosidade que saboreava, de passagem, pela água fresca, os gelados, as caras e talvez a arte exposta, o "Atlântico" um lugar de estadias alargadas, de jogos de mesa, estudo (pouco) e conversas. Uma noite, já para o tarde, sentado a uma mesa com um amigo – não sei já qual – tremeu a terra de forte abalo. Todo o mundo correu para alcançar a rua. Lembro-me, como se fosse hoje, como nos mantivemos impassíveis na espera, sentados, como se nada acontecesse. Passado o pior, o "Atlântico" deserto, saímos e fomos à nossa vida. Os cafés da nossa cidade ostentavam títulos sugestivos: "Brasileira", "Atlântico", "Brasília", "Aliança"... Como se constituíssem uma rede organizada de espaços vivos criada à dimensão exacta das nossas necessidades de vivência em comum.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Café Atlântico situava-se na zona nobre da cidade. Era um espaço amplo e asseado onde conviviam todas as classes sociais. Era um espaço acolhedor e agradável e frequentei-o bastante. Conheci lá o meu amigo João Botelheiro, ilustre jurista da cidade. Reuni-me lá com muita rapaziada interessante e gostava de ter notícias do José Maria Oliveira, grande artista plástico desse tempo. Para quando um almoço aí para recordar?...

JBS/porto