José Saramago
No fim-de-semana passado consegui ler o último livro de Saramago. É um livro pequeno e só isso explica que, pela primeira vez, tenha lido, de cabo a rabo, um livro dele. Tenho outro a meio – “A Caverna” – que ainda vou a tempo de concluir.
Desisto sempre a meio da leitura dos livros do Saramago porque, a certo trecho, fico perdido no meio das palavras e afundo-me em desprazer. É o que se costuma dizer na linguagem vulgar “uma chatice”. O problema deve ser meu. Desta vez, como já disse, talvez pelo livrinho ser pequeno e porque tenho um fraco por autobiografias, e afins, quebrei o enguiço.
Valeu a pena. Apesar da trama oscilar entre o registo da autobiografia e o da novela, saltando de um lado para o outro da fronteira entre os dois géneros e, de vez em quando, se desequilibrar, não sendo eu crítico literário, deu para sentir com muita clareza o ambiente social onde enraíza a personalidade de Saramago e as origens da sua formação humana e literária.
Um belo retrato do nosso Portugal na transição da mais pura e pobre ruralidade para o coração da urbe na qual se amontoavam (e amontoam) os remediados que, na grande maioria, em boa verdade, nunca deixámos de ser.
Não sou daqueles que confunde o talento dos artistas com a sua ideologia ou fervor partidário pois se assim fosse não poderia usufruir das obras de alguns grandes que professaram (ou professam) ideias opostas às minhas. Por essa simples razão sou capaz de apreciar todas as obras, sem preconceitos ideológicos ou políticos, desde que as mesmas me dêem prazer e com elas possa construir a minha própria realidade imaginada.
Pois, essa é que é a verdade, senti-me muito feliz por este feito inédito da minha carreira de leitor ainda por cima tendo, no intervalo, almoçado na mesa ao lado do António Lobo Antunes, do qual me apeteceu, por maldade, aproximar para lhe dizer, baixinho, ao ouvido: “Sabe o que é que estou a ler? “As Pequenas Memórias” do Saramago!”
No fim-de-semana passado consegui ler o último livro de Saramago. É um livro pequeno e só isso explica que, pela primeira vez, tenha lido, de cabo a rabo, um livro dele. Tenho outro a meio – “A Caverna” – que ainda vou a tempo de concluir.
Desisto sempre a meio da leitura dos livros do Saramago porque, a certo trecho, fico perdido no meio das palavras e afundo-me em desprazer. É o que se costuma dizer na linguagem vulgar “uma chatice”. O problema deve ser meu. Desta vez, como já disse, talvez pelo livrinho ser pequeno e porque tenho um fraco por autobiografias, e afins, quebrei o enguiço.
Valeu a pena. Apesar da trama oscilar entre o registo da autobiografia e o da novela, saltando de um lado para o outro da fronteira entre os dois géneros e, de vez em quando, se desequilibrar, não sendo eu crítico literário, deu para sentir com muita clareza o ambiente social onde enraíza a personalidade de Saramago e as origens da sua formação humana e literária.
Um belo retrato do nosso Portugal na transição da mais pura e pobre ruralidade para o coração da urbe na qual se amontoavam (e amontoam) os remediados que, na grande maioria, em boa verdade, nunca deixámos de ser.
Não sou daqueles que confunde o talento dos artistas com a sua ideologia ou fervor partidário pois se assim fosse não poderia usufruir das obras de alguns grandes que professaram (ou professam) ideias opostas às minhas. Por essa simples razão sou capaz de apreciar todas as obras, sem preconceitos ideológicos ou políticos, desde que as mesmas me dêem prazer e com elas possa construir a minha própria realidade imaginada.
Pois, essa é que é a verdade, senti-me muito feliz por este feito inédito da minha carreira de leitor ainda por cima tendo, no intervalo, almoçado na mesa ao lado do António Lobo Antunes, do qual me apeteceu, por maldade, aproximar para lhe dizer, baixinho, ao ouvido: “Sabe o que é que estou a ler? “As Pequenas Memórias” do Saramago!”
1 comentário:
Que maldade com Lobo Antunes! mas ele também é dado às suas... Mas sabe que não acho A Caverna dos melhores dele, né? E, embora algumas vezes o estilo dele seja um pouco chato, é verdade também que permite criar imagens e frases belas, justamente por ser um tanto tortuoso.
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