Sousa Franco - honra à sua memória
Quarta-feira 9 de Junho de 2004. Sousa Franco faleceu. Em campanha. Fui, desde a primeira hora, um entusiasta da sua candidatura.
Era um extraordinário candidato do PS na disputa das eleições europeias. Franco de nome como o meu pai. Franco de convicções como poucos. Um político de parte inteira. Podia não parecer eficaz pela sua imagem austera. Mas era um político fino. Lúcido e forte nas suas convicções, claro nas suas mensagens.
Era demasiado sério para a política portuguesa. Demasiado exigente para o nosso proverbial desleixo. Os adversários temiam o seu desabrimento. Quiseram pô-lo a falar mal do secretário-geral do PS mas ele saiu, com elevação, em sua defesa.
Quiseram pô-lo a falar mal de si próprio quando, no passado, exerceu as funções de Ministro das Finanças, mas ele defendeu a sua acção atacando, frontalmente, a hipocrisia dos seus adversários.
Sousa Franco disse, nesta campanha eleitoral, aquilo que os portugueses precisavam de ouvir: a actual maioria de governo defende os interesses dos poderosos, contra os interesses da maioria do povo. A actual maioria, afirmou, com uma ponta de ironia, faz o país andar para trás, a caminho do "Estado Novo".
Fizeram-lhe ataques miseráveis aos quais respondeu com firmeza. Combateu no terrreno político quando o quiseram arrastar para a lama do insulto pessoal.
Os portugueses não vão esquecer Sousa Franco. Espero que os seus adversários tenham uma iluminação de decência e não venham dizer que perderam as eleições porque Sousa Franco morreu.
Mal sabia eu que hoje diria de Sousa Franco o que ontem disse de Humberto Delgado: honra à sua memória.
(Também publicado no abébia vadia)
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