quarta-feira, junho 9

A palavra aos leitores

Recebi de E.B. este interessante comentário ao meu artigo hoje publicado no "Semanário Económico" e cuja primeira parte consta do post anterior.

"Realmente não sabia o que se passava neste domínio. É um artigo de grande utilidade informativa.

A título de piada acrescento que o ensino técnico, entre outras situações, foi grandemente responsável pelos complexos adquiridos pelo nosso ex-primeiro ministro e saudoso professor Doutor Cavaco Silva. Imagino que, ele, terá prometido a si próprio, com a cabeça enfiada nas grades da Escola Industrial e Comercial de Faro, do lado de dentro e vendo passar os “meninos” para o liceu, que um dia esses meninos iriam pagar caro a humilhação que lhe infligiam. Ajoelhar-se-iam a seus pés, implorando-lhe clemência, reclamando não ter culpa alguma do que acontecera. A isso ele responderia: mas assistiram a tudo, por isso têm que sofrer e reparar. É que embora como meros figurantes, constituíram todo o cenário da sua humilhação. Sendo agora humilhados, em parte contribuíam para que se fizesse justiça.

Na cadeira de Finanças 1, no ISCEF, já de certo modo cumpriu a sua “promessa”. Sentado, como 2º assistente, num pedestal, examinou os “meninos” que o humilharam. Eles entravam pela porta baixa, tolhidos pelo medo e sentavam-se no nível zero da sala, como que num banco de réus. Dava-lhes numa mesa um exemplar do Orçamento Geral do Estado. Três níveis acima, sobre o estrado, estava o antigo moço da Escola, agora recuperado na sua dignidade, desta vez como julgador. Dominando todos, quer examinandos, quer os assistentes seus ajudantes, quer o próprio catedrático, dirigia nervosas e curtas perguntas ao supostamente “menino” do Liceu, com solenidade e crispação. Sem paciência para esperar pelas respostas, conta-se que terá, uma vez, acabado o exame nos primeiros minutos, inferindo ignorância inultrapassável ao examinando por este ter aberto o gordo livro nas primeiras páginas. Realmente a Cordoaria como serviço autónomo estava nas últimas páginas do OGE.

Mas era generoso por vezes. Permitiu, por exemplo, ao professor titular da cadeira, dar 2 aulas por ano ( a primeira e a última), depois deste concordar que as matérias dessas 2 aulas não vinham para exame."



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