Deixar uma marca no nosso tempo como se tudo se tivesse passado, sem nada de permeio, a não ser os outros e o que se fez e se não fez no encontro com eles,
nada dever ao esquecimento que esvazia o sentido do perdão olhando o mundo e tomando a medida exacta da nossa pequenez,
atravessar a solidão, esse luxo dos ricos, como dizia Camus, usufruindo da luz que os nossos amantes derramam em nós porque por amor nos iluminam,
observar atentos o direito e o avesso, a luz e a sombra, a dor e a perda, a charrua e a levada de água pura, crer no destino e acreditar no futuro do homem,
louvar a Deus as mãos que nos pegam, e nunca deixam de nos pegar, mesmo depois de sucumbirem injustamente à desdita da sorte ou à lei da vida,
guardar o sangue frio perante o disparar da veia jugular ou da espingarda apontada à fronte do combatente irregular,
incensar o gesto ameno e contemporizador que se busca e surge isento no labirinto da carnificina populista,
ousar a abjecção da tirania, admirar a grandeza da abdicação e desejar a amizade das mulheres,
admirar a vista do mar azul frente à terra atapetada de flores de amendoeira em silêncio e paz.
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Passam hoje três anos desde o dia em que criei o Absorto. Com o passar do tempo, e 2.574 posts depois, uma simples experiência transformou-se num exercício quotidiano de comunicação. Amador tanto quanto se pode fazer algo por puro amor, retemperador tanto quanto nos pudemos expressar por puro prazer, o Absorto vai continuar.
5 comentários:
Parabéns Eduardo. E que continues por muitos. Excelentes os teus últimos posts sobre o teu irmão Dimas.
Um abraço
Parabéns, Eduardo!
O Absorto tornou-se imprescindível e por isso desejo a quem o criou a genica necessária para o manter com a "sagesse" e o humor (o verdadeiro) que têm sido seu timbre. Continuarei fiel leitora.
Um abraço
Parabéns! Jantaste em nossa casa no dia em que criaste o blog. Tiveste dificuldade em explicar aos presentes para que servia um blog e para que querias o blog...ou eles tiveram dificuldade em entender e manifestaram até algum cepticismo. Alguns(!) levaram mesmo algum tempo a entender.
Parabéns pela persistência, pela qualidade, pela criatividade, pela análises políticas, mesmo às vezes (raramente) discordando delas...enfim, continua
Abraço
MM
Um grande abraço agradecido pelo espaço de partilha que este Absorto nos dá.
Parabéns ao Absorto e evidentemente ao seu autor.
É um dos meus preferidos, aprendo sempre alguma coisa cada vez que por aqui passo.
Abraço
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