segunda-feira, junho 14

Eleições europeias - notas

Ainda antes de saber os resultados definitivos das eleições europeias, ainda em fase final de apuramento, é certa a vitória do Partido Socialista. Nada que não fosse razoável esperar.

A abstenção andará em torno dos 61% - próxima dos níveis das eleições europeias de 1999 e inferior à que ocorreu, nas mesmas eleições, em 1994. O PSD e o PP coligados obterão um resultado de 33,2 - muito inferior ao somatório dos resultados dos dois partidos nas eleições de 1999.

O PS deverá atingir os 44,5%, o seu melhor resultado de sempre. A esquerda, no conjunto, vence folgadamente obtendo cerca de 58,6% dos votos expressos.

O que estes resultados provam e as suas consequências imediatas:

1) os portugueses estão muito descontentes com o governo;

2) as alternativas credíveis carecem de candidatos credíveis (caso de Sousa Franco);

3) o governo vai ser remodelado muito em breve, ou, menos provável, cairá por erosão dos fundamentos do acordo de coligação que o suporta;

4) o PS é a única alternativa credível de governo alternativo;

5) o regime democrático carece de um PS com capacidade para forjar, com autonomia, uma alternativa de governo realista e credível;

6) Ferro Rodrigues é candidato declarado à liderança do PS no próximo congresso do PS;

7) Ferro Rodrigues será, salvo qualquer acontecimento imprevisível, líder do PS para as próximas batalhas eleitorais: regionais, autárquicas, legislativas e presidenciais;

8) o PCP "aguenta" o seu eleitorado e o Bloco de Esquerda tende a crescer;

9) o que determina o sucesso das alternativas políticas não é o efeito de malabarismos de ocasião mas a persistência dos líderes na apresentação de projectos assentes em ideias claras e convicções fortes.


A partir do discurso de vitória desta noite é isso que a esquerda exige a Ferro Rodrigues: ideias claras e convicções fortes. O voto "de castigo" no governo é, ao mesmo tempo, um endosso de responsabilidades ao PS para forjar um projecto de governo alternativo capaz de assumir o poder, o mais tardar, em 2006.

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