quinta-feira, junho 22

ORDENS E ORÁCULO

Posted by Picasa Fotografia de Angèle

Disse a ave esconjurada:
Vai tu aos confins da Lunda
Não metas pedras na funda
Nem carregues a lingada
Vê a bela desterrada
Incendeia a cidadela
Não olhes p´ra ele nem ela
Depois da praça esturrada.

Foge que o mal não é teu
O que fizeste te escapa
Põe-no debaixo da lapa
O que lá vai já ardeu.
Tens para ti o futuro
Deixa-os lá que eles não acabam
Quando as paredes desabam
Fique apenas o teu muro.

O que a ave disse fiz.
Só não disse o que não quis.

13.12.56

José Blanc de Portugal
In “ENÉADAS – 9 Novenas”
Imprensa Nacional – Casa da Moeda

3 comentários:

Anónimo disse...

Porto, 2006.06.22
Caro Eduardo Graça.
Boas. Não há nada que se sobreponha a uma bela poesia e a uma bela fotografia, sugestiva, se puder ser. A vida é derrota; a poesia é vitória. E amanhã milhares de timorenses afluem a Díli para participar numa manifestação de apoio ao presidente Xanana Gusmão... e o bem vencerá.
Aceita um abraço do João Sousa

Carminda Pinho disse...

Passar por aqui é sempre um prazer.
Belas fotografias, belas poesias, um final de dia sempre bonito, aqui no Absorto e a culpa é sua E.G., pelas suas escolhas.
Obrigado

Aldina Duarte disse...

Que bela fotografia e poema, não conhecia nenhum dos autores das obras publicadas... obrigada p'la oportunidade de descoberta!

Os últimos dois versos são dos finais mais desarmantes como quase só a Natureza e os poetas são capazes!