domingo, junho 6

Devo estar a ficar louco...

O Primeiro Ministro inaugurou hoje um troço do Metro do Porto. Mais uma obra oriunda da "pesada herança" do anterior governo. As próprias notícias são convincentes: o túnel foi escavado entre 2000 e finais de 2002. A iniciativa do projecto e a parte dura da obra decorreram, em grande parte, no período do Governo socialista. Nada mais natural do que um governo inaugurar obras projectadas e desenvolvidas pelo governo anterior. As mudanças de governo fazem parte da essência de democracia. Pode acontecer que o que um governo inicia outro governo conclua.

Mas no caso das obras inauguradas, recentemente, pelo actual governo é diferente. As inaugurações decorrem em plena campanha eleitoral. Toda a gente já acha normal! Mas que diabo. Tudo é apresentado como obra própria? E, ao mesmo tempo, prossegue a campanha alegre do "descalabro" da gestão do anterior governo? Este é um caso em que o governo, e a maioria que o suporta, atingiram os limites da baixeza na luta política democrática.

Mais demonstrativo da consciência da falta de obra própria é o anúncio realizado, nos últimos dias, de um projecto para a construção de outro túnel. Outro túnel? Sim. Desta vez o metro submarino ligando Lisboa a Almada. Além da Ponte 25 de Abril? Do comboio que já circula na mesma Ponte? Da travessia de barco entre as "duas bandas" do Tejo? Da ponte Vasco da Gama? Das encrencas do "Túnel do Marquêz" e do Estação de Metro doTerreiro do Paço?

É preciso mostrar ideias e iniciativas! Muitas e de preferência túneis! Desta vez a notícia que vi tinha uma curiosidade. Quem fazia o anúncio era o Ministro Óscar Fragoso! Pensei no velho General! O falecido Presidente! Óscar Fragoso! ...Carmona? Através deste lapso curioso recuamos às figuras de 1928 e às imagens do início da ditadura. Devo estar a ficar louco... (já não consegui linkar a notícia).

Na véspera das eleições os túneis nascem como cogumelos. E até o nome do velho General Carmona teve direito a regressar às notícias do dia! Devo estar a ficar louco...ou é a maioria que está a ficar, prematuramente, cansada?

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