Foi no liceu a primeira vez que pisei o palco. Impulsionado pelo meu único irmão, Dimas, entrei nas aventuras da arte de representar. E assim fiz durante um par de anos. Ir-me-ia fazer bem. Tenho aqui ao meu lado um volume das “Obras Completas de Gil Vicente”, da “Colecção de Clássicos Sá da Costa”. Um livro antigo e muito bonito. Nele leio o primeiro texto com que me defrontei nos preparos da arte de representar.
Diz assim:
“Vem Apariço e Ordonho, moços de esporas, a buscar farelos, e diz logo:
Apa. Quem tem farelos?
Ord. Quien tiene farelos?
Apa. Ordonho, Ordonho, espera mi.
Ó fideputa ruim!
Sapatos tens amarelos,
Já não falas a ninguém.
(…)”
É a farsa “Quem tem farelos?” composta, por Gil Vicente, nos fins de 1508, princípios de 1509.
Ninguém se espante mas em Portugal não existe qualquer companhia teatral dedicada a estudar, divulgar e representar o teatro de Gil Vicente.
Obrigado irmão.
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