quinta-feira, dezembro 14

O MEU AVÔ DIMAS

Posted by Picasa Fotografia de Família

Conheci os meus avós de forma diferente. Os paternos de memórias. Eram mais velhos e eu, filho tardio, cheguei tarde demais para os conhecer de perto. Compenso-me dessa ausência mantendo perto de mim uma fotografia do meu avô Dimas Eduardo Graça (Dimas é o nome de meu pai e de meu irmão mais velho, Eduardo é o meu).

Tirada em Santos, no Brasil, para onde emigrou no tempo em que os portugueses partiam em busca de uma vida melhor, a foto é majestosa pela qualidade, em si mesma, e pela figura que retrata.

Um dia de visita a S.Paulo quis visitar a rua na qual, em Santos, o meu avô Dimas tinha trabalhado numa fábrica de malas, baús, malões, ao que suponho propriedade de seu irmão.

No SESC de S. Paulo falei alto acerca da minha vontade de visitar a rua e, se possível, a fábrica ou os resquícios que dela tivessem sobrevivido. E eis que uma das presentes me diz ter vivido numa vivenda mesmo em frente da fábrica que eu procurava. E lembrar-se, em criança, das pessoas que nela trabalhavam.

No outro dia lá fui. Em plena zona industrial a rua estava tal e qual com o mesmo nome. E o número da porta também não tinha mudado. Era um armazém de fronte do qual pude observar a vivenda que me tinha sido referida.

Por ser domingo não pude entrar mas era aquele o espaço, agora ao serviço da empresa de celulares que a PT explora na região de S. Paulo, onde o meu avô tinha trabalhado boa parte da sua vida.

Regressei com o sentimento de ter cumprido uma das íntimas missão que, desde há muito, me tinha imposto a mim próprio.

[Ressonância de 14 de Dezembro de 2004 desta vez ilustrada com a fotografia do meu avô Dimas.]

2 comentários:

Anónimo disse...

EVOCAÇÃO FAMILIAR...

Podia ser o título do livro que deverias escrever, pois reconheço-te muita vocação para a escrita.

O que mais me espanta na rapaziada desse tempo, é o cuidado que mostram na sua apresentação.

Estou convencido que ainda hoje há pessoas que não sabem que os sapatos é que ajudam o fato a brilhar,como dizia o Constantino da sapataria em Faro. A malta desse tempo parece que sabia isso, a avaliar pelo brilhantismo da foto.

Tb tenho uma foto do meu pai de 1930 prá í, todo jeitoso.

Gostei de ler o texto e ver a foto.Sensibilizou-me...

Um abraço do
JBS/Porto

Anónimo disse...

Esta "Evocação" comoveu-me. Porque também o meu avô materno viveu grande parte da sua vida no Brasil, e há muitas coisas dele que eu gostaria de saber mais. Porque tenho uma imensa pena de não ter conhecido nenhum dos meus avós, por ter sido filha tardia também.Do meu avô paterno sei bastante e apesar de nunca o ter conhecido pessoalmente tenho um enorme orgulho em ser sua descendente e por estranho que pareça muitas vezes penso se o avô Francisco me conhecesse se também teria orgulho nesta neta.